Quando se fala em Pitau a primeira imagem que vem à cabeça são livros e material escolar. A empresa, que até iniciou actividade num sector bem distinto, celebra 40 anos de existência e tem resistido às consecutivas mudanças no sector.
Foi em 1975 que os irmãos João Serrenho, Luís Serrenho e Conceição Couvaneiro fundaram a Pitau, para criarem o próprio emprego. A loja, situada na Rua Sebastião de Lima, ainda hoje acolhe a loja 1 da Pitau, mas na altura os produtos que vendia eram bem diferentes: charcutaria, pão e frango.
A origem do nome Pitau deriva precisamente deste último produto. João Luís, filho de Conceição, chamava ‘pitaus’ aos pintos e o nome ficou.
A mudança de ramo foi ditada pela oportunidade. A empresa adquiriu em 1988 um segundo espaço comercial, junto à escola Secundária Raul Proença, na Rua Dom João II. “A proximidade com a escola levou-nos a apostar numa papelaria”, recorda o empresário. Nessa altura já João Serrenho estava sozinho na empresa, que hoje tem o nome de João Serrenho, Unipessoal Lda.
Durante um ano manteve os dois negócios, mas depois optou pela especialização e a escolha do sector até foi fácil. “A papelaria era um nicho que tinha carência no mercado das Caldas e nessa altura começaram a surgir as grandes superfícies comerciais na cidade”, explica o empresário. E assim, em 1989, também a loja da Rua Sebastião de Lima foi convertida
em papelaria. Ainda chegou a haver uma terceira Pitau, em Óbidos, mas apenas durante dois anos, entre 1989 e 1991.
Clientes em terceira geração
Ao longo destes anos a Pitau tornou-se uma referência, sobretudo na altura de encomendar os livros escolares e o restante material. Hoje em dia, com quase 30 anos de dedicação a este segmento, entre os clientes já se contam netos das primeiras gerações que compraram os seus manuais na Pitau. “Faz-nos sentir que as pessoas acreditam no que fazemos”, observa João Serrenho.
O segredo, revela, é a atenção ao cliente, que faz com que muita gente ainda opte pela livraria aos descontos dos supermercados e das lojas online.
A diferença começa logo por haver um contacto pessoal e especializado. “Apercebemo-nos das necessidades de cada cliente, sabemos o que é dispensável e temos mais agilidade na resolução de problemas que possam surgir”, realça.
A equipa da Pitau tem apenas quatro elementos fixos para as duas papelarias, mas o empresário realça que todos têm muitos anos de experiência no ramo, o que permite esse conhecimento e capacidade de resposta.
A essa equipa juntam-se todos os elementos da família nas alturas de maior azáfama. “E tenho a sorte de sermos uma família numerosa”, graceja.
Outra vantagem para quem compra os livros na Pitau é que a empresa não pede caução no acto de encomenda, coisa rara no contexto nacional.
Inovação contra as dificuldades
Mesmo assim, a aquisição dos manuais escolares ainda significa uma despesa muito avultada para a maioria das famílias e por isso há muito quem opte pelas melhores condições de preço nos livros apresentadas pela concorrência. Essa é uma das razões para que o volume de negócios – que o empresário não quis revelar – ter estado em queda desde 2010. Tendência que se tem invertido na primeira metade de 2015.
Mas a concorrência não é a única dificuldade. Os bancos escolares de manuais usados, que João Serrenho considera “uma boa medida” enquanto cidadão, afectam o negócio. Assim como a obrigação das escolas, outrora dos principais clientes, em adquirir o material escolar nas centrais de compras. “Sobram migalhas”, nota o empresário.
E até a concentração das editoras dos manuais acaba por prejudicar quem revende.
“O mercado do livro mudou muito”, observa João Serrenho, que ainda se lembra de ter que pernoitar à porta das editoras para ter os manuais escolares para os clientes.
Contudo, a concentração em dois grandes grupos de editores – Leya e Porto Editora – tem as suas vantagens, mas por outro lado “não ajuda nada, porque esses grupos ditam as leis do mercado”.
A forma de combater todas as adversidades é inovar, introduzindo elementos diferenciadores. Os descontos directos nos livros são combatidos com ofertas de vales de descontos no material de apoio escolar válidos durante todo o ano.
A empresa especializou-se no comércio das mochilas, no qual se orgulha de ter “uma diversidade que nem nos grandes espaços se encontra, e durante todo o ano, não só no regresso às aulas”, sublinha João Serrenho.
A diversidade é trabalhada durante todo o ano, com visitas a feiras internacionais do sector, mas também com trabalho de casa, acompanhando o que está na moda nas séries de televisão nos vários escalões etários. Ainda nas mochilas a aposta é na qualidade a preços baixos, o que consegue reduzindo nas margens de lucro.
A Pitau variou também a oferta, lançando-se no segmento das artes decorativas. Neste segmento a empresa não só comercializa os materiais necessários, como lecciona workshops. Esta vertente do negócio tem sido uma agradável surpresa “e já tem uma representação significativa no volume de vendas”, refere o empresário.