Setor ganha ânimo com o regresso da captura da sardinha. Regras foram definidas pela Secretaria de Estado das Pescas
Após sete longos meses de interdição, a pesca da sardinha foi retomada na semana passada, dando uma nova esperança aos pescadores para o que resta deste ano. Apesar de a quota ser limitada a 10 mil toneladas de captura até ao final do mês de julho, o Governo admite encetar uma nova avaliação no que toca a esta imposição e os pescadores mostram-se satisfeitos pelo regresso à faina de uma das espécies mais apreciadas pelos portugueses, sobretudo nos meses de verão, quando a sardinha é fresca.
À semelhança de anos anteriores, e para evitar a escassez do recurso, o Gabinete da Secretária de Estado das Pescas divulgou, a 6 de maio, as normas que regulam a captura deste pescado.
No conjunto de regras, o Governo obriga a que se estabeleça “limites de descarga por embarcação, bem como limites de descarga de exemplares de determinadas categorias de calibragem”, bem como os períodos em que é proibido sair para o mar para pescar sardinha. Entre as capitanias da Nazaré a Lisboa essa interdição ocorre entre as 12h00 de sábado e as 12h00 de segunda-feira.
Nuno Almeida, pescador da traineira Afrodite, de Peniche, afirma que “a duração da interdição para pescar sardinha é injusta para os pescadores”, garantindo que os homens do mar são os principais interessados em garantir que os bancos de pesca sejam garantidos por muitos anos.
“O nosso objetivo é preservar o recurso natural, por isso é importante, por exemplo, respeitar o período da desova, no entanto, sete meses é uma duração excessiva”, afiança o pescador.
De resto, no que toca a estatísticas, a biomassa do stock de sardinha tem vindo a aumentar ano após ano, atingindo um aumento na casa dos 66% em 2020, quando comparado com 2019, segundo dados fornecidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
António Figueiredo, pescador na Rio Minho, também de Peniche, afirma “que quem anda ao mar nota que nos últimos anos os recursos tem vindo a aumentar, o que poderá resultar no aumento progressivo das quotas impostas”, abrindo, desse modo, novas perspetivas de negócio.
Homens do mar discordam do longo período de defesa da sardinha
Não é segredo para ninguém que a sardinha é rainha nas festividades populares e, mesmo com a pandemia, os pescadores concordam que a procura pela sardinha não diminuiu.
“Apesar de o ano passado ter sido negativo, por causa da pandemia e de os eventos terem sido cancelados, este ano, com a chegada do verão e o fim da quarentena, as pessoas vão procurar bastante pela sardinha, sobretudo se ela for de qualidade”, considera Nuno Almeida.
O pescador explica que “a captura da sardinha é feita através de uma rede de cerco, como se fosse um círculo”: “o pescado entra dentro da rede e com um ferro preso nas argolas da rede fecha e fica como se fosse um saco.”
Até 31 de julho, embarcações beneficiam de uma quota de 10 mil toneladas
A venda da sardinha, que tem de ser feita em lota, segundo as normas estipulados pelo Governo, é feita em cabazes com cerca de 22,5 quilos, vendidos, em média, a 20 euros por cabaz. Com a retoma da pesca da sardinha, os pescadores estão confiantes de que esta campanha será positiva, não só pela abundância do recurso da espécie, como pelo mais que provável aumento das quotas estipuladas pelo Governo e pela UE. ■