Schaeffler quer investir 20 milhões nas Caldas

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Gazeta das Caldas
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IMG_4829 copyA Schaeffler Portugal tem planos para investir mais de 20 milhões de euros nos próximos cinco anos na fábrica das Caldas da Rainha e criar mais de 100 novos postos de trabalho. Para o projecto avançar, a empresa está dependente da declaração de interesse público municipal (que vai ser votada na próxima terça-feira, 22 de Dezembro, na Assembleia Municipal), para poder aumentar a área edificável do terreno onde a fábrica está implantada.

Actualmente o terreno de 72.000 m2 da empresa no Lavradio tem a área edificável esgotada e não permite a ampliação da área de produção. A área que a Schaeffler Portugal pretende que passe a edificável está destinada no PDM para equipamentos, o que inclui parques de estacionamento, áreas desportivas e área verde de enquadramento.
Mário Cunha, administrador da Schaeffler, disse à Gazeta das Caldas que a nova unidade de produção vai ser dedicada ao fabrico dos anéis dos rolamentos, que são actualmente importados da China. “O objectivo é reduzir a nossa dependência na aquisição de matéria-prima”, que representa hoje entre 40 a 50% da despesa da empresa, revela Mário Cunha.
Esta é uma questão muito importante, tanto mais que, segundo explica o administrador, comprar na China tem hoje vários problemas. A desvalorização do euro face ao dólar fez com que, só no último ano, esta matéria-prima ficasse mais cara em 20%. Por outro lado, fabricar os anéis permite também diminuir a logística e os tempos de espera entre a encomenda e o consumo (que é de cerca de sete semanas).
“O desafio é continuarmos a ser atractivos na Europa, mantendo o nível de produtividade, o que se vai traduzir no custo do nosso produto”, realça Mário Cunha.
A aprovação do interesse municipal será estruturante para o futuro, porque, “basicamente, uma empresa estagnada tem os dias contados, ficaríamos com a longevidade a médio prazo comprometida”, adverte o administrador da Schaeffler. Para além do risco de perder o controlo sobre os custos de produção, os potenciais negócios que a empresa tem em mão podem também fugir para outras unidades, como na China.
A expectativa é, por isso, “enorme” na administração da Schaeffler em relação ao desfecho desta primeira fase do processo, mas Mário Cunha considera “muito importante” que após a possível aprovação seja feita toda a gestão integrada em conjunto com o município. “Isso traria uma série de vantagens em termos de agilização burocrática e de todos os meios necessários para a implementação do projecto”, acrescenta.
Mário Cunha adianta que os trabalhos de ampliação poderão começar dentro de dois ou três anos, mas as alterações começam já em 2016 “com mudanças numa área existente”. Porém, com os projectos de clientes que a empresa tem em mãos, “e se conseguirmos manter a resposta pronta e a competitividade que temos”, o mais tardar em 2019 a empresa vai precisar de uma área de produção muito maior do que a que tem hoje, sublinha o administrador da empresa.
A Schaeffler Portugal faz parte do Grupo Schaeffler, que é detido pelo consócio FAG, LUK e INA, mas apesar de os projectos nos quais assentam a necessidade de ampliação passarem pela casa mãe, o investimento será pago pela empresa portuguesa.
“O Grupo Schaeffler factura mais de 12 mil milhões de euros por ano e a nossa fábrica vai facturar este ano cerca de 53 milhões, somos muito pequeninos e alguma coisa temos que fazer para marcar a nossa posição no grupo”, refere Mário Cunha.

Qualidade de referência a nível mundial

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Este processo de ampliação tem surgido na sequência de um leque de melhorias que têm sido implementadas desde 2014 e que colocaram a Shaeffler Portugal como uma referência nos rolamentos radiais até 62mm.
Em Novembro de 2014 a empresa caldense foi considerada como fábrica líder mundial neste tipo de rolamentos, o que a colocou “na esfera de opinion makers no sector e, assim, estamos entre os primeiros seleccionados para implementar projectos e programas piloto dentro do Grupo Schaeffler”, explica.
O facto de Mário Cunha ter trabalhado na Alemanha antes de ter tomado conta dos destino das fábrica caldense, em 2014, ajudou a criar uma rede directamente com a sede do grupo e a própria empresa caldense tem tentado criar uma dinâmica diferente a nível interno desde então, como a implementação de equipas com uma especialização, com capacidade de comunicação entre elas e com líderes especialistas com poder da decisão, que conduzem a processos mais eficazes.
A Schaeffler Portugal é hoje competitiva a nível mundial “em custos e graus de qualidade, que é um tema muito relevante”, reconhece Mário Cunha, e a autonomia dada aos operadores para parar a linha “quando têm dúvidas ou sabem que alguma coisa está a correr mal” tem ajudado a atingir metas impressionantes.
Entre 2014 e 2015 a empresa reduziu em 50% as reclamações de clientes externos. A sucata reduziu-se em 13% de 2013 para 2014 e em 11% de 2014 para 2015. “Isso é muito importante porque significa que conseguimos tornar o que era sucata há dois anos em produção boa”, observa Mário Cunha.
Dos plano de expansão fazem ainda parte a Academia Schaeffler Portugal, criada em Março deste ano para formar em mecatrónica pessoas com o 12º ano e em situação de desemprego. A própria Schaeffler vai absorver parte dos formandos e outros serão absorvidos por outras empresas que se aliaram ao projecto, entre elas a Promol.
A produção da Schaeffler Portugal é exportada na totalidade, distribuída globalmente através de dois armazéns na Alemanha. Embora uma pequeníssima parte da produção regresse posteriormente a Portugal, os principais mercados são o sul asiático, a Índia, a China, o Brasil, Estados Unidos e Europa. Os rolamentos são utilizados na produção de produtos de commodity (produtos básicos), mas há uma procura crescente do mercado automóvel, que é, precisamente, o que está a levar à alteração dos parâmetros da empresa caldense. “Os requisitos da indústria automóvel são completamente diferentes assim como a forma de lidar com a logística interna”, refere Mário Cunha.

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