Inscrições estão abertas até 28 de fevereiro para empreendedores com ideias de projetos prontos para lançar para o mercado
O ecossistema Startup Oeste apresentou no passado dia 14 de fevereiro, no auditório da Expoeste, o seu primeiro programa de aceleração, que pretende oferecer um ambiente estruturado de apoio a startups e novos negócios, com formação, mentoria, acesso a investidores e vantagens exclusivas para os participantes.
O Programa de Aceleração do Startup Oeste vai decorrer durante quatro meses. Os participantes vão receber formação especializada e acesso a ferramentas para acelerar os seus negócios, estabelecer conexões com o ecossistema empresarial da região e ter oportunidades de captação de investimento. A estrutura do programa inclui oito módulos de formação, com um total de 64 horas, abordando temas como modelo de negócios, gestão financeira, marketing, pricing, inovação digital e pitching para investidores e conta com quadro de formadores especialistas nas diferentes áreas, que incluem Miguel Frasquilho e Luís Mira Amaral, entre outros.
Após a formação, os empreendedores terão a oportunidade de apresentar os seus projetos a investidores e parceiros estratégicos durante os Demo Days, que decorrerem entre 16 e 27 de junho. O vencedor do programa receberá um prémio de 1.000 euros, atribuído pelo Crédito Agrícola. Para além da formação e mentoria, os participantes terão acesso a uma série de vantagens, como a isenção de comissões bancárias durante um ano, através de uma conta empresarial gratuita no Crédito Agrícola, um ano de acesso ao software de faturação Gestwin da SoftPak, espaço de coworking gratuito, consultoria e mentoria especializada, promoção da marca e conexão com investidores e potenciais parceiros.
As inscrições para o Programa de Aceleração decorrem até 28 de fevereiro e podem ser feitas através do site da AIRO. Este é um programa dirigido a empreendedores, empresas e equipas da região Oeste que desejam transformar ideias em negócios reais, sólidos e prontos para o mercado.
“Este programa não é apenas uma formação, é a criação de um ecossistema de suporte que impulsiona a inovação e contribui para o crescimento económico regional, criando pontos entre empreendedores, empresas, investidores e instituições”, realçou Isa Martins, gerente de marketing da AIRO.
A sessão de apresentação contou com a presença de Luís Mira Amaral, empresário e antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social e da Indústria e Energia, que falou sobre empreendedorismo.
Mira Amaral começou por apontar alguns pontos que Portugal tem que melhorar para criar um melhor ambiente para fixar os seus jovens talentos. “Há países que têm uma capacidade de atração dos jovens que nós não temos”, disse, dando como exemplos os Estados Unidos da América, a Alemanha, ou Noruega. O empresário e ex-governante salientou que a retenção de talento é fundamental. “Sem essas pessoas, o país não é competitivo internacionalmente, mesmo que tenha infraestruturas capazes”, apontou, sublinhando depois que o distrito de Leiria “é um grande exemplo” no trabalho realizado na articulação entre a academia e as empresas.
Mira Amaral continuou dizendo que, se antigamente o capital e a energia eram os principais fatores de produção que permitiam a um país diferenciar-se, hoje a informação e conhecimento tomaram esse lugar.
No entanto, a produção de conhecimento não significa competitividade por si só, e esse é um dos caminhos que falta percorrer em Portugal. “Investigação e inovação são coisas diferentes”, observou. Mira Amaral reforçou que as universidades e politécnicos nacionais desenvolveram a sua capacidade de investigação nos últimos anos, com o apoio dos fundos comunitários, “mas falta passar esse conhecimento para as empresas. Se não o fizermos, esse conhecimento não é aproveitado para colocar inovação nas empresas e para desenvolver a economia”, apontou. Nesse aspeto, “não estamos ao nível dos países mais desenvolvidos”, acrescentou.
Este aspeto é particularmente importante num tecido empresarial como o português, constituído em larga maioria por PME’s, que não têm recursos para fazer investigação, mas precisam de inovar, de forma contínua, para se manterem competitivas. “Copiar um produto é fácil, copiar um sistema de inovação não”, sustentou.
Quando da inovação surge um novo negócio, é empreendedorismo. E uma das dificuldades que alguns empreendedores têm é conciliar o desenvolvimento dessa ideia com o desenvolvimento do negócio em torno dela. “Os empreendedores muitas vezes falham em converter-se em CEO”, afirmou, sublinhando que é necessário haver um bom gestor de negócio.
Mira Amaral disse ainda que há dois tipos de empreendedorismo. Um deles é o empreendedorismo de necessidade, quando uma pessoa monta pequeno negócio para sustentar a família. “Os países subdesenvolvidos têm muito este tipo de empreendedorismo, que normalmente surge em condições económicas más”, explicou. “Quando o país evolui, este tipo de empreendedorismo reduz e cresce o empreendedorismo de startups com sofisticação, que é o patamar em que Portugal está”, completou.
A apresentação contou ainda com uma sessão motivacional pelo caldense Joaquim Sobreiro Duarte, que descreveu o empreendedor como o “sonhador”. Um sonhador que “empreende a DOR”, num jogo de palavras no qual formou uma sigla que significa determinação, oportunidade e resiliência.
Sobreiro Duarte defendeu que, para ser um bom empreendedor, é necessário “saber os nossos pontos fortes”, apontando quatro questões fundamentais que é importante saber responder antes de lançar a aventura de um novo negócio: “O que gostas de fazer? O que é que o mundo precisa?, porque às vezes gostamos muito de fazer uma coisa, mas o mercado não precisa dela. Podes ser pago por isso? Tu és bom nisso?”. ■