O mel esteve em destaque no arranque do projeto que pretende valorizar os produtos regionais e evitar os resíduos. A cada quinta-feira é realçado um produto numa ementa confecionada pelos alunos
O primeiro lugar alcançado por alunos da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) no concurso “Eco Chef” do ano passado, deu o mote para o projeto a desenvolver pelos alunos finalistas de cozinha e de serviço de restaurante e bar durante este ano letivo. “Sustentabilidade à mesa” pretende valorizar os produtos regionais, sazonais, trabalhando-os nos módulos de cozinha tradicional portuguesa e cozinha internacional.
Na primeira parte do semestre será feita a ligação com os produtos locais, trabalhando o processo da cozinha e do bar e evitando ao máximo os resíduos, inclusivamente ao nível do menu, que deixa de ser apresentado em papel, podendo ser consultado em formato digital. Numa segunda fase colocarão regiões de Portugal a “combater” com regiões de outros países e caberá aos clientes do restaurante pedagógico votar na ementa que vencerá a batalha gastronómica. Este ano, e tendo em conta as contingências provocadas pela pandemia, o restaurante Ferreira da Silva abrirá às quintas-feiras (por reserva) e com capacidade para 15 lugares, ao invés dos 40 anteriores.
O mel em destaque
O mel foi o primeiro produto em destaque nesta iniciativa, com presença em todos os pratos que foram apresentados durante o almoço de 22 de outubro. À mesa estiveram representantes da empresa Apiagro – Produção Agrícola Biológica (Torres Vedras), criada em 1987, e que produz e comercializa mel, bem como diversos produtos que resultam da sua transformação, como é o caso de geleias, rebuçados, sabonetes, chás e os premiados vinagres de mel com açafrão, com flor de sabugueiro e com poejo. É também desta empresa torreense a recriação da “primeira bebida alcoólica feita pelo Homem”, o hidromel. De acordo com o empresário, e apicultor, Carlos Teixeira, esta bebida – que foi degustada com a sobremesa – chegou à Península Ibérica com os romanos e começou a desaparecer há cerca de dois mil anos, altura em que se começou a impor a vinha.
O restaurante pedagógico abre portas às quintas-feiras, por reserva
Atualmente a empresa possui cerca de 900 colmeias e produz 50 toneladas de mel por ano, que exporta para vários países, como a Suíça e a Alemanha e estão a ultimar um contrato para a Coreia do Sul.
Presentes estiveram também representantes da Cooperativa Terra Chã, criada em Chãos, uma aldeia da Serra dos Candeeiros. Trata-se de um projeto de valorização territorial e de inovação social para combater o despovoamento rural, que possui um restaurante certificado, uma secção de apicultura, um rebanho de cabras, uma componente de turismo da natureza e um centro de artes e ofícios dedicado à tecelagem. De acordo com Júlio Ricardo, elemento da direção da cooperativa, trabalham com cerca de 170 apicultores da região de Lisboa e Vale do Tejo, que possuem à volta de cinco mil colmeias.