Listas de espera – de dezenas de crianças – nas instituições do concelho são motivo de preocupação para as famílias. Creche Feliz agravou problema
Há quem diga que nas Caldas, como noutros pontos do país, para assegurar a creche é preciso inscrever a criança ainda antes de a conceber. Trata-se de um exagero, mas a verdade é que a falta de vagas nas creches no concelho é uma realidade que afeta as famílias. Com o programa Creche Feliz as dificuldades aumentaram.
“O levantamento de lugares de creche disponíveis, feito pela autarquia, revela uma deficiente resposta tendo em conta a realidade demográfica do concelho que, felizmente, tem vindo a registar um aumento no número de pessoas, designadamente de famílias com crianças desta faixa etária”, explicou ao nosso jornal a vereadora Conceição Henriques, notando que este “é um problema geral no concelho, contudo, é nas freguesias urbanas que sobressai mais, pelo número de população residente e pelas questões laborais”.
No concelho existem 11 creches (duas na União das freguesias de Tornada e Salir do Porto, três na União das freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, quatro na União das freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, uma em Santa Catarina e uma nos Vidais). Destas, quatro são de entidades lucrativas e sete de IPSS, sendo que nove têm protocolo no âmbito da Creche Feliz.
“As creches existentes dispõem de 457 vagas, estando, neste momento, todas preenchidas”, esclareceu a autarca, sendo que “não se consegue aferir uma lista de espera real, na medida em que, a mesma criança, por norma, encontra-se inscrita em várias instituições”.
Conceição Henriques realça que “tem existido articulação da parte da autarquia com o Instituto da Segurança Social a informar sobre esta preocupação, assim como com as IPSS, no âmbito do trabalho desenvolvido no contexto Rede Social das Caldas da Rainha, tendo sido discutida a necessidade de criação de mais respostas”.
Neste momento, a autarquia encontra-se com projeto aprovado para a construção de duas novas creches (uma na Ramalhosa com 31 vagas e outra nos Carreiros com 36), o que irá originar mais 67 lugares. Tanto uma como a outra aproveitarão as antigas escolas primárias desativadas.
A mesma responsável frisa que a Câmara “está disponível para avaliar a cedência de outras escolas de 1.º ciclo desativadas para criação desta resposta, sendo, no entanto, necessário avaliar caso-a-caso se os edifícios detêm as necessárias condições para o efeito”.
“Paralelamente, a Autarquia reforçou o apoio à construção de equipamentos sociais, nomeadamente, ao nível da construção de creches financiando as IPSS com 80% sobre o valor não comparticipado, num valor máximo de 400 mil euros”, contou, referindo “a candidatura da Associação Social e Cultural Paradense para alargamento de mais 31 vagas e da Infancoop para mais 22 vagas, situação que a Câmara irá apoiar financeiramente em 80% o valor não financiado” e que as “candidaturas estão já aprovas no âmbito do PRR”.
No caso da Paradense estamos a falar de um investimento de 350 mil euros para ter 31 novas vagas (ficando com 76). No caso da Infancoop o investimento é de 292 mil euros, criando 22 novas vagas (que se juntam às 92 existentes).
“A autarquia tomou uma decisão estratégica quando, no ano de 2024, aumentou o apoio à construção de creches, porque entende que se trata de uma medida estrutural para a atratividade do território, mas também para o aumento da qualidade de vida, da igualdade de tratamento das crianças na primeira infância, e da coesão social no concelho”, afirmou Conceição Henriques.
“Trata-se também de uma medida que fomenta a igualdade de género, permitindo às mães trabalhadoras, muitas vezes a pessoa na família cuja profissão sofre mais impactos quando os filhos são pequenos, algum alívio na conciliação do binómio família-trabalho”, acrescentou, garantindo que “o executivo camarário irá continuar a olhar para esta questão com a atenção que ela requer, com vista a procurar novas medidas que melhorem esta resposta”. ■