Os valores são os princípios que nos guiam, a noção do que é certo ou é errado, de como as coisas deviam ser para nós próprios e para os outros. Os valores formam a nossa identidade e dão um sentido à vida e à relação com o mundo – físico e social, designadamente à busca da sobrevivência, do desenvolvimento pessoal e do prazer, ao que é bom, benéfico, importante, útil, belo, desejável, construtivo, etc. Os valores podem estar ligados a objectivos últimos de existência (ideais) ou a estratégias para os alcançar (instrumentais), ordenando-se segundo uma hierarquia de prioridades que varia de indivíduo para indivíduo.
Na Confraria dos Sortudos, encontram-se aqueles que definem uma escala de valores clara e realista, alinhada com a natureza e o contexto civilizacional em que se vive.
Os interesses, por seu lado, são as opções que nos convêm, as que melhor satisfazem necessidades e proporcionam vantagens e benefícios, tanto a curto como a longo prazo, a nível individual ou colectivo. Ora, nem sempre se verifica plena correspondência entre uns e outros, podendo até apresentar-se contraditórios e conflituosos. De acordo com a ciência psicossocial, as pessoas com sorte empenham-se em alcançar soluções cooperativas e integrativas, em que todas as partes ganham, ao invés de se satisfazerem com resultados distributivos (ou de soma nula), em que a satisfação do interesse próprio prejudica o interesse dos outros. Ou seja, defendem os seus interesses num quadro de valores sólido e estável, o qual funciona como travão a ambições e egoísmos desmedidos.
A vida de um sortudo traduz-se, então, na assunção de valores humanos superiores e de interesses legítimos solidários, mas também na busca constante do equilíbrio entre os interesses e os valores. De facto, os impulsos inatos visando a satisfação de necessidades somáticas e emocionais primárias, colide frequentemente com o referencial de valores do indivíduo, obrigando-o a fazer opções, mais ou menos conscientes, que lhe proporcionem o maior benefício líquido, em termos pessoais e sociais. As pessoas com mais sorte e sucesso na vida, são aquelas que melhor gerem esta relação entre o instinto e a auto-gratificação individual (id), por um lado, e a noção dos ideais e das normas sociais (superego), por outro. Como disse Eisenhower, quem valoriza os privilégios acima dos princípios, rapidamente perde ambos.