Vivemos um tempo em que a sorte é a única realidade admissível para este sofrido país, não havendo espaço para o azar. Pura e simplesmente, esgotou-se a margem para errar, perder, falhar, malbaratar. No entanto, a crise que vivemos deve ser vista como uma oportunidade e não como uma ameaça. Uma oportunidade para corrigir objectivos utópicos, opções fantasiosas e caminhos errados, mesmo que isso implique, transitoriamente, o agravar das dificuldades – quem sofre de coisa grave, ir à faca pode ser a maneira de se salvar. Quem cá anda, como nação, há mais de oito séculos, tendo já penado em mil adversidades, não se assusta facilmente. Nem se deixa condicionar por cânticos de sereias, atitudes esquizofrénicas, ou mesmo condutas sociopatas.
Contudo, nunca a sorte nos saiu tão cara e nos foi tão exigente. Sobreviver a este tempo complexo requer a mobilização de capacidades extraordinárias que, sabe-se bem, existem dentro de nós. Desde logo, obriga-nos a termos uma percepção realista da situação – nada é tão fácil, nem tão difícil, quanto parece! – e das nossas próprias capacidades – utilizamos apenas uma parte das nossas forças físicas, psíquicas e mentais, tanto das actuais como das potenciais. Depois, a sermos previdentes, cautelosos, responsáveis, organizados, metódicos e assertivos, não esperando a perfeição inalcançável, antes buscando o equilíbrio proporcionado pela maturidade e pelo bom senso. Finalmente, levando uma vida saudável e diversificada, praticando exercício físico e descanso apropriado.
Quando o stress da vida sobe, temos de saber gerir o nosso ser interior e a relação com o ambiente que nos rodeia. Interiormente, há que limpar a mente de ideias negativas, substituindo-as por pensamentos positivos: coisas que nos alegrem e nos motivem, experiências realizadoras e bem sucedidas, exercícios de respiração e energização do corpo, conforto e relaxamento adequados. Exteriormente, devemos rodear-nos de pessoas e coisas positivas, que nos transmitam boas influências e emoções: a natureza, o património, os eventos, as pessoas, as conversas, os ambientes e as actividades que estimulem, com maior ou menor intensidade, todos os nossos sentidos, de uma maneira agradável e conforme as preferências de cada um. Precisamos, ainda, de nos impormos desafios e objectivos mobilizadores que estejam ao nosso alcance, com empenho, optimismo e, já agora, um cafezinho estimulante!