“Bazuca” de pólvora seca

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Durante meses, e sobretudo na última campanha eleitoral, ouvimos falar de uma “bazuca” que permitiria criar condições para relançar a economia e dar um novo ânimo aos países mais afetados pela economia. O Governo que negociou o pacote com Bruxelas foi lesto a construir o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e até o autor do texto foi contratado para o cargo de ministro da Economia e do Mar para o novo Governo. Porém, o que se vai assistindo é a uma verdadeira “captura” dos fundos disponíveis para projetos dinamizados pelo Estado, com as autarquias e as empresas, aparentemente, a serem secundarizadas neste processo.
Sabemos que o PRR é um programa de aplicação, com um período de execução até 2026, mas, num país que tem demorado tempo demasiado a procurar uma convergência com os parceiros europeus que nunca mais conhece a luz do dia, custa a perceber como o Estado continua a condicionar a economia e, ao invés de criar condições para a criação de riqueza e uma mais eficaz estruturação do tecido empresarial, prefere centralizar uma “bazuca” que, pelo menos do que se viu até agora, parece de pólvora seca.
No que diz respeito à região, poucos projetos empresariais foram já aprovados no âmbito do PRR e, talvez, um dos mais emblemáticos, o do consórcio da Pera Rocha e da Maçã de Alcobaça, denominado Oeste Fruta 4.0, que previa um investimento de 69 milhões de euros, ficou pelo caminho. O PRR deveria ser o fermento que ajuda a economia a crescer, mas mais parece um mero instrumento de gestão do Governo e para o Governo. Assim, de certeza, não vamos lá. ■