Corrida da Pera Rocha do Oeste com algum sumo

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DSC01245Os produtores de Pera Rocha do Oeste promoveram uma corrida de toiros em Caldas da Rainha, no dia 5 de outubro, usando a empresa do ex cabo dos forcados de Alenquer, vetado pela Associação Nacional de Grupos de Forcados, não podendo usar os grupos associados. O recurso, polémico, apenas aos “seus” forcados é menorizador da afición local. A essência dos forcados passa pela competição entre dois grupos (eventualmente três em concurso de pegas ou festival de beneficência) um grupo sozinho, só deveria atuar na sua terra/zona e em ocasião especial. O empresário poderia ter usado também outro grupo vetado.
Os associados da Pera Rocha e amigos acorreram bem preenchendo menos de ¾ das bancadas, ruidosa e animadamente, aplaudindo o bom, o menos bom e o vulgar.
Toiros Passanha bonitos, com algum trapio, sem muito peso (entre 460 e 530Kg). Colaboraram no geral acorrendo com alegria e codícia, em investidas nobres e suaves, faltando-lhe alguma transmissão nas reuniões. O ganadeiro deu merecida volta e alguns toureiros poderiam tê-los aproveitado melhor.
Alternativa digna de Filipe Ferreira, do Bombarral. Bem a montar e bregar tentou ir de frente, em crescendo. Brilhou sem deslumbrar. Falta-lhe levantar mais o braço e marcar o centro da sorte.
Muito bem esteve Joaquim Bastinhas, padrinho pela 23ª vez. Mexeu nos toiros com conhecimento e colocou ferros meritórios. Terminou com o habitual par de bandarilhas pelo corredor e o desmontar na arena.
Marco José triunfou forte na sua terra. Calmo, a respirar confiança, deu igual relevo a curtos e compridos, deslumbrou no “Girassol” com ferros de frente, alto a baixo e terminou com um valoroso violino.
Sónia Matias teve um toiro menos bom, mas andou demasiado precipitada e rápida. Segurou, por vezes as rédeas a duas mãos. Colocou só um bom cumprido e quatro curtos irregulares, bom o terceiro.
Pedro Salvador triunfou popularmente. O que de melhor fez foi na parte menos triunfal, três bons cumpridos e um curto de frente. Mudou de cavalo e deu espetáculo num toureio cambiado com batidas pronunciadas e reuniões menos cingidas, preferiria que continuasse como começou.
Gilberto Filipe mostrou alguma irregularidade entre bons momentos de toureio e outros menos conseguidos. Salientam-se o primeiro cumprido e o primeiro e terceiro curtos.
O amador Francisco Parreira surpreendeu. Montou bem, segurou as rédeas e o ferro com uma só mão, com a outra, graciosamente, segurou o chapéu. Sobressaíram quatro curtos meritórios de frente, levantando bem o braço em reuniões ajustadas e uma brega apropriada a um novilho de qualidade.
O Grupo de Forcados Amadores de Alenquer esteve bem com toiros de investida suave que pouco derrotaram não complicando. Coesos e eficazes numa tarde quase redonda. Gostaríamos de os ver mais encostados às tábuas dando vantagens ao toiro como costuma acontecer nesta praça. Adiantaram-se desnecessariamente carregando muito o que tirou brilho a algumas intervenções. O cabo David Vicente citou pouco, recuou desequilibradamente e fechou-se bem; Carlos Miguel citou com galhardia, fechou-se com um corno entre as pernas sendo composto pelo grupo; Diogo Trindade bem com um toiro de meias arrancadas, tardo a investir, o grupo abriu um pouco e o forcado brilhou; Jaime Mendes citou, recuou menos bem e fechou-se aguentando os derrotes do toiro que bateu um pouco mais com o grupo a “abrir” ligeiramente; André Laranjinha fechou-se com um corno entre as pernas com o grupo a compô-lo; João Rocha citou e fechou-se bem num suave novilho de STª Maria de 350Kg. Telmo Ribeiro primeiro fez tudo bem, fechou-se mas não aguentou um derrote lateral que impediu a intervenção do grupo. À segunda voltou a estar bem com o grupo a carregar muito e mais três forcados a saltar à arena desnecessariamente.
Grupo que merece melhor sorte que pegar sozinho, é urgente o diálogo com a ANGF, pois esta situação arrasta-se com prejuízo de todos, principalmente do público. Teria sido bonito ter visto estes forcados em salutar competição com os caldenses que mereciam estar presentes e o público local que pouco aderiu teria marcado mais presença.
Direção sóbria e eficaz de Francisco Calado e boa presença da Banda Comércio e Indústria de Caldas da Rainha.
Protagonismo lamentável e indescritível do convidado José Castelo Branco, a tauromaquia merece outro respeito!

Rui Lopes
rjnlopes@hotmail.com

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