Rosa Machado
Técnica Superior de Biblioteca e Documentação
Nasci, fui criada no meio de livros: podia estar farta, mas pelo contrário, não me vejo sem eles; daí a escolha de uma profissão ligada a livros ter sido muito natural, dado que, numa família de professores, nunca me vi como tal. Como disse o meu Pai, no discurso de despedida da vida docente, “ Ou se nasce para ser docente ou então não se é professor” (DN. 4.6.1980).
Fui colocada como técnica-superior de biblioteca e documentação, no IPAMB (Instituto de Promoção Ambiental, depois APA), rua de “O Século”.
Ali estive durante alguns anos, num vai – vem diário, levantar-me cedo, para estar na rodoviária às 5,30h e conseguir lugar em baixo nas rápidas das 6h, de 1º andar, pois enjoava lá em cima.
Voltei à ESAD em 2002, por concurso, como Bibliotecária, mas continuando a pertencer ao quadro da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), e ali estive até Fevereiro de 2006 pois, desgostosa com o tratamento recebido, apresentei o meu pedido de regresso ao quadro.
Entre outras coisas, uma Avaliação (2004) dada a parâmetros elaborados por mim, levou-me a reclamar. Nunca recebi resposta, conforme define a Lei.
E nem uma florinha, para o funeral do meu Pai… Não sabiam onde era? Era só perguntar a qualquer meio de comunicação. E a mim, claro.
Em vez de 15 minutos a pé até ao serviço, voltei ao horário de levantar cedo, etc. Foram tempos muito tristes, pois o então director da APA, resolveu colocar-me num gabinete sem fazer nada.
Todos os dias calcorreava kms, sabendo que não ia ter nada para fazer.
Falei com a Directora de Serviços, se haveria alguma coisa para eu fazer: tratei das avaliações de todo o pessoal, o que já me ocupou durante algum tempo.
Para quem sempre trabalhou, e muito, tinha que acontecer alguma coisa. Comecei a deixar de ler; e outros sintomas que achei estranhos. Fui ao meu médico, que me disse :”Vem aí uma depressão!”A minha resposta:”Eu, com uma depressão?”Nunca esquecerei a resposta: “Oh menina, isso não acontece só aos outros!”
Para casa, com atestado médico, o que ainda piorou a situação, pois em toda a minha vida, contam-se as vezes que estive de baixa.
Em 2008, muito a contragosto, meti a papelada para a aposentação: apanhei um corte, pois não tinha a idade exigida, e o desconto para o “factor de sustentabilidade”…
Gostaria de lembrar aqui uma data: Outubro de 1938, doutorou-se na FLUL, a primeira senhora: Elza Paxeco, a minha Mãe. Infelizmente, foi esquecida por aquela entidade, que nem a lembrou no centenário, em 2011, apesar dos meus esforços. ■