A Rua 31 de Janeiro (entre os bombeiros e a praça de touros), tinha apenas um sentido de trânsito. Passou a ter dois, motivado pelas obras de Regeneração Urbana. As obras acabaram, mas entretanto, pode ser que fique assim, com mais trânsito a entrar na Rua Heróis da Grande Guerra.
Os autocarros de turismo, estacionam junto ao Parque D. Carlos, frente ao Hotel Sana. Era provisório, mas até pode ser que seja definitivo. A Junta de Freguesia propõe que o espaço de estacionamento seja aumentado e se prolongue até à entrada superior, onde em tempos se localizou um parque de campismo e ainda, que nesse espaço se crie um parque de merendas. Mas o Sr. Presidente da Câmara, informa em reunião da dita, que decorrem negociações com o Centro Hospitalar, para que os autocarros passem a estacionar por trás do Chafariz das 5 Bicas e na mesma semana o Sr. Vice-presidente numa entrevista a uma rádio, refere que o parque de autocarros, será em frente à Escola Rafael Bordalo Pinheiro, onde agora existe um estaleiro de obras. Alguma confusão? nada disso. Simples de perceber. Poderá ser num destes locais, ou talvez em dois deles, ou mesmo nos três, logo se vê.
O estacionamento na Praça da República é o que se sabe, uma anarquia generalizada, porque não se quis fazer um parque subterrâneo no local, de apoio à praça, ao comércio, ao turismo e aos moradores, porque a sinalética não é para ser cumprida, nem para fazer cumprir, porque não se sabe como resolver o problema e as coisas são aquelas que lá estão, um chamado “regabofe”. Mas a anarquia do trânsito e do estacionamento não fica por aqui. Por toda a cidade, vai-se estacionando por aí. Não se cumpre, nem se faz cumprir, porque a sinalética, ou não existe, ou não faz sentido. É uma espécie de mais ou menos coisa e tal.
A Rua Heróis da Grande Guerra, foi há uns anos remodelada e preparada para ser pedonal e foi pedonal. Com a justificação das obras, passou a ser permitido o trânsito. As obras acabaram, mas o trânsito ficou. Exatamente porquê, não se sabe, mas ficou. Porque assim talvez fique mais “giro”, com os carros a passarem por ali, de onde os peões foram expulsos compulsivamente, porque alguns assim querem. Mas como não querem todos, criou-se então um esquema. Fica assim, com trânsito, menos ao sábado de manhã. É preciso cuidado, não vá uma decisão fazer perder uns votos e isso é que não convém. Fica assim e depois logo se vê. O regime que vigora, faz lembrar aquela música, “ora agora fechas tu, ora agora abro eu”.
Entre medidas avulsas, até à anarquia final. Tudo porque não existe um Plano de Mobilidade, onde se percebam os fluxos de trânsito, das entradas e saídas da cidade, porque não existe sinalética que conduza o trânsito por onde deve escoar. O tal “Plano de Mobilidade” fundamental para que quem chega á cidade, saiba exatamente para onde se deve dirigir, por onde deve circular e onde pode estacionar. O plano que não há, nem se sabe se e quando vai haver, porque não se percebe para que serve e porque também se diz que não há dinheiro.
E assim retrocedemos no tempo. Nas cidades evoluídas e civilizadas, o trânsito é desviado do centro, ou passa por via subterrânea (onde é que eu já ouvi falar nisto?), bem como o estacionamento. O espaço público devolvido aos cidadãos, assim como as ciclovias, não são um fetiche, nem uma “tara” da oposição, são uma forma de garantir qualidade de vida, mas são uma miragem, numa cidade que gostaríamos moderna e apelativa.
Tal como essa falácia de dizer que a Rua Heróis da Grande Guerra, é uma via “estruturante” da cidade, tal como era há 60 anos. O que significa que os investimentos feitos em “circulares”, afinal não servem para nada. Um mínimo de atenção permite-nos perceber que nas rotundas denominadas por “McDonalds” e “EDP”, devidamente sinalizadas, resolve-se tudo ou quase.
Sem o tal “Plano de Mobilidade”, tudo é possível e permitido, a começar pelas medidas tomadas ao acaso, que trazem a anarquia à cidade.
Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt