Estamos em ano de eleições autárquicas e à beira de mais um 15 de Maio. Isso significa que se avizinha um período quente na vida cívica e política das Caldas da Rainha. Enquanto o concelho se prepara para as festividades do dia da cidade e para a azáfama da campanha autárquica, é importante parar, olhar em volta e perceber o que se está a passar.
Ao contrário do ano passado, em que a tradicional cerimónia de abertura oficial do Hospital Termal decorreu sob o protesto de estarmos há vários anos com as termas encerradas, no 15 de Maio deste ano já se antevê a reabertura do mais antigo Hospital Termal do mundo. Simbolicamente, as cerimónias de 2016 decorreram na rua, simbolismo esse que contou com o apoio da generalidade da população que compareceu massivamente. Este ano, com a luz ao fundo do túnel, julgo que a população já concordaria com o regresso, pelo menos parcial, das cerimónias ao interior do edifício.
Quanto às eleições autárquicas, é curioso perceber que dos seis cronistas que iniciaram, há cerca de dois anos, este projeto de escrever assiduamente artigos de opinião sobre política local e regional na Gazeta das Caldas, quatro já foram, coincidentemente, anunciados na imprensa como encabeçando listas candidatas às próximas eleições autárquicas. Ficará a dúvida sobre se foi uma fantástica capacidade de antecipação por parte deste periódico ou se foi a participação dos mesmos nestas páginas que desencadeou esse desfecho. É a eterna questão do ovo e da galinha.
Entretanto, as Caldas preparam-se para mais uma grande temporada de eventos que se inicia agora em maio e continuará por todo o verão. São espetáculos e certames que prometem encher o concelho de visitantes. Para além das festas da cidade, com a animação que é habitual, teremos ainda neste mês de maio a feira do cavalo Oeste Lusitano, que não se cingirá ao Parque, uma vez que estão previstas atividades pelas ruas da nossa cidade; em junho temos a tão popular festa da sardinha e as animadas marchas populares na Praça da Universidade; depois, no verão, temos as tasquinhas que transformam, durante alguns dias, o pavilhão da Expoeste no maior restaurante de Portugal; já para não falar da feira dos Frutos, cujo regresso foi tão bem recebido o ano passado, e que este ano deverá ainda ser maior, com um grande leque de espetáculos a preços muito convidativos (há até quem se queixe de serem demasiado convidativos).
Se tudo isto parece indicar que nas Caldas tudo está a correr bem, tal não significa que esteja efetivamente tudo bem. Existe ainda um elevado número de caldenses que estão descontentes com a situação atual e é necessário saber ouvi-los. Todas as queixas e reclamações são legítimas e, diria mesmo, são o combustível que deve alimentar a máquina de qualquer poder autárquico. Só numa ditadura é que ninguém se pode queixar. Em democracia as pessoas querem mais e melhor e têm direito a mais e melhor. Sejam as estradas e os caminhos, seja a iluminação pública, seja a segurança ou a educação, seja a qualidade da água da rede pública… seja o que for. Quem tem a responsabilidade de gerir um município ou uma freguesia tem a obrigação de tentar compreender esse descontentamento que ainda possa existir e não se deixar convencer de que tudo está feito. Quem ocupa um cargo político tem que ser um eterno insatisfeito. Até porque haverá sempre mais, muito mais, por fazer
Jorge Varela
jorte.varela@ipleiria.pt