Zé Povinho acha piada ao ministro Pedro Nuno Santos pelo seu caráter jovial, despachado e afirmativo sobre vários assuntos, nomeadamente sobre a ferrovia nacional. Dizem os especialistas que acordou um monstro adormecido por tantos anos de esquecimento, definindo metas e anunciando soluções para a tão propalada linha de TGV, que já serviu para tudo até hoje em Portugal, exceto para ter algum futuro. Sem protestos ou críticas de maior anunciou a construção do TGV Lisboa/Porto, em linha nova e, eventualmente, com ligação a Espanha. Nas Caldas para contento da região, apesar da desconfiança que todos colocam por ser assunto tão vítima de promessas e de esquecimentos, prometeu o melhor que se poderia esperar ou quase o melhor, porque uma ligação por Loures decerto que seria a solução mais rápida e rentável. Mas mesmo assim Zé Povinho saúda-o pela coragem que mostrou. ■
Mas menos de 48 horas depois Zé Povinho ficou atónito pelo harakiri que assistiu da parte do ministro que,sem ninguém esperar, anunciou que haveria um novo aeroporto de Lisboa em Alcochete a médio prazo.Tentou explicar a sua opção e desafiar as hesitações do PSD, mas o primeiro-ministro suspende o despacho e obriga-o a um público “perdoa-me”, o que fez com uma cara de Egas Moniz com a corda ao pescoço. Aqui o combativo membro do Governo dava lugar ao puto envergonhado que tinha estragado o brinquedo que o pai lhe havia dado. Para não perder o lugar e os seus projetos poderem ficar por terra, voltou com a palavra atrás e propôs-se começar tudo do princípio, negociando tudo e com todos. Zé Povinho gosta de ver estes volte-faces mostrando que governar um país afinal tem muito de caricato. ■