
A poucos dias das eleições autárquicas o Dr. João Paulo Batalha, membro da Transparência e Integridade Associação Cívica (TIAC), esteve nas Caldas da Rainha para falar sobre a sua análise aos ciclos do poder autárquico nos últimos 40 anos.
Segundo este dirigente cívico, o país viveu a fase dos caciques pós-25 de Abril, seguida da dos dinossauros que se prolongaram no poder à custa quase sempre de obra feita com fundos comunitários que alimentavam, em muitos casos, também negócios corruptos e uma rede clientelar. Essa fase só terminou parcialmente com a lei da limitação dos mandatos, que obrigou muitos autarcas a saírem de cena (embora muitos tentem agora regressar nem que seja noutros municípios).
A terceira fase, ainda incipiente – e que corresponde sobretudo a uma “fé” do orador – poderá ser a dos autarcas reformistas, que façam uma ruptura com práticas anteriores e adoptem modelos de gestão mais inteligentes, amigos do ambiente e dos cidadãos.
Zé Povinho reconhece que estas teorias do Dr. João Paulo Batalha podem ser questionáveis, mas não lhes nega consistência, nem que seja através de uma simples análise empírica.
Do que não há dúvidas é que a mudança é sempre salutar em democracia pois o poder, por muito honesto e bem intencionado que seja no início, pode acabar por se corromper, apesar de muitas vezes se tornar arrogante e ter a ilusão provinciana de que é insubstituível.
Ideias como as que foram veiculadas pelo dirigente do TIAC na sessão “21 às 21” são, pois, de saudar e merecem ser debatidas.

Nas duas últimas edições da Gazeta das Caldas Zé Povinho acompanhou com perplexidade as histórias do sector estatal do apoio à agricultura que foram narradas.
Queixam-se os funcionários e os agricultores da região Oeste que as instâncias de Santarém do Ministério da Agricultura, numa velha e costumeira atitude, decidiram concentrar a maioria das competências e dos técnicos naquela cidade.
Têm assim sido “descontinuados” (palavra sofisticada que significa encerrados) na delegação das Caldas daquele ministério, alguns serviços de apoio aos agricultores e em especial os de aprovação e acompanhamento de projectos agrícolas, florestais e agroindustriais, no âmbito de candidaturas aos fundos comunitários.
Depois do Ministério da Agricultura ter encerrado os serviços do IFADAP que tinha nas Caldas um importante instrumento de apoio aos agricultores, para transferir esses serviços para o próprio ministério, agora concentra quase tudo em Santarém por, provavelmente, um capricho de uma directora daquela organização.
Zé Povinho acha que o ministro Capoulas dos Santos deve ser o principal responsável porque já deve ter conhecimento do que se passa e parece querer desconhecer uma questão importante desta região.
O governo anterior levou a sede da comarca dos tribunais para Leiria, o centro hospitalar vê a sua importância diminuída, a linha ferroviária está entre parêntesis há algumas décadas, a Região de Turismo do Oeste foi concentrada na região Centro num mundo de 100 municípios… As Caldas e o Oeste têm perdido importância.
É evidente que não há no Oeste ninguém que dê a cara pela região, mas o ministro da Agricultura, Eng. Capoulas Santos, devia ser o primeiro a impedir estas transferências concentracionistas anacrónicas. Fosse o mesmo feito na sua região de origem, o Alentejo, onde a densidade de empresas agrícolas é muito menor, e seria o primeiro a impedir que tal acontecesse.
Os caldenses e os oestinos deviam mostrar um limão azedo ao senhor ministro para demonstrar quanto estão zangados com estas decisões.