Arrisco a dizer que, não há ninguém que não conheça este Melro. Encontra-se de norte a sul e em todas as regiões, seja no campo seja na cidade, nos nossos jardins, frequenta todo o tipo de ambientes florestais, menos eucaliptais ou pinhais extensos.
É uma ave residente, nidificantes e sedentárias em Portugal, sendo conhecidas alguns movimentos migratórios de aves provenientes de países europeus. Qualquer sebe ou arbusto lhe serve de abrigo e local para nidificar. É muito tolerante á presença humana, sobretudo em jardins e parques, nas vilas ou cidades, como é no caso do parque D. Carlos I, sendo mais ariscos em meios florestais. Começam muito cedo a fazerem-se ouvir, o seu melodioso canto, logo no início de fevereiro ou até às vezes em meados de janeiro, deixando de vocalizar nos meses de verão.
Fazem os ninhos a pouca altura do solo, nunca excedendo uma altura de mais de quatro metros, em árvores, sebes e arbustos, cavidades rochosas ou construções humanas, podendo fazer duas ou três ninhadas por ano, com posturas de entre três e cinco ovos.
A sua alimentação é feita à base de insectos e minhocas capturadas no solo, bagas e frutos. Sendo uma ave protegida está proibida a sua caça.
Ocorrem em Portugal outras quatro espécies de melros; O Melro-azul (Monticola solitarius), Melro-das-rochas (Monticola saxatilis), Melro-de-água (Cinclus cinclus) e o Melro-de-peito-branco (Turdus torquatus), mais raros e que não se encontram na região oeste, devido às características do nosso território.
Ditados populares: “ Quando o Melro canta em janeiro, é tempo de sequeiro o ano inteiro” e “Melro de bico amarelo, come a semente e o farelo”.
Em linguagem popular, define um indivíduo esperto, vivaço, matreiro ou finório.
Na Arte Cristã, nas pinturas religiosas, é um dos pássaros com um profundo simbolismo espiritual, associado com a escuridão e os pecados da carne, sendo por isso representado nas cenas em que São Bento lutava contra as tentações.
Na poesia, vale a pena ler o “Poema do Melro” de Guerra Junqueiro.
No Bairro da Senhora da Luz, em Óbidos, existe o Restaurante “O Melro”, com uma sala agradável e bem decorada, com uma das paredes pintada pelo cartoonista caldense Bruno Prates, com o tema alusivo à lagoa de Óbidos.
Num ambiente agradável e acolhedor, já é uma referência gastronómica da nossa região, onde confeccionam belos petiscos com produtos pescados na lagoa de Óbidos, como a famosa “mariscada” que deve ser acompanhada com um Gaeiras Branco Casa das Gaeiras, com um Branco Leve Mundus, da Adega da Vermelha, ou com a excelente cerveja artesanal da casa.
João Edgar