O Montepio Rainha D. Leonor é uma instituição mutualista com mais de século e meio, a mais antiga na região e das mais antigas do país, que marcou Caldas da Rainha durante todo este longo período e que durante muitos anos, até à criação do SNS, foi a grande instituição hospitalar e de apoio às urgências que estava à mão para a maioria da população num raio de muitos quilómetros.
O panorama da assistência da saúde hospitalar em Portugal transformou-se rapidamente e profundamente nas últimas décadas, tendo as próprias instituições públicas e privadas mudado quase totalmente o seu paradigma, com uma oferta crescente e variada de serviços para apoio a todas as especialidades, com equipamentos e processos cada vez mais sofisticados.
A decisão tomada de avançar para a criação de uma unidade que responda aos novos desafios da medicina hospitalar é arriscada, mas inevitável, porque de outra forma era a própria viabilidade técnica que podia ser colocada em causa, uma vez que o nível de exigência cada vez é maior. Veja-se o que sucedeu em Lisboa num hospital público altamente diferenciado e que mesmo assim foi afectado por um surto de legionella.
Zé Povinho felicita os responsáveis do Montepio pela decisão, para muitos considerada de grande risco, mas que se torna necessária pois de outra forma a concorrência e as exigências dos reguladores certamente inviabilizariam o futuro da instituição.
Também os cuidados que colocam na ligação ao Hospital Termal é de grande sensatez, uma vez que dificilmente se podem repartir entre responsabilidade de tipos tão diversos, lançando-se num domínio em que não têm experiência anterior como o termalismo.
Por isso esta aposta do Montepio Rainha D. Leonor deve merecer o apoio de todos os caldenses e oestinos, mesmo que a breve prazo possam ser delineadas parcerias com outras instituições hospitalares de referência, para beneficiar do know how cada vez mais exigente, uma vez que nestes domínios esta partilha de competências parece ser o caminho de futuro mais sustentável.
Em Portugal os comentadores estão na moda, com destaque para os da vida política e os do desporto, que têm quase todos uma particularidade – afirmam o que lhes vem à cabeça com uma certeza que impressiona, mas muitas vezes são traídos pela realidade.
A edição do semanário Expresso do dia 1 de Abril trazia como manchete a possibilidade do ministro das Finanças Mário Centeno poder vir a ser escolhido pelos seus pares para a liderança do Eurogrupo.
No comentário habitual na SIC do dia seguinte o comentador Marques Mendes logo viu ali uma mentira do 1º de Abril, comentário que viria a repetir por algumas vezes.
O Dr. Marques Mendes, ex-político profissional encartado, tal como os mais porfiados comentadores do futebol luso, parecia ser o primeiro a não querer acreditar ou a não desejar essa possibilidade, que esta semana se veio a concretizar.
Mas eis que no passado domingo quando a possível eleição do ministro Mário Centeno se torna quase uma inevitabilidade, é já o Dr. Marques Mendes o primeiro a dizer, sem se rir, que essa hipótese era “boa para o próprio, porque ganha currículo e dimensão internacional; e boa para Portugal, porque dá prestígio ao país, que há três anos estava sob resgate”.
Zé Povinho é bondoso para estes comentadores, sabendo que até um deles já fez o caminho directo para a Presidência da República e hoje é quase consensualmente aceite como o unificador dos portugueses.
Mas que o Dr. Marques Mendes não acertou quanto ao Dr. Centeno, lá isso é verdade.