VITÓRIA(S) mas…

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As eleições legislativas, que decorreram no domingo passado e conseguiram quase atingir aquele paradigma do “vencedor, vencedor”, porque fora as exceções, a maioria das forças concorrentes deram-se por vencedoras.
Uns ganharam porque ganharam, outros ganharam porque ganharam em relação às sondagens, outros ganharam porque podia ter sido pior, outros ganharam porque nunca tinham ganho nada.
Se compararmos os resultados finais com a sondagem que a Gazeta das Caldas divulgou no seu site às 0 horas do dia 4 de Outubro, verificamos que as tendências expressas não andaram longe do resultado final.
As projecções de autoria da Eurosondagem davam a vitória ao Partido Socialista com 38,8% dos votos expressos e com 109 a 117 deputados. O resultado foi de 36,65% com 106 deputados (faltando ainda os 4 deputados da emigração). Seguia-se o PPD/PSD com 25,5% (68 a 76 deputados), tendo ficado com 27,9% e 77 deputados.
O Bloco de Esquerda com 9,6% (17 a 19 deputados) era indicado como a 3ª força mais votada e foi o que aconteceu com 9,67% dos votos expressos e 19 deputados. Também a CDU vinha a seguir com 7,1% (13 a 14 deputados), tendo a queda aqui sido para 6,46% e 12 deputados. Finalmente o CDS/PP com uma queda abrupta para 5%(6 a 8 deputados) e o PAN com uma subida forte para 4% (5 a 6 deputados), ficaram respectivamente com 4,25% e 3,28%, e com 5 e 4 deputados.
A sondagem atribuía ainda a outros partidos uma possibilidade de atingirem até 2%, o que veio a acontecer com a eleição de 3 deputados de novas forças políticas, Iniciativa Liberal, Chega e Livre.
Se os resultados eram então expectáveis e a surpresa foi pequena, inicia-se agora o processo para viabilizar a formação do novo governo, que, pelas expectativas e pelas posições já expressas, parece não ter grande dificuldade, desde que a maioria respeite o seu peso específico e não se coloque em posições intransponíveis. Se há 4 anos a possibilidade do surgimento de um governo alternativo a quem tinha vencido as eleições – o PAF – era quase inverosímil, veio a constatar-se que tal foi possível e que gozou de uma estabilidade de 4 anos.
A maioria absoluta almejada, mas não expressa, pelo PS não foi conseguida porque os eleitores quiseram mesmo mostrar aos partidos que não gostam de situações hegemónicas que depois levam a exageros e soluções mais ou menos autoritárias, preferindo que quem governa tenha de negociar medidas e decisões anteriormente.
Talvez seja mesmo um bom princípio e que demonstra inteligência colectiva da população portuguesa, que em certa medida se alheou do pleito eleitoral pela elevada abstenção.
Neste novo mandato os socialistas, que governaram Portugal nos últimos 4 anos, para além das medidas correctas da devolução de direitos e compromissos que existiam antes da Troika, mesmo assim tiveram comportamentos no Estado que deixam a desejar, muitas vezes por oportunismos de alguns dos seus dirigentes e responsáveis. Oxalá que tenham percebido essas situações e que não voltem a cair nas mesmas situações, a fim de que tornem os próximos 4 anos viáveis e sem crises que rompam a estabilidade que o país bem precisa, num mundo que nos rodeia cada vez mais instável.
Igualmente se deve exigir ao novo governo e às maiorias que o suportarem que o país necessita de continuar a fazer investimentos estruturantes que resolvam os problemas de qualidade de vida e de sustentabilidade, investimentos que não se podem compadecer pelo arbítrio orçamental. Haverá que decidir e levar por diante os projectos do Portugal que querermos ter nas próximas décadas para que os portugueses possam beneficiar dos mesmos direitos que os restantes povos europeus, especialmente daqueles que chegaram já mais longe.

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