“A localização do novo Hospital não pode ser uma luta de quintas”

0
582

António Galvão Lucas, cabeça-de-lista do CDS-PP pelo círculo eleitoral de Leiria, elege a saúde como prioridade para o distrito, a par da requalificação da Linha do Oeste

O atual coordenador do Gabinete de Estudos do CDS/PP conhece bem a região, sobretudo a zona Oeste, e acredita que será a única opção de voto à direita nestas legislativas.

O objetivo para estas eleições passa por recuperar o deputado do CDS-PP que Leiria já teve?
Esse é o objetivo. E quem sabe, com um discurso que vamos querer que seja bem compreendido pela sua simplicidade e clareza dos argumentos, ter uma votação massiva, expressiva e que não deixe margens para dúvidas. Consideramos que há aqui um vazio político à direita democrática que só tem mesmo no CDS a única opção de voto nestas eleições legislativas.

Tendo em conta as divergências internas, o partido vai fragilizado para estas eleições?
Andam a anunciar a nossa morte há vários anos e não tem sido confirmada. Sabemos que o desafio é difícil com a não consolidação da coligação com o PSD, que estava mais ou menos projetada. Infelizmente o PSD decidiu virar ao centro, portanto a única alternativa para termos uma solução à direita é votarmos massivamente no CDS/PP para ter um grupo parlamentar o mais reforçado possível e poder impor soluções e políticas de direita. A ameaça vem da possibilidade de haver uma bipolarização, o chamado voto útil e a oportunidade vem do facto do espaço político de direita ter ficado órfão.

Não haver coligação poderá ser uma oportunidade perdida?
É uma oportunidade perdida, para os portugueses e por Portugal. Agora que já está consumada, temos de olhar para a frente e o que é fundamental é fortalecer o CDS/PP, porque para mim nem a Iniciativa Liberal é um partido de direita e nem o Chega é uma alternativa democrática real de poder.

Não sendo natural do distrito conhece-o bem?
Tenho família que já teve interesses e empresas no setor da cerâmica, nas Caldas, e trabalhei nessas mesmas empresas, pelo que conheço muito bem o concelho. e também a zona Oeste. A nível profissional trabalhei com muitos clientes da área da construção, imobiliário e cerâmica do distrito. Conheço relativamente bem a realidade, os desafios que se colocam ao distrito e temos uma propositura muito interessante e válida para ele.

Quais são os grandes desafios que se colocam a este distrito?
Tem os problemas do acesso à saúde, que está caótica e que é uma das principais prioridades para qualquer partido. Resolve-se com medidas nacionais mas também com a construção do Hospital do Oeste. Por outro lado, verifica-se um asfixiamento fiscal das empresas aliado ao enorme custo energético, que afeta a rentabilidade e as coloca numa situação muito complicada em termos de sobrevivência. Este problema combate-se com medidas a nível da reforma fiscal.

O CDS defende uma maior atenção à necessidade de modernização da Linha do Oeste?
O investimento na ferrovia ajudaria bastante o distrito. No projeto da alta velocidade, Leiria está contemplada, mas será das últimas a recebê-la. Leiria não pode estar duas a três décadas à espera da linha de alta velocidade para resolver problemas estruturais e a requalificação da Linha do Oeste, que já está atrasada três anos, vem resolver problemas específicos quer a nível de transporte de particulares quer de mercadorias. Esta requalificação viria a ajudar bastante no fluxo de pessoas entre localidades, permitindo desde logo uma valorização de Leiria, e ao nível do transporte de mercadorias com benefícios ambientais.

Falou na prioridade que deve ser dada à saúde, o que pode e deve ser feito?
Houve pouquíssimo investimento público nesta área nos últimos anos e esta deverá ser uma das áreas prioritárias em termos de investimento por parte do Estado, com mais contratualização, seja no público seja no privado, retomar os modelos das parcerias público-privadas que foram eliminadas por este governo por embirração ideológica. O SNS tem de pedir apoio ao setor privado e social e temos de investir na contratação de médicos e enfermeiros e não subcontratar serviços externos como é hoje prática corrente. Há que investir em meios técnicos e formação. E temos uma franja de terreno, que é a zona oeste e a sul do distrito, que não é coberta por um verdadeiro hospital de dimensões necessárias para a área que cobre.

E a localização?
A escolha do hospital não pode ser uma luta de quintas, tem de se fazer com base em critérios muito claros, como a densidade populacional que abrange, a equidistância para todos os públicos que vai abranger, a disponibilidade de terreno para a construção, as acessibilidades, o impacto de ruído e a necessidade de ter um heliporto. Não pode ser uma decisão política porque é uma questão de saúde pública, coesão territorial e de servir o povo. ■

*Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS