“O que interessa é se os cidadãos podem ou não ter acesso à saúde”

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Dário Florindo considera que o novo Hospital do Oeste “necessita de uma visão mais abrangente”
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A saúde é uma das apostas fortes da Iniciativa Liberal por Leiria

A Iniciativa Liberal reconhece a necessidade de construção de um novo hospital no Oeste, mas defende que, antes desse processo, é importante criar sinergias com os privados na área da saúde.

Quais são as grandes apostas liberais que o partido terá a iniciativa de propor para o distrito?
Um dos temas prioritários é a saúde. Não é um problema exclusivo do distrito de Leiria, é nacional. Pretendemos tirar a carga ideológica que atualmente está implícita no SNS. Obviamente que vamos defender a saúde dos leirienses a todo o custo, no sentido de reforçar os serviços do Hospital de Leiria, com pessoal médico e condições de trabalho, bem como a valorização dessas pessoas. Acima de tudo, [queremos] criar um ecossistema nacional que permita outra visão do que é a saúde, que não esteja assente apenas no setor público, mas que permita uma alternativa e uma liberdade de escolha que os cidadãos há muito tempo não têm.

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Isso passa pelo reforço da iniciativa privada na saúde?
É mais um reforço da liberdade de escolha. Isso tem-se revelado na pandemia, ou seja, o que acontece é que os cidadãos são encaminhados para os serviços de saúde públicos, sem condições. Os serviços primários têm de ser uma aposta forte. Muito mais do que público ou privado, o que interessa é se os cidadãos podem ou não ter acesso, com qualidade, aos serviços de saúde.

Uma das imagens de marca da IL é “menos impostos”: consegue melhor saúde com menos impostos?
A saúde é uma escolha e uma aposta. Para termos melhor saúde, temos de fazer escolhas, fazer outras cedências, baixar os impostos e criar um sistema que seja eficiente. O sistema não pode ser eficiente se estiver assente apenas em custos para o serviço público. É preciso a abertura de serviços privados aos cidadãos, através de acordos e parcerias com o Estado ou de outras metodologias a aprovar.

Há uma imagem de empreendedorismo associada a Leiria: este é terreno fértil para a IL?
Sim, a região de Leiria e Oeste contam com quase 30% do PIB da zona Centro. É uma zona empreendedora. Tem uma indústria forte, é um terreno fértil para a IL, mas a IL não precisa destes terrenos férteis: as nossas ideias, o que defendemos, – que no fundo é menos impostos, mais liberdade de escolha e mais iniciativa privada – são um chamariz para todo o território nacional.

Um dos setores privados de peso na região, as suiniculturas, estão associadas a um problema ambiental antigo. Qual é a solução liberal para um problema que os privados parecem não conseguir resolver?
Mais do que uma solução liberal, necessitamos de uma solução definitiva. Andamos há 25 anos neste contexto e não há, apesar de muitas promessas, uma solução. A solução liberal passa, sobretudo, pela iniciativa privada. Já foi definido em Diário da República e no Parlamento, que é necessário a construção de estações de tratamento de efluentes. Há dotação orçamental e concursos abertos… o que se passa é que muitas empresas não estão a concorrer a estes concursos.

O setor privado tem estado encarregue de encontrar uma solução e não o parece ter conseguido…
O que falhou aqui não foram só os privados, foi o Estado. Os privados falharam porque não tinham tido condições até ao momento para efetuar investimentos. Nesta fase, temos de avançar e pensar em resolver o problema em definitivo. Temos de incentivar estas entidades privadas a fazer os investimentos que têm de fazer.

No Oeste discute-se a construção de um novo hospital público. O Estado deve reforçar os cuidados de saúde ou deixar a tarefa aos privados?
Sem uma reforma efetiva daquilo que é o sistema nacional de saúde e do que é a necessidade de liberdade de escolha dos cidadãos, é impossível. É apenas mais um hospital que vamos construir na região. É preciso olhar para a capacidade instalada, pública e privada, e perceber até que ponto podemos criar sinergias. O hospital é importante para a região, não sei onde deve ser construído, há estudos que o devem definir, acima do que são os interesses dos partidos nos concelhos. É um hospital importante, mas necessita de uma visão mais abrangente.

Com a aviação em crise, faz sentido mobilizar recursos públicos para um aeroporto em Monte Real ou deve deixar-se o mercado decidir?
O que se passa é muito grave: estamos a colocar 3 mil milhões de euros na TAP que não são colocados, por exemplo, na saúde ou na educação. Criar um aeroporto na região Centro pode ser importante, desde que não sirva para voos de curta duração e desde que sirva para que as empresas possam exportar os seus produtos de forma mais eficiente. É uma necessidade urgente? Não tenho a certeza, penso que não. É uma questão a avaliar. ■

Carlos S. Almeida

*Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS

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