A notícia de que o governo só pretende modernizar metade da linha do Oeste (entre Meleças e Caldas da Rainha) tem gerado protestos de câmaras municipais e de todos os quadrantes políticos. Na passada quarta-feira, 24 de Fevereiro, realizou-se em Loures uma reunião promovida pela Assembleia Municipal daquele município na qual participaram representantes autárquicos das Caldas da Rainha, Torres Vedras, Marinha Grande, Figueira da Foz, Leiria, Mafra, Nazaré, Óbidos, Sintra, Soure, Lisboa e, naturalmente, Loures.
Na prática estiveram praticamente todos os municípios servidos pela linha do Oeste, com excepção de Alcobaça, Bombarral, Montemor-o-Velho e Pombal.
Nessa reunião houve consenso sobre a necessidade de prosseguir a electrificação da linha do Oeste a norte das Caldas da Rainha para fechar a malha e integrar este corredor na rede ferroviária nacional. Foi ainda referida a vantagem de se construir um “atalho” para Lisboa, por uma variante entre Malveira e Lisboa que passasse por Loures e que encurtaria a viagem de comboio entre o Oeste e a capital. Essa possibilidade teve, porém, a compreensível oposição de Sintra que prefere o actual traçado.
Os autarcas decidiram produzir um documento que vai ser elaborado pela Assembleia Municipal de Leiria a fim de ser aprovado pelas restantes assembleias municipais dos concelhos servidos pela linha do Oeste. Ficou ainda decidido que a próxima reunião será realizada na Marinha Grande.
A unanimidade e importância deste tema é espelhada nas comitivas autárquicas presentes na reunião de Loures, e que foi dinamizada pelo ex-presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa. Das Caldas da Rainha estiveram Pedro Marques (PSD), Vítor Fernandes ( CDU), Jaime Neto (PS), Brás Gil (CDS/PP) e Emanuel Pontes (MVC). Torres Vedras e Nazaré estiveram representadas por três elementos cada (incluindo o próprio presidente da Câmara), Figueira da Foz com quatro autarcas, Leiria com cinco e Loures com oito. Significativo que até o município de Lisboa tenha estado representado.
Marinha Grande quer comboio no aeroporto de Monte Real
A Assembleia Municipal da Marinha Grande aprovou uma moção na qual defende “a priorização do investimento na modernização da linha do Oeste”. O documento refere que não basta a simples electrificação da linha – é preciso “um sistema intermodal de toda a região centro atlântica com a capital Lisboa, a sul, e as ligações internacionais a norte, Aveiro, tendo por nuclear duas premissas: uma estação dentro do aeroporto de Monte Real (futuro aeroporto internacional do Centro); um tempo médio de trajecto entre o aeroporto de Monte Real e Lisboa não superior a uma hora”.
Também as assembleias municipais das Caldas da Rainha e de Óbidos aprovaram documentos – ambas por unanimidade – de defesa da modernização da linha do Oeste (ver Centrais e Vida Política).
O governo anunciou um plano de investimentos ferroviários de 2,7 milhões de euros a realizar até 2020 que atribui 106 milhões à linha do Oeste para a sua modernização só entre Meleças (Sintra) e Caldas da Rainha. Para o troço entre Caldas e Louriçal (a 25 Km. da Figueira da Foz) o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, não se comprometeu qualquer data para a sua electrificação.