
No Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, o Bloco de Esquerda das Caldas apresentou os seus candidatos às eleições autárquicas na tradicional sardinhada na Lagoa de Óbidos. Nas freguesias, a novidade foi a candidatura de Mafalda Pedreira a N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório. Orlando Pereira foi o escolhido para concorrer a Sto. Onofre e Serra do Bouro, Maria João Melo ao Nadadouro e Fernando Jorge Correia à Foz do Arelho.
Já depois da tradicional sardinhada na brasa no parque de merendas em frente à Escola de Vela, onde estiveram cerca de 60 pessoas, o BE apresentou os seus candidatos às freguesias.
Já era conhecida a candidatura de Jorge Correia para a Foz do Arelho. O empreiteiro da construção civil e durante largos anos nadador-salvador, prometeu “dignidade, honra e clareza”, demarcando-se daqueles que assumem o poder “para enriquecer ou para fazer favores aos amigos”.
O candidato disse que “com o lixo que deixarem vamos fazer dinheiro” e pediu ao povo da Foz “que abra os olhos para a realidade da freguesia”.
Sem nunca referir o seu nome, deixou críticas ao actual presidente de Junta. “O homem já era apresentado há muitos anos, já toda a gente o conhecia. Nunca valeu nada como homem”, acusou, acrescentando não compreender “como é que uma freguesia consegue andar de olhos tapados e ir para as mesas fazer uma votação desta maneira”.
Nas freguesias urbanas, Orlando Pereira é o candidato a Santo Onofre e Serra do Bouro, e Mafalda Pedreira à União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório. Antigo trabalhador da Secla (durante 24 anos, até ao encerramento em 2009), também já trabalhou no Museu do Ciclismo e no da Cerâmica.
Orlando Pereira disse que é urgente criar na freguesia de Sto. Onofre um estacionamento para as viaturas pesadas que actualmente estacionam no parque junto à Biblioteca. A pobreza é outro dos problemas a combater nesta freguesia urbana. Já em relação à Serra do Bouro, fez notar que há falta de passadeiras e passeios e sugeriu que as duas escolas que estão ao abandono sejam aproveitadas para turismo rural (que explorasse a existência de um cemitério de ingleses do naufrágio do Roumania) e um centro de interpretação do mesmo acontecimento. Outra ideia para as escolas é a criação de um pequeno centro de primeiros cuidados de saúde, com uma enfermeira e visitas semanais de um médico que evitasse a deslocação dos mais idosos para a cidade.
A penichense Mafalda Pedreira é consultora de beleza e imagem e gestora de tráfego de transportes nacionais e internacionais. De 1998 a 2005 fez carreira militar, antes de vir para as Caldas trabalhar como auxiliar educativa na Associação Paradense e depois como operadora de call-center. Pôs a tónica do seu discurso na precariedade, quer no Estado quer nos privados, e disse que há dezenas de pessoas a dormir na rua e dezenas de ocupas em prédios abandonados pela cidade. “No entanto, continuam a existir edifícios fechados a degradar-se nas nossas freguesias”, fez notar, defendendo que é urgente criar “um plano de arrendamento social, cantinas e balneários sociais”.
A fixação da comunidade académica na cidade é outra das bandeiras de Mafalda Pedreira.
Notando que “Caldas tem uma percentagem significativa de LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais]”, a candidata terminou com uma reflexão, sugerindo a cada um dos presentes que se colocasse nesse papel para perceberem o que sente quem é discriminado.
Maria João Melo, que foi uma das dinamizadoras da Plataforma de Defesa do Bom Sucesso e que agora concorre pelos bloquistas ao Nadadouro, chamou a atenção para a saída dos Estados Unidos da América do acordo para as alterações climáticas e afirmou que a Lagoa de Óbidos é uma das suas prioridades.
Por sua vez, o candidato à Câmara das Caldas, Lino Romão, disse que a proposta da draga permanente na Lagoa foi feita pelo BE há oito anos. Sugeriu também a criação de um plano de habitação social porque “não podemos viver numa cidade com 3000 casas vazias e que tem 30 pessoas sem abrigo”.
Mais de meia centena na sardinhada
No parque de merendas pela hora de almoço de sábado, há bandeiras do Bloco (vermelhas e roxas) e cerca de 60 pessoas. Além de sardinhas e pão, há salada e batatas cozidas. Para ‘regar’ as sardinhas também não faltam opções: da água aos vinhos, passando pelos refrigerantes e cerveja.
Cada um serve-se e depois, à mesa ou de pé, convive-se e fala-se sobre a actualidade. O vento não colaborou e soprou com relativa intensidade durante o repasto, que ficou marcado pela boa disposição.
A apreciar as sardinhas está José Manuel Gastão, que mora no Nadadouro e que costuma vir a este encontro. “Venho pelo ambiente, pelo convívio e porque vejo que precisamos do Bloco e do PCP porque precisamos de mudança”, afirmou.
Constatou que “a Lagoa está cada vez mais assoreada” e queixou-se de “os pescadores estarem a ser desprezados”. A terminar disse ainda que o IRS que os pescadores pagam é muito duro para a receita que têm. I.V.