Gazeta das Caldas faz balanço do mandato com presidentes de Câmara e oposição da região

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Depois das entrevistas de balanço de mandato aos presidentes da Câmara e oposição dos concelhos de Caldas da Rainha e de Óbidos, Gazeta das Caldas inicia esta semana uma ronda de entrevistas aos mesmos atores dos concelhos da região.
Começamos, por ordem alfabética, com o município de Alcobaça, apesar de o presidente da Câmara, Hermínio Rodrigues, ter recusado a nossa entrevista de balanço destes três anos de mandato, alegando que o momento não era oportuno para balanços.
Hermínio Rodrigues é presidente de Câmara há três anos, desde 2021, quando foi eleito com mais de 11900 votos (que representaram cerca de 43% do total dos votantes), sucedendo ao também social-democrata Paulo Inácio na liderança dos destinos da autarquia.
O edil alcobacense já integra o executivo da Câmara há cerca de 25 anos, primeiro como vereador e depois como presidente.
O principal rosto da oposição, Carlos Guerra, que é vereador eleito pelo PS (único partido representado no executivo além do PSD) e que foi o candidato dos socialistas nas últimas autárquias, acedeu a dar a entrevista ao nosso jornal, deixando críticas à gestão do executivo.
Recorde-se que nas Caldas foi entrevistado o presidente da Câmara, Vítor Marques (independente), e, pela oposição, Hugo Oliveira (PSD) e Jaime Neto (PS), com Luís Patacho (eleito pelo PS, mas que se desfiliou) a recusar a nossa entrevista para prestar contas aos caldenses. Em Óbidos, Gazeta entrevistou o presidente do município, Filipe Daniel (PSD), e o vereador Paulo Gonçalves (eleito pelo PS).
Seguimos, nas próximas edições, com entrevistas nos municípios do Bombarral, do Cadaval, da Nazaré e de Peniche. ■

1- Que balanço faz destes três anos de executivo?
2- Quais as principais conquistas da oposição neste mandato?

Carlos Guerra
Vereador eleito pelo PS

1 – Quando se entra numa câmara em que o partido vencedor tem maioria absoluta, e onde o Presidente está no executivo há 24 anos, tudo se torna muito difícil pelos preceitos e até vícios adquiridos.
É o caso da Câmara de Alcobaça.
Ainda assim, o balanço é francamente positivo no que se refere á atuação dos vereadores do PS. Nestes anos propusemos agendamentos e discussão de assuntos de elevado interesse para o município. Apresentámos um numero significativo de propostas, entre as quais destaco: táxi saúde + 65; regulamento apoios sociais aos bombeiros; propostas de redução de consumo de água e energia; aumentos dos apoios ás freguesias; uniformização de preços das piscinas municipais; aumento da comparticipação do IRS; redução da derrama; gravação das reuniões de câmara para partilha pública; descentralização das reuniões de câmara nas freguesias, entre muitas outras.
No entanto, quase todos estes assuntos e propostas ficaram reféns de uma política do Presidente, assente numa postura de quero, posso e mando, que reiteradamente desrespeita os regulamentos e legislação em vigor, e que não permitiu em muitos casos sequer a sua discussão.
O PS tudo tem feito para a resolução dos grandes problemas do concelho, mas o Presidente tem reduzido as atividades da câmara a serviços mínimos, assente quase só numa política de distribuição aleatória de apoios sem critério e sem qualquer estratégia. Quando se pretende a discussão de grandes assuntos de interesse municipal, a resposta é sempre a mesma – vamos ver e na próxima reunião trazemos o assunto – nunca mais o assunto é presente a reunião de câmara.
Mas o ponto que considero mais negativo é a forma isolada, e diria até antidemocrática, como o Presidente resolve os assuntos, e quando aparecem para discussão com os vereadores do PS são já fatos consumados.
Acreditamos que se houvesse uma maior discussão, séria, dos assuntos o concelho poderia estar noutro caminho de desenvolvimento.

2 – O PS sempre manteve uma postura construtiva na discussão dos assuntos, apresentando propostas que consideramos enriquecedoras, e conseguindo alterações significativas em determinados assuntos: regulamento de apoio das bolsas de estudo com o fim do número limitado de bolsas a atribuir e extensão da atribuição da bolsa aos alunos de TESP; terminar com um ciclo de eternas renovações de contrato de recolha de resíduos e obrigar a concurso público; aumento dos apoios ás freguesias, aumento da comparticipação do IRS; desenvolvimento da APP do município, entre outras.
Importa referir que o estudo exaustivo que fazemos de todas as matérias de interesse para o concelho, e um cuidado de preparação de todos os assuntos das reuniões de câmara por parte dos vereadores do PS, tem vindo a trazer a alteração de comportamento do Presidente no cumprimento de alguns prazos e disponibilização de documentação, ainda assim insuficiente para um correto normal funcionamento da câmara municipal. ■