Inauguração do antigo Hotel Lisbonense foi o primeiro acto público da nova secretária de Estado do Turismo

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notícias das CaldasO Sana Silver Coast foi inaugurado um mês depois de ter entrado em funcionamento com uma festa que teve lugar na tarde do passado dia 4 de Julho e que contou com a estreia da nova secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles.
Com uma inauguração planeada ao pormenor, que teve a presença de duas centenas de convidados, a festa contou com algumas figuras do jet set local e nacional, num ambiente que fez lembrar os tempos áureos das festas brancas do Verão da Foz e de algumas touradas na praça de touros caldense.
À noite, após os discursos e a visita ao hotel, a SANA Hotels ofereceu outra festa, desta vez para o povo, com animação de rua, canções e um fogo de artifício lançado do telhado do hotel.

O novo hotel caldense representou um investimento de 8 milhões de euros, criou para já 35 postos de trabalho e deverá atingir o seu break even dentro de cinco ou seis anos.

Terá sido no Hotel Lisbonense que o presidente da Câmara das Caldas, segundo afirmou, se estreou na política quando pela primeira vez discursou em público, “tendo escapado por pouco de ter sido linchado pelos comunistas que queriam levar Portugal para uma ditadura”. Isto segundo o relato de Fernando Costa no discurso da inauguração do Sana Silver Coast ao recordar os momentos mais marcantes da história das Caldas da Rainha que ali ocorreram.
“Eu era um rapazito irrequieto que teve o seu baptismo na política, discursando diante de 1500 pessoas no salão deste hotel e ia sendo linchado pela oposição comunista”, contou o autarca que preside aos destinos das Caldas há 26 anos, precisando que isto ocorreu em 4 de Maio de 1974 e que nessa altura ele já se opunha a todas as formas de totalitarismo.
Ficou assim explicado um dos motivos pelos quais o presidente da Câmara sempre se opôs à demolição daquele imóvel tendo procurado sempre uma solução para a sua recuperação. Solução que só encontraria oportunidade quando o grupo FDO quis ali construir um centro comercial (o Vivaci), tendo, em contrapartida que recuperar o hotel.
Fernando Costa contou que foi o escultor José Fragoso (já falecido) que um dia lhe disse em tom enérgico que o Hotel Lisbonense era muito importante, não do ponto de vista arquitectónico, mas sim pela sua história, intimamente ligada à vida social, cultural e politica das Caldas da Rainha.
Já antes, Isabel Xavier, da Associação PH – Património Histórico, fizera uma breve resenha da história daquele hotel, mandado erguer por Vicente Paramos em 1890, em resultado da ampliação de um hotel mais antigo que ali existira. A presença de Rafael Bordalo Pinheiro e da sua fábrica de faiança ajudou ao desenvolvimento e ao cosmopolitismo da então vila, que beneficiou, de forma decisiva, da chegada do caminho-de-ferro às Caldas.
Os tempos áureos das vilegiaturas, o binómio “termas + praia” e a importância de Rodrigo de Berquó não foram esquecidos por esta investigadora, que fez votos para que o Sana Silver Coast fosse o embrião de um recomeço de termalismo.

UMA LIÇÃO PARA A JOVEM SECRETÁRIA DE ESTADO

Fernando Costa haveria de completar a história do hotel, recordando a sua importância na República, no alojamento dos refugiados da II Grande Guerra durante os anos 40, e mais tarde, nos anos 70, dos retornados das antigas colónias. Mas omitiu que foi por ali que passou também Humberto Delgado durante a sua campanha de oposição a Salazar. Por fim, o edil chegou ao histórico dia de 4 de Maio de 1974 quando se estreou na política.
Tudo isto num discurso que precedeu o da novel secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, que fez nas Caldas da Rainha o seu baptismo como governante ao inaugurar o hotel.
Fernando Costa dirigiu-se-lhe como um velho político veterano, regozijou-se com a sua presença ali poucas horas depois do programa do governo ter sido aprovado e deu-lhe conselhos.
Cecília Meireles acatou esse papel e começou por dizer que tinha aprendido uma “lição” do presidente da Câmara quando este referiu que estivera 26 anos à espera da oportunidade de recuperar o Hotel Lisbonense. “Uma lição de determinação para a concretização de um projecto”, referiu.
A secretária de Estado referiu que, embora tenha ouvido histórias dos seus pais que em criança iam às termas, estas não eram coisa do passado e representavam agora uma oportunidade para o desenvolvimento do turismo.
Terminou desejando “felicidades ao Sana Silver Coast e às Caldas da Rainha” e mais não disse, nem mesmo quando abordada pelos jornalistas, aos quais apenas respondeu que tomara posse quatro dias antes pelo que não se pronunciaria sobre nenhum dossier. Nem mesmo à Gazeta das Caldas quis dizer qual a sua visão para o turismo da eventual abertura do aeroporto de Monte Real ao tráfego civil.

SPA DENTRO DE DOIS MESES

Quem também não falou à imprensa foi o presidente do Conselho de Administração do grupo SANA Hotels, Nazir Din. No seu discurso fez referência ao “espaço pautado pela elegância e pelo conforto” do Silver Coast e o “equilíbrio entre a recuperação do glamour do velho hotel e o vibrante mundo tecnológico contemporâneo”. Piscou o olho aos caldenses convidando-os a experimentarem o bar e o restaurante do hotel – cujos preços são bastante acessíveis e mantém o histórico nome de Lisbonense -, e no final fez-se representar pelo seu porta voz oficial, Carlos Neves, que confirmou o investimento de 8 milhões, que deverá estar amortizado dentro de cinco ou seis anos.
Para 2011 novo estabelecimento hoteleiro caldense espera uma taxa média de ocupação de 55%. Até então, mesmo sem uma campanha publicitária agressiva, a taxa de ocupação rondara os 30 a 35%.
Carlos Neves diz que o Silver Coast vai contar com um spa dentro de dois meses e que este “vai ser lindíssimo”, embora não garanta que vá operar com águas termais.
Da parte de fora do gradeamento, cerca de 50 pessoas assistiram ao evento inaugural, cuja festa teve continuidade à noite com mais canções e um fogo de artifício que não ficou muito aquém dos do 15 de Maio.

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Caros Senhores,

    Gostaria apenas de comentar o curto fragmento deste artigo “desta vez para o povo”, o qual na minha opinião poderá transmitir uma ideia discriminatória da população em geral que assistiu à inauguração a partir das 21h30.

    Em vez de “povo” eu utilizaria “população em geral”

    Melhores cumprimentos

    Rui Baptista

  2. Estou muito feliz com mais incrementação da nossa cidade de Caldas. Estava mesmo a sentir-me a parente pobre de Óbidos!!! Agora Falta uma forcinha, gosto, brio e empenho para dar segurança e beleza ao parque D. Carlos I, que está com um ar tão abandonado. Era tão bonito! Com os seus canteiros de amores perfeitos, gladilos e o parque das rosas!