O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, voltou à Festa de Verão do PCP, junto à Lagoa de Óbidos, para dizer que um ano depois o país está melhor, resultado da política de esquerda que tem vindo a ser aplicada.
Entende, porém, que devem ser tomadas medidas mais drásticas, nomeadamente em relação a Bruxelas, não aceitando as sanções por défice excessivo, renegociando a dívida e preparando a saída de Portugal da moeda única.
A um ano das eleições autárquicas o PCP quer concorrer a todas as câmaras e assembleias municipais e pediu um reforço dos votos.
A festa, que decorreu no passado dia 17 de Julho, reuniu cerca de 300 militantes e simpatizantes do PCP num terreno que pertence ao partido, junto à Foz do Arelho.
A reposição dos horários de trabalho, dos quatro feriados e dos abonos de família, bem como a gratuitidade dos manuais escolares, foram alguns dos aspectos positivos da política do novo governo socialista destacados pelo líder comunista.
Jerónimo de Sousa falou do apoio que o PCP deu para a concretização do novo governo e considera necessário que este rompa “com os constrangimentos” impostos por Bruxelas, com as sanções a Portugal por défice excessivo.
O dirigente comunista entende que as sanções são “a ponta do iceberg”, que escondem o objectivo de “nos impor a política que pretendem e impedir que tenhamos o direito de decidir da nossa própria soberania e futuro”. Defende, ao invés disso, uma política de afirmação do país, com a renegociação da divida e o abandono da moeda única.
Jerónimo de Sousa reforçou que o PCP não é governo e deu um exemplo recente, sobre a escolha dos juízes para o Tribunal Constitucional, em que o PS se entendeu com o PSD e BE, não tendo consultado o PCP. “Estamos perante um governo do PS que faz os entendimentos que muito bem entende”, disse, acrescentando que embora não aceite a discriminação de que foram alvo, não irá “fazer a cama” ao PS.
Reiterou que o compromisso do PCP é para com o povo e os trabalhadores e que votarão favoravelmente o que for bom para eles. Relativamente ao Orçamento de Estado para 2017, disse que só o votará favoravelmente se não reverter direitos dos trabalhadores.
A solução comunista para o país passa por uma maior produção interna. “Só produzindo mais é que criamos mais emprego, devemos menos ao estrangeiro e conseguimos um maior crescimento e desenvolvimento económico”, defendeu, contrapondo esta visão à de aumento dos impostos e empobrecimento do povo.
Um distrito com elementos contraditórios
Adelaide Pereira, da direcção da Organização Regional de Leiria (DORLEI), falou dos elementos contraditórios que marcam a situação política no distrito de Leiria. Se, por um lado, reconhece que tem havido uma recuperação dos direitos e rendimentos, por outro dá nota da continuidade de salários baixos, desregulamentação dos horários de trabalho, repressão patronal e destruição de postos de trabalho. E exemplificou com os despedimentos colectivos na empresa municipal Nazaré Qualifica e nos estaleiros Navais de Peniche.
A dirigente comunista apelou à intensificação da luta e destacou a “determinação e firmeza” dos trabalhadores do distrito que têm tentado aumentar os seus salários e defender a contratação colectiva em várias empresas.
Adelaide Pereira referiu a luta dos trabalhadores contra a imposição da laboração contínua na Schaeffler, nas Caldas da Rainha, dos pescadores na Nazaré e Peniche em defesa da contratação colectiva e melhoria de condições de trabalho a bordo, e dos agricultores que passam dificuldades pelos elevados custos da produção.
Adelaide Pereira realçou ainda que o PCP no distrito continua empenhado na defesa da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde, fazendo notar a falta de médicos e enfermeiros e a incapacidade de resposta aos problemas das listas de espera. Continuarão também a bater-se pela “defesa do hospital de Peniche e do Hospital Termal das Caldas público e de serviço público, integrado no SNS”, disse.
Os problemas de poluição e assoreamento da Lagoa de Óbidos também preocupam estes dirigentes que defendem ainda a modernização da Linha do Oeste.