Humberto Marques ‘pegou’ numa série de perguntas dos deputados municipais para falar dos planos para o combate à desertificação no concelho

O município quer implementar uma estratégia local para a habitação que visa atrair 400 famílias para o conselho no prazo de 10 anos. Parte do plano passa pelo reordenamento da zona entre a rotunda da A8 e o Bairro dos Arcos para permitir a construção de habitações perto do centro histórico a preços controlados. No interior na vila poderão haver restrições ao comércio e serviços

Humberto Marques, presidente da Câmara de Óbidos, pegou num conjunto de questões feitas pelos diversos grupos municipais com assento na Assembleia Municipal no período antes da ordem de trabalho do plenário do passado dia 28 de Fevereiro, realizado nas Gaeiras, e abordou aquela que deverá ser a estratégia do município com a qual pretende atrair 400 famílias nos próximos 10 anos. Cristina Rodrigues, do PS, foi quem lançou a semente, ao desafiar o autarca a fazer o levantamento de quantas pessoas habitam o interior das muralhas e arrabaldes e questioná-lo sobre planos para combater a desertificação da vila. Humberto Marques disse que há 83 residentes em permanência naquela zona, com uma faixa etária predominantemente acima dos 55 anos.
“Por isso avançámos com a Praça da Criatividade, ou a ligação à vila de Óbidos com mobilidade suave”, disse o edil. Medidas que fazem parte de uma estratégia local para a habitação, cujo modelo ainda será alvo de discussão, mas sobre o qual Humberto Marques adiantou algumas linhas gerais. Essas passam por desenhar “rapidamente” o ordenamento entre a rotunda da A8 e o Bairro dos Arcos, de modo a atrair moradores.
Controlar os preços no interior das muralhas é outra necessidade para ali fixar moradores. Humberto Marques defende um Plano de Pormenor que crie quotas limitadas para o comércio e serviços. O autarca disse que se chega a negociar o m2 em ruína a 6 mil euros, o que é dissuasor para quem pretende comprar para habitação permanente. A estratégia não se limita à vila de Óbidos, estende-se a todo o concelho. De resto, um dos fins que a autarquia pretende dar ao terreno da antiga Coopercaldas, que adquiriu recentemente por 190 mil euros, é justamente a habitação. Humberto Marques salientou ainda a importância de ligar os centros habitacionais ao Parque Tecnológico e à ESAD.CR, e a premência de ter uma Linha do Oeste válida e um novo hospital. Neste último particular, Humberto Marques viu Cristina Rodrigues garantir disponibilidade da bancada socialista para um entendimento.

ÓBIDOS CONTRA TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS

Durante a sessão, os deputados municipais aprovaram uma proposta do BE para instar a Assembleia da República a suspender a obrigatoriedade da conclusão do processo de transferência de competências a 1 de Janeiro do próximo ano.
João Paulo Cardoso (BE) falou do crescente número de opiniões contrárias a este processo que tem sido implementado de forma faseada, inclusivamente no último Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
“Se as assembleias municipais se pronunciarem atempadamente, a entrada em vigor desta última parte pode ser prolongada no tempo”, sustentou, acrescentando que a de Óbidos poderia ser das primeiras a pronunciar-se sobre esta matéria. A proposta reuniu os votos contra do PS e as abstenções do CDS e da CDU, mas foi aprovada pela maioria PSD e pelo BE.
Naquela sessão foram aprovados a integração do município de Óbidos na Associação Geoparque Oeste, por unanimidade, e na Rede Cultura de Leiria, com duas abstenções. Entre as decisões tomadas pelos deputados municipais, foi ainda aprovada a assunção de compromissos plurianuais que viabiliza a reabilitação da Casa dos Seixos, na Amoreira, obra orçada em cerca de 350 mil euros, e os novos regulamentos dos serviços de abastecimento de água, saneamento e gestão de resíduos urbanos.