Os problemas das pessoas e o debate político numa assembleia de freguesia na Serra do Bouro

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Gazeta das Caldas
A sala encheu com os deputados e os fregueses, mas, na hora de falar, só um cidadão usou da palavra para questionar sobre as casas de banho do miradouro
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Gazeta das Caldas acompanhou a Assembleia de Freguesia de Santo Onofre e Serra do Bouro que se realizou, a 29 de Junho, na antiga sede da Junta serrana. As preocupações com as casas de banho do miradouro e com o pavimento das ruas foram apresentadas, numa sessão onde se discutiu a questão do património da união de freguesias e a delegação de competências da Câmara que tinha sido chumbada pela oposição.

Gazeta das Caldas
A sala encheu com os deputados e os fregueses, mas, na hora de falar, só um cidadão usou da palavra para questionar sobre as casas de banho do miradouro

Numa sexta-feira à noite quantas pessoas vão a uma assembleia de freguesia em meio rural? Sobre o que se fala? Trata-se de um mero formalismo entre os eleitos? Há moradores preocupados que aparecem para apresentar os seus problemas?
Gazeta das Caldas esteve na Serra do Bouro para acompanhar uma assembleia de freguesia da união que contém uma freguesia citadina (Santo Onofre) e uma rural (Serra do Bouro) e conta-lhe como foi.
Começando pelo fim, pelo período em que os cidadãos têm a palavra, ouviu-se apenas um dos dez fregueses que estavam na sala a questionar o executivo. Silvino Maria quis saber das casas de banho que estavam no miradouro e foram retiradas, notando que, sendo uma zona de turismo, há muita gente que nota a falta daquele equipamento. O munícipe acrescentou que tinha ouvido dizer que tinham sido vandalizadas.
Mas João Pina, secretário da Junta, esclareceu – em tom de brincadeira – que se foram vandalizadas foi por São Pedro, visto que as casas de banho voaram arriba abaixo numa noite de temporal em Dezembro, tendo sido arrumadas até ser encontrada louça sanitária adequada.
Mais nenhum dos fregueses usou da palavra e a reunião terminou. Os outros terão apenas sido atraídos pela curiosidade. Ouviram falar do Polidesportivo da Serra do Bouro, que segundo Álvaro Baltazar (antigo presidente da Junta da Serra do Bouro), foi construído num terreno camarário e por isso não está inscrito na Conservatório do Registo Predial como propriedade da junta de freguesia.
A solução para a resolução do problema está em estudo na Câmara e deverá passar por uma cedência do direito de superfície ou uma transferência da propriedade. Aquele equipamento foi inaugurado em 1998, custou 200 mil euros, mas só ali foram realizados oito jogos oficiais.
Na sessão também houve deputados a dar voz a preocupações de moradores, em questões como a pavimentação da Quinta do Pinheiro e a falta de pressão da água na zona do Talefe.

Um dos momentos acalorados da noite foi quando se falou da delegação de competências da Câmara à Junta da Serra do Bouro para a construção do miradouro, uma obra no valor de 13 mil euros. Contudo, a agora união de freguesias nunca recebeu esse dinheiro porque faltava um documento que formalizasse essa transferência. Como, numa sessão anterior, a oposição votou contra que essa delegação fosse feita à posteriori, Abílio Camacho (PSD) acusou os seus adversários políticos de serem os responsáveis pela não entrada do dinheiro da Câmara.
Alberto Gonçalves (PS), presidente da mesa da Assembleia de Freguesia, retorquiu que os socialistas votaram contra porque tinham dúvidas acerca da legalidade do acto, notando que ainda sugeriram que a votação fosse retirada da ordem de trabalhos para futuros esclarecimentos, o que não aconteceu.

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