“Queremos projetar o desenvolvimento para as freguesias”

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Filipe Daniel assegura que coloca os interesses das populações à frente dos partidos e, por isso, vai procurar estabelecer parcerias com Caldas da Rainha
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Óbidos vai manter a aposta nos grandes eventos. O novo chefe do executivo municipal garante que o interior das muralhas continuará a ser a “âncora” do concelho, mas quer impulsionar as freguesias

Filipe Daniel concedeu à Gazeta das Caldas a primeira entrevista após a tomada de posse como presidente da Câmara de Óbidos. O autarca explica como têm sido os primeiros dias nas novas funções e traça a estratégia para o futuro do concelho.

Entrou nos Paços do Concelho e logo com um evento como o Folio. Como foi o impacto?
Tem sido uma correria, com um evento extremamente importante para Óbidos e para a região. O Folio é um evento cultural que nos diz muito e que é para manter e ganhar outra dispersão pelo nosso território. Mas foi bastante absorvente e nós fizemos questão de, como executivo, estar presentes.

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E, para além do Folio, como decorreu o assumir das pastas?
Naturalmente com muita tomada de decisão. Fizemos questão de falar em primeira instância entre o executivo, de forma a dividir os pelouros, de forma a ficarem o melhor distribuídos, consoante as competências de cada um e parece-nos que foi bem conseguida essa divisão. Foi o primeiro ato. Acredito que as coisas vão acontecer muito naturalmente. No contacto com as pessoas senti um desejo de uma dinâmica nova. Tudo isto, aliado a um conjunto de procedimentos que têm que ser feitos, é muita informação num curto espaço de tempo, mas que estamos a tentar gerir da melhor forma.

José Pereira e Margarida Reis permanecem do anterior executivo. É uma mais-valia essa continuidade?
Claramente. Não apenas pela grande competência que têm, por serem dois quadros de excelência que transitaram do anterior executivo, mas também pela experiência política e do terreno. Para mim, enquanto novo elemento nesta função, é importante ter estas duas bases, que acabam por ser três, porque o vereador Telmo Félix era o braço direito do anterior presidente da Câmara. Isso garante que não perdemos tempo a conhecer os cantos à casa.

Prometeu, na tomada de posse, renovar a liderança do PSD. Como o pensa fazer?
Com sensibilidades diferentes. Naturalmente, qualquer presidente de Câmara desperta áreas de intervenção diferentes. Cada um tem a sua personalidade e a sua liderança. Nós vemos a nossa liderança com um sentido de ainda maior proximidade. Como já temos um conjunto de obras, infraestruturas e equipamentos no concelho, é importante a questão da manutenção, até porque temos de ter a perspetiva de que estamos a atravessar uma pandemia. Mas há coisas que queremos fazer, como criar um conjunto de passadiços e uma ponte suspensa entre o Sobral da Lagoa e a Amoreira. Óbidos é um destino bastante procurado também pelas suas caraterísticas naturais e podemos desenvolver mais-valias para o desenvolvimento do território no seu todo. O interior das muralhas será a âncora do desenvolvimento, vamos manter a estratégia assente nos grandes eventos, mas queremos projetar mais as freguesias.

Como é que Óbidos e Caldas se podem entender, agora que não é o PSD a liderar os dois municípios?
Apesar de não ser o PSD a liderar estes dois municípios, a verdade é que se encontram a liderar os executivos duas pessoas que pretendem convergir em vez de divergir. Sempre fui uma pessoa de ligações e procurei sempre trabalhar em sintonia. Já percebi nos contactos que tive com o presidente Vítor Marques que há pontos de convergência. Para já, fizemos uma pequena abordagem no sentido de perceber se há a possibilidade de discutir temas como a lagoa. Situações como a área da saúde também são convergentes, tal como o desenvolvimento económico e industrial. Há muito para trabalhar em conjunto, mas tomámos posse há poucos dias.

O que espera da oposição do PS?
Ainda só tivemos uma reunião de Câmara. Espero que a oposição reconheça este meu tipo de liderança, de não ver a parte política acima das pessoas e da comunidade, e que exista um trabalho mais próximo, com crítica construtiva. Sou uma pessoa com abertura, que sabe ouvir e que está disponível para ajudar na construção de um futuro melhor.

E há espaço para gerir a Câmara e o partido ao mesmo tempo?
Haverá sempre espaço desde que haja vontade! Julgo que sim, temos de pensar numa situação e noutra, mas, para mim, as pessoas e o território estão sempre em primeiro lugar.

Em que posição se coloca o PSD/Óbidos face às eleições internas?
Estamos num período de avaliação. Queremos auscultar os elementos da Concelhia e perceber qual o caminho a seguir.

Sobre a ideia da requalificação do aqueduto da Usseira, que apresentou em campanha, o que pode adiantar mais?
A par do castelo, o aqueduto é um monumento extraordinário e que está a cair ano após ano. Dada a importância que tem este monumento é quase imperativo recuperá-lo. A Câmara de Óbidos, naturalmente, não tem a disponibilidade financeira para fazer essa recuperação, mas vamos tentar reunir com as entidades, tal como iremos fazer para as ruínas de Eburobrittium.

“Não é o PSD a liderar Caldas e Óbidos, mas encontram-se a liderar os executivos municipais duas pessoas que pretendem convergir”

“Parece-me imperativo que os serviços saiam da vila para ter uma oferta melhor”
Filipe Daniel

 

Entrando no tema da saúde, falou da construção de uma nova USF. Já foram dados passos nesse sentido?
A saúde, a par da dimensão social, era das nossas grandes bandeiras, tal como o desenvolvimento económico. Pelas más condições, prioritária é a recuperação do Centro de Saúde e depois trabalharemos na possibilidade de transição para essa unidade de saúde familiar. Durante as obras, está prevista a transferência de pessoas e será utilizado o espaço próximo do complexo municipal.

A unidade de medicina desportiva já tem uma localização?
Poderá funcionar de duas formas: ou encontramos um espaço junto ao complexo municipal ou criamos uma parceria com entidades ligadas à saúde e recuperação de atletas, recreativos ou profissionais, em espaços já existentes. Dada a centralidade de Óbidos, talvez seja mais indicado criar uma estrutura própria para esse fim. Mas também poderá começar numa primeira fase com este tipo de empresas e depois evoluir para uma dimensão maior.

Qual a necessidade de uma unidade de integração de pessoas com necessidades especiais no concelho?
É uma das sensibilidades que o atual executivo tem mais vincada do que os anteriores. Têm sido recorrentes as queixas relativamente à inexistência deste serviço. Para mim faz todo o sentido, tal como um centro de apoio à vítima, com o devido sigilo e com pessoas especializadas na matéria. Queremos fazê-lo o mais depressa possível, são necessidades diárias.

Já está previsto algum projeto de melhoria das acessibilidades no interior das muralhas? Os serviços são para deslocalizar?
Face às condições que existem no interior da vila e face aos locais onde estão os serviços como o Notário, a Segurança Social ou a Junta de Freguesia, estamos a equacionar transferi-los para fora das muralhas. Teremos de encontrar um espaço para reabilitar, que será o mais lógico, até porque o município tem património próprio, ou construir um novo, para que as pessoas consigam facilmente aceder. Tem de ter estacionamento, tem que ser plano e garantir alguma privacidade. Mas parece-me imperativo que os serviços saiam da vila para ter uma oferta melhor.

Óbidos afirmou-se com os eventos. É uma aposta para manter?
Os eventos têm sido o garante do fortalecimento da marca Óbidos, que é fortíssima e que pode ser ainda mais forte. Fomos pioneiros com o medieval, com a Vila Natal e agora com o Folio. Temos de estar um passo à frente. Perspetiva-se que o Folio possa ocorrer noutros municípios, porque já fomos contatados. E podemos pensar em alternativas diferenciadoras, como um evento de gaming, que poderia estar associado aos gadgets eletrónicos, que são assuntos que interessam às novas gerações. ■

“Sinto-me confortável no papel de presidente da Câmara”

A vida do sucessor de Humberto Marques mudou muito com a eleição, mas Filipe Daniel está motivado para deixar uma marca na autarquia

Criação de uma bolsa industrial entre a Amoreira e o Olho Marinho está nos planos do autarca

Filipe Daniel é um estreante nas funções de presidente da Câmara, mas o sucessor de Humberto Marques à frente da autarquia está a apreciar os primeiros dias de trabalho nos Paços do Concelho.
“Estou a vestir o papel de presidente da Câmara e sinto-me confortável, porque estou com a equipa que criei e em quem confio”, assevera o social-democrata, para quem é necessário estar rodeado “das melhores pessoas, das mais competentes, para ter mais tranquilidade”. “Foi trabalho político feito há vários meses e que dará frutos no futuro”, sublinha o autarca, cuja vida se transfigurou por completo a partir de 26 de setembro, quando ganhou as eleições autárquicas.
“Mudou tudo na minha vida. O meu trabalho é mais ligado a uma parte rural e consultadoria técnica no âmbito da agricultura e tinha projetos de bebidas licorosas e espirituosas, além de outra intervenção no imobiliário. Neste momento o foco é total na Câmara Municipal de Óbidos”, assegura.

Chefe do executivo municipal de Óbidos explica que tudo mudou em termos pessoais com a eleição de 26 de setembro

Relativamente ao futuro, o chefe do executivo municipal considera que a Óbidos Criativa “será um parceiro cada vez mais importante nos eventos” e que “faz todo o sentido manter e fortalecer” a empresa municipal.
“Os eventos são estratégicos para Óbidos e a empresa municipal dinamiza muito bem os eventos. Com a Praça da Criatividade e o Armazém do Vinho entretanto para dinamizar, podemos ter aqui novas oportunidades”, frisa Filipe Daniel, escusando-se a revelar se fará alterações na administração da Óbidos Criativa neste mandato.
Com a obra da Praça da Criatividade em curso, tendo a previsão de estar terminada no final do ano, o presidente da Câmara de Óbidos aponta a inauguração para o feriado municipal.
E se o Folio lhe caiu nas mãos mal tomou posse, no que diz respeito à Vila Natal, o autarca também opta por manter o rumo. “A base do evento está definida e não vamos mexer. Vão surgindo novas ideias e com um novo presidente as pessoas podem sentir uma abertura que não sentiam. O que queremos sempre garantida é a qualidade acima da média. As pessoas quando nos procuram sabem que encontram um evento de excelência”, sublinha o autarca, reconhecendo que a habitação jovem, um tema muito abordado durante a campanha, é “uma prioridade mas não a tão curto prazo”. Outra prioridade passa pela ampliação da zona industrial ou a criação de uma bolsa industrial, entre a Amoreira e o Olho Marinho. ■

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