Num momento em que, nos bastidores, já se começam a discutir as listas de candidatos a deputados e dois dos principais partidos do chamado arco de poder estão entretidos em guerrilhas internas, enquanto o país mergulha numa crise política evitável, o afastamento de Caldas da Rainha do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal do Oeste, em detrimento do Cadaval, passou relativamente despercebido. Mas esta não é uma questão despicienda e até surge em contraponto do que aconteceu na maioria das CIM, em que os grandes municípios, dado o seu peso institucional, não foram afastados.
Parece evidente que o reforço de votação dos movimentos de independentes nas autárquicas causou mal estar aos partidos. Mas isso não justifica que, quase em jeito de retaliação, a lógica dos aparelhos partidários se pareça transpor, neste caso, para o debate regional. E que Caldas seja, de certo modo, deixada para trás, sobretudo quando se avizinham decisões muito relevantes, nomeadamente no que diz respeito à escolha da localização do novo Hospital do Oeste.
Custa a entender como os independentes, que estão no poder, embora sem maioria absoluta, em duas Câmaras (Caldas e Peniche) sejam secundarizados, em detrimento da CDU, que apenas detém uma Câmara (Sobral de Monte Agraço). Em política, todos os atos têm leituras e esta escolha dos presidentes de Câmara do Oeste também tem. Por definição, o objetivo dos partidos é chegar ao poder. E sem partidos a nossa própria definição de democracia fica enviesada. Mas não pode valer tudo. O concelho das Caldas não pode ser penalizado “apenas” por ter decidido mudar a liderança de um partido para um movimento de independentes. ■