A semana do Zé Povinho – 07-09-2018

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Gazeta das Caldas
| D.R.

Tem um quiosque de venda de jornais e de outros produtos há 40 anos ao cimo da Praça de Fruta, devendo ser o vendedor da Gazeta das Caldas mais antigo vivo em continuidade de funções, demonstrando uma permanência invulgar em termos comerciais.
Apesar da vulnerabilidade inicial do seu estabelecimento comercial (uma pequena barraca metálica encostada à Ermida de S. Sebastião), conseguiu com a sua persistência, transitar posteriormente para um mais vistoso quiosque idêntico aos existentes nas cidades maiores e captar a atenção dos clientes que passam a pé e de automóvel e fazem as suas compras quase num drive-in.
O Quiosque Bernardino filia-se naquela tradição antiga do início do século passado, em que os locais de venda da imprensa, como de tabaco e de outras comodidades, constituíam um real fórum de debate e discussão das novidades que eram trazidas pelos jornais, cultivando amizades e fidelidades que marcam gerações.

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O Sr. Américo Bernardino é presentemente uma figura conhecida dos caldenses que frequentam quotidianamente o centro da cidade, para trocarem dois dedos de conversa, inteirarem-se das novidades, muitas vezes só pelas capas dos jornais que estão expostos, e pelo diz-que-diz da “coscuvilhice” rústica.
Zé Povinho felicita-o pelos 40 anos de invulgar permanência, tendo constituído ao longo deste período um verdadeiro observatório das reacções a cada edição da Gazeta das Caldas, a quem demonstra uma fidelidade muito grande nas vendas semanais.

 

 

 

 

[caption id="attachment_123554" align="alignleft" width="221"]Gazeta das Caldas | D.R.[/caption]

O Brasil está a atravessar uma dura e intrincada crise económica desde a recessão mundial ocorrida há dez anos, a que juntou uma verdadeira crise política, que levou à queda por impeachement da anterior Presidente da República, Dilma Roussef, para ser substituída pelo seu vice-presidente, Michel Temer, que politicamente a traiu com inúmeras alianças espúrias para ficar com o lugar.
Os últimos cinco anos, com as acusações cruzadas de corrupção a que parece não escapar ninguém do poder político instalado, da esquerda à direita, têm dado uma imagem trágica daquele país irmão de Portugal, até há anos considerado um dos BRICKS (Brasil, Rússia, India, China, Coreia e África do Sul) que ia liderar a economia mundial e que afinal deixou-se afundar numa sucessiva série de problemas insolúveis.
Nos últimos anos afunda-se numa persistente crise económica e financeira, em que o dinheiro falta para tudo, mesmo para assegurar a segurança dos seus habitantes, agravando-se diariamente os problemas resultantes da criminalidade urbana que vê morrer diariamente muitos cidadãos na sequência de rixas, assaltos e ajustes de contas entre gangs inimigos e inocentes.
Esta desagregação orçamental do Estado Federal tem levado ao abandono do financiamento, principalmente dos serviços públicos, bem como da preservação e guarda do seu património arquitectónico e museológico.
Esta semana, num ápice, foi devorado pelo fogo o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que guardava um espólio valiosíssimo da história do Brasil, reunido nos últimos dois séculos, naquilo que constitui uma perda irreparável e insubstituível.
O museu, entregue à Universidade Federal do Rio de Janeiro, não tinha recursos suficientes para garantir a sua manutenção, não dispondo sequer de condições para impedir e combater o fogo se este se declarasse como ocorreu.
O Presidente Michel Temer, como a personalidade que excluiu ostensivamente a anterior presidente por razões que não tinham a ver com a corrupção, é a figura que representa e significa amplamente esse Brasil descuidado, desorganizado, onde a corrupção e a violência grassa, irresponsável e que não sabe ou quer preservar um património natural e/ou arquitectural imenso e de grande significado.

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