Zé Povinho é um admirador da sétima arte (e por isso lamenta tanto a programação indigente dos cinemas do centro comercial caldense) e acompanha com interesse os filmes que vão saindo, tanto na produção internacional como nacional. E como entende que as novas gerações de hoje serão os seniores consagrados de amanhã, vai também observando atentamente os projectos amadores e académicos dos mais jovens, cujos trabalhos são apresentados ao público.
Não poderia, assim, passar-lhe despercebida a apresentação da curta metragem Sweet Amelia, que teve lugar no CCC no dia 7 de Agosto, que foi escrita e produzida pela caldense Ana Araújo. Trata-se de um projecto académico da Universidade de Middlesex, em Londres, realizado por um grupo de alunos que se deslocou às Caldas da Rainha para fazer as filmagens, as quais tiveram lugar na Serra do Bouro, na Mata, no Parque e nos Pavilhões do Parque.
Desta forma, esta caldense de 19 anos acabou a promover a sua terra natal além fronteiras, não só pela visualização do seu filme (que já passou em Londres e deverá ser apresentado em festivais internacionais), como pelos colegas estrangeiros que trouxe às Caldas e que ficaram a adorar a região.
Acresce que Zé Povinho gostou do filme propriamente dito, embora não resista a comentar a ironia de se aproveitar os Pavilhões do Parque para cenário de um mundo pós apocalíptico. A jovem Ana Araújo teve olho e terá certamente uma boa carreira cinematográfica. Zé Povinho dá-lhe os parabéns, extensivos também à jovem caldense Inês Antunes, igualmente estudante em Londres, neste caso no curso de Cabelo, Maquilhagem e Efeitos Especiais e que também ajudou na produção do Sweet Amelia.
Este mundo em que todos vivem e que diariamente sentem mais ameaçado ambientalmente, confronta-se com alguns líderes mundiais, eleitos em votações mais ou menos democráticas, se se descontar as interferências artificiais feitas pelas redes sociais.
Não bastando a liderança norte-americana de Trump, o povo brasileiro elegeu Jair Bolsonaro, num processo cada vez mais intrigante de manipulação anterior do poder judicial para afastar o concorrente Lula da Silva e cujos efeitos no pulmão global – a Amazónia – estão a indignar o mundo preocupado com estes temas.
Segundo o próprio organismo oficial brasileiro, a destruição da área verde da Amazónia está a atingir níveis nunca antes batidos. Assim foram destruídos 739 km2 de floresta em Maio, 34% mais do que em igual período do ano anterior, ou seja, o equivalente a dois campos de futebol arrasados por minuto. Em Junho foram mais 920 km2 (+88 %) e em Julho ainda mais 1 864 km2 (+212 %).
Solução Bolsonaro quando estes dados foram tornados públicos: demitir o presidente do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, Ricardo Galvão, responsável por aquela observação científica.
Aquilo que se tornou um pesadelo para os responsáveis mundiais do ambiente e que estudam as alterações climáticas, é apenas uma fake new para o Presidente brasileiro.
Contudo, alguns países, como a França e a Alemanha, que financiavam projectos na Amazónia, ameaçaram suspender esses financiamentos, face ao comportamento errático das novas lideranças brasileiras.
Zé Povinho, que já viu muitas tragédias ambientais, espera que as autoridades judiciais brasileiras desta vez vejam com menos parcialidade e possam impedir a continuação da destruição da Amazónia, mas teme que já venha a ser tarde. Para já, fica este grito de indignação pela atitude persecutória de Bolsonaro por quem cientificamente se lhe opõe, como se a realidade pudesse ser desmentida pela política populista de um líder.