António Seguro – “Os populismos são ervas daninhas que nascem no jardim da Democracia”

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O antigo líder do PS considera que neste momento a Europa não resolve os problemas concretos das pessoas

António José Seguro foi um dos convidados da Semana Raul Proença que partilhou algumas ideias sobre a Europa com jovens do 10º ano. O encontro decorreu a 3 de Abril na biblioteca escolar e contou com grande participação de alunos e professores. O anterior secretário geral do PS, que vive com a sua família nas Caldas da Rainha, considera que a Europa não está a lidar bem com os populismos e nacionalismos. “São ervas daninhas do jardim da Democracia e a UE não está a lidar bem com as mesmas”, disse.

“Os populismos e os nacionalismos são ervas daninhas que nascem no jardim, que é imperfeito, da Democracia”, disse António José Seguro. O convidado está preocupado porque a UE “tem dado muito espaço a estas ervas daninhas e elas já cresceram muito”. Acha também que a Europa, em vez de agir, “tem corrido atrás do prejuízo” e nos momentos críticos “não encontra soluções comuns para resolver os problemas concretos das pessoas”. E estas últimas entram em desespero, aceitando “qualquer proposta radical que lhes bata à porta”. Por isso, o ex-secretário-geral do PS mostrou-se preocupado com os resultados das eleições europeias que se realizam em Maio.
“A Europa é sobretudo um projecto tecnocrático”, criticou. E recuou no tempo para recordar que, nos anos da crise, entre 2008 a 2013, enquanto alguns país como Portugal e a Grécia sofriam as consequências da crise financeira, outros beneficiaram, obtendo grande liquidez, como foi o caso da Alemanha. “Então mas a Europa não era um projecto solidário na sua base? Ou só serve para se preocupar com a estabilidade de alguns?”, questionou o orador, acrescentando que países como a Alemanha se mantinham na liderança europeia “já não pela força dos panzers (carros de combate da guerra), mas sim pela via do euro”.
A Europa está a fraquejar porque “a política deixou de estar no comando do mundo”, prosseguiu. Hoje quem decide “é o poder financeiro e económico”, afirmou o socialista para quem a globalização “não permitiu a coesão e aumentou o fosso entre ricos e pobres”.
Para António Seguro actualmente “vive-se num sistema de Capitalismo selvagem onde quem trabalha paga elevados impostos e quem se dedica à especulação vai enriquecendo à margem”. Considera que a globalização não tem regras e que os partidos tradicionais não estão à altura de responder aos problemas comuns. E em relação às lideranças europeias, “falta gente competente e eticamente responsável”, disse, acrescentando que “a política não está na moda”. No seu entender, há pelo menos 15 anos que deixou de haver fortes líderes europeus e actualmente a maioria dos políticos encontra-se sequestrada pela economia e finança.
Seguro diz que para a sua geração o projecto europeu “era de esperança, servia para unir as pessoas e resolver as necessidades de todos” e por isso revolta-se quando vê partidos nalguns governos a fazer campanha contra imigrantes, quando o continente europeu já mostrou que está a envelhecer e precisa de gente. Este tipo de atitude não faz sentido, sobretudo porque “a nossa riqueza está na diversidade de povos que nos compõem”.

Ninguém se vê fora da UE

Já sobre o Brexit, o socialista acha até que quando Cameron convocou o referendo, em 2016, fê-lo “na esperança de continuar na UE”. Agora acha que o país “têm sérias dificuldades em lidar com o problema”. Considera ainda que os políticos britânicos “dão uma péssima imagem de um país que não sabe qual é o caminho que verdadeiramente se quer. Vamos ver como vai terminar…”.
Com esta vinda à escola caldense, António José Seguro pretendeu chamar a atenção para as gerações mais novas de que a UE “é um projecto de paz, segurança e prosperidade” e ficou satisfeito pelo facto dos alunos se terem manifestado “a favor de uma Europa solidária e não de egoísmos”.

Mãe coragem partilha história de salvamento

Paula Marinho e o enfermeiro Paulo Francisco Neto

Paula Marinho é mãe de um menino de três anos. Há três semanas apanhou o maior susto da sua vida quando o viu a boiar na piscina da sua casa, em S. Martinho do Porto. Mas a história que podia ter sido trágica acabou por ter um final feliz porque Paula Marinho conseguiu manter o sangue frio e aplicou os conhecimentos do curso em Suporte Básico de Vida (SBV) que tinha adquirido há dois anos.
O acidente aconteceu a 23 de Março e perante a imagem do corpo do filho a boiar de costas na piscina, o pai retirou-o da água e Paula Marinho começou a fazer a reanimação. “Lembrava-me que tinha que fazer compressões, colocá-lo de lado, que não o podia deixar engasgar, mas precisava de ajuda”, disse, acrescentando que pai e filha ligaram ao mesmo tempo para o 112, um para dar as indicações do local e o outro para pedir explicações sobre o que fazer. Pouco tempo depois os Bombeiros de S. Martinho e os profissionais da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) das Caldas estavam no local e completaram a reanimação.
O pequeno Dinis está agora bem. Continua com acompanhamento por parte dos médicos porque não sabem quanto tempo esteve sem oxigénio no cérebro e se terá algumas lesões. “À partida parece estar tudo bem e chamam-lhe uma criança milagre, tendo em conta tudo o que aconteceu”, contou a mãe, que fez questão de participar na acção Mass Training em Suporte Básico de Vida, organizado pela equipa da VMER em colaboração com o CHO e a direcção da escola, no âmbito da Semana Raul Proença.
Paula Marinho incentivou os alunos a tirarem o curso de Suporte Básico de Vida (SBV) e treinarem em casa pois os conhecimentos adquiridos podem realmente salvar uma pessoa. “Nunca entrem em pânico e disponibilizem todas as indicações ao 112 porque eles precisam delas para vos ajudar”, aconselhou.
A VMER já dinamiza esta formação em SBV na escola Raul Proença desde 2003, envolvendo anualmente mais de 200 alunos do 9º ano de escolaridade. O enfermeiro Nuno Pedro explica que este ano apresentaram o testemunho de Paula Marinho para alertar para os perigos de afogamento, sobretudo porque há praias que não são vigiadas e cada vez mais pessoas têm piscina.
A mesma equipa está a desenvolver um projecto onde pretendem acompanhar cerca de 220 alunos durante seis anos (entre o 7º e o 12º ano) e avaliar os seus hábitos de vida.
“Queremos tentar perceber quando começam a fumar, que tipo de alimentação têm, se fazem desporto, etc.”, disse o enfermeiro, acrescentando que também tentam ver qual a influência dos pais no comportamento dos filhos. O objectivo é ver o que podem depois fazer para alterar esses comportamentos.
Este foi o terceiro ano de realização do projecto e que contou com a participação de cinco médicos do CHO que, além de fazerem o inquérito, também avaliaram o índice de massa corporal dos alunos.