Aulas de português ajudam ucranianos a fixar-se na região

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A iniciativa juntou os imigrantes ucranianos que aprendem Português
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Jantar convívio na coletividade da Foz juntou os estudantes de português e elementos da OICV, que preparou o repasto

A aula de português para ucranianos foi diferente na semana passada. Em vez de decorrer nas instalações da Universidade Sénior das Caldas, teve lugar à mesa no Centro Social e Recreativo da Foz do Arelho. Uma aula prática, em que a conversação era em português, enquanto degustavam um jantar preparado pela Oeste International Community Volunteers (OICV), que colabora com a comunidade ucraniana, promovendo aulas de português.
Entre os participantes estava Iryna Nalyvaiko, natural de Vinnitsia. Está em Portugal desde inícios de março de 2022, fugida da guerra, que quer ver terminada. Chegou com os dois filhos e a mãe para junto de um irmão que já residia na zona do Barreiro. Para trás ficou o marido, militar, que continua a defender o país.

A residir atualmente em Óbidos, Iryna Nalyvaiko trabalha há dois anos num restaurante e está integrada. “No início foi difícil porque não entendia a língua, mas depois aprendi”, conta, lembrando que fez o curso de português e também o convívio com a comunidade ajudou. Os filhos andam na escola e também a têm ajudado com a língua.

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“Na escola alguns colegas quiseram ajudar-me. Foi sendo cada vez mais fácil integrar-me” explica a filha, Nadiia Nalyvaiko, que gosta de estar em Portugal. “Tenho cá as minhas melhores amigas e elas ajudam-se”, acrescenta a jovem que está a acabar o sexto ano no Complexo dos Arcos, em Óbidos.

“Estou feliz de estar em Portugal, acho que já não volto para a Ucrânia”, partilha Iryna Nalyvaiko, que vê com preocupação o que se está a passar no seu país.

Vestido com o traje tradicional ucraniano por tratar-se de uma ocasião especial, Andrii Savorona foi outro dos participantes no jantar. Natural de Kharkiv, reside atualmente na Foz do Arelho, juntamente com a esposa, depois de ter saído do país logo após os primeiros bombardeamentos à cidade. “A 24 de fevereiro de 2022, pelas 5 da manhã ligou-me a minha filha a gritar que estavam a ser bombardeados”, lembra o ucraniano, que passaria a ter de dormir na cave com a família até deixarem o país. O facto da filha trabalhar para uma empresa portuguesa possibilitou que fossem acolhidos, primeiro em Sintra e depois o casal viria para a Foz do Arelho, trabalhando atualmente no Inatel.
Andrii Savorona está reformado e tem voltado à Ucrânia nos últimos três anos. “Já pus janelas novas por três vezes e foram sempre destruídas”, ainda assim, sonha em voltar, embora reconheça que os filhos devam permanecer em Portugal, pois os netos já frequentam a escola portuguesa.

As aulas de português, que contam com a participação de cerca de 20 ucranianos, decorrem na Universidade Sénior e são lecionadas por uma professora voluntária da Oeste International Community Volunteers, com o acompanhamento, e tradução, de Yara Pernay, representante da comunidade ucraniana nas Caldas. “Durante três anos a OICV tem dado muito apoio aos refugiados ucranianos”, agradece Yara Pernay, acrescentando que as aulas estão a correr muito bem. “Funciona muito bem. Percebemos que é muito importante que a pessoa que traduz já viva em Portugal, para poder explicar e contextualizar melhor”, conclui.

As aulas são lecionadas por uma voluntária da OICV
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