Autarcas reclamam eletrificação da Linha das Caldas para norte

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As autarquias estão disponiveis para colaborar na recuperação das estações

Os autarcas do Oeste acreditam que a obra é estruturante para o desenvolvimento da região e da sua posição estratégica a nível nacional

Embora com atrasos na implementação do projeto para a segunda fase de modernização da Linha do Oeste, entre as Caldas e Leiria, o presidente da OesteCIM, Pedro Folgado, continua a acreditar que esta será uma realidade. O também autarca de Alenquer destaca a prioridade, assumida pelo governo, na ferrovia para a retoma do país. Esta comunidade intermunicipal, enquanto Autoridade de Transportes, irá “continuar a sublinhar a importância da aposta e investimento na mobilidade sustentável”, particularmente no reforço e qualificação da rede ferroviária, fator que consideram estruturante para a posição estratégica do Oeste no quadro da sua competitividade territorial.
O presidente da CIM considera que, tendo em conta as diferentes fontes de financiamento que vão surgir, este é o momento de “observar a modernização da linha do Oeste e integrá-la num ecossistema mais global e orgânico no quadro da mobilidade”. Na sua opinião, a articulação entre a rede de alta velocidade e a rede convencional irá promover a interoperabilidade dos dois modos ferroviários e facilitar os acessos e a transferência de passageiros, incrementando, desta forma, a mobilidade das populações de forma significativa.

Investimento vai promover uma maior mobilidade das populações

A eletrificação contribuirá também para a descarbonização

Os autarcas oestinos são unânimes relativamente aos impactos positivos que a eletrificação e a duplicação, nalguns troços, da Linha do Oeste trará para a região, assumindo-se como uma via de transporte alternativa entre a região Oeste e a grande Lisboa e uma mais-valia capaz de gerar dinamismo económico. Contribuirá também para a descarbonização, sendo assim favorável à melhoria do ambiente e um contributo importante para a transição climática, sustentam os autarcas.
No entanto, o atraso na 2ª fase do projeto, das Caldas para norte é motivo de preocupação. “Para a total potenciação desta Linha é fundamental que também este troço seja requalificado”, realça o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, mostrando apreensão com a falta de compromisso relativamente a este segundo troço. O seu homólogo, de Alcobaça, recorda que, em janeiro de 2020, emitiu, juntamente com o município da Nazaré um comunicado sobre as preocupações comuns a ambos os concelhos relativamente a este atraso. Nele defendiam que o Estado “deve encarar esta segunda fase não apenas como uma medida compensatória, mas sobretudo estratégica e essencial para o desenvolvimento social e económico de dois dos mais belos territórios do país”. Paulo Inácio refere ainda que, tendo em conta que ambas as populações têm lidado com a obrigatoriedade de pagamento de avultadas portagens na autoestrada A8, são agora merecedoras deste investimento, “mitigando décadas de injustiça” e que Leiria deve ser chamada à colação no âmbito deste processo e até mesmo liderá-lo.
Já para a ligação à alta velocidade as posições divergem. Para presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, “é fundamental” que os concelhos servidos por transporte ferroviário tenham acesso a esse ponto de interligação, uma vez que o governo já assumiu que Leiria fará parte do traçado da alta velocidade”, enquanto que para o edil do Bombarral, não se trata de uma prioridade.
Os autarcas mostram-se também disponíveis para colaborar na recuperação e dinamização das estações e apeadeiros. Os municípios de Alcobaça e Nazaré já manifestaram a disponibilidade para a criação de uma rede de transporte de passageiros que contemple a ligação entre a Estação de Valado dos Frades e as respetivas sedes de concelho, nomeadamente por recurso a ‘shuttles’ monocarris ou autocarros elétricos numa lógica de mobilidade sustentável. O autarca de Alcobaça destaca a singularidade da estação de S. Martinho do Porto, pela sua proximidade ao mar, dando nota da importância da eletrificação integral da Linha do Oeste também para o turismo. Também a autarquia de Óbidos está a trabalhar com as Infraestruturas de Portugal na recuperação da estação e sua ligação ao centro da vila. “Uma vila turística como a de Óbidos terá toda a vantagem com esta modernização da linha face à sua proximidade a um dos principais destinos turísticos, que é Lisboa”, conclui o presidente, Humberto Marques. ■

O que pensam os autarcas

Tinta Ferreira
Caldas da Rainha

Para a total potenciação da Linha do Oeste é fundamental que também o troço entre Caldas e Leiria seja requalificado

Ricardo Fernandes
Bombarral

O impacto da eletrificação para este território é enorme, pois permitirá que o transporte ferroviário possa concorrer com o transporte rodoviário

Paulo Inácio
Alcobaça

A eletrificação se não for rapidamente efetuada em toda a sua extensão vai criar assimetrias inaceitáveis no desenvolvimento deste território

 

Pedro Folgado
OesteCIM

Modernizar a linha e investir nas ligações e cadeias de valor é determinante para o sucesso do Oeste nesta era da transição digital e ambiental