Berlengas recebem dessalinizador para fornecer água potável

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Este é um dos projetos previstos no investimento estimado de 3 milhões de euros para melhoria das condições

A Reserva Natural das Berlengas passou, no ano de 2020, a ser gerida por uma comissão de cogestão que é liderada pela Câmara de Peniche. Aquela entidade prevê um investimento total de cerca de 3 milhões de euros num prazo de quatro anos (a começar em 2020) e entre os primeiros objetivos da comissão de cogestão está a melhoria das condições de visitação da ilha.
Entre as obras previstas está a criação de uma solução para o tratamento de águas residuais e resíduos sólidos, mas também a substituição da rede de distribuição de água, a requalificação dos equipamentos municipais, o melhoramento e alargamento dos cais de acostagem de embarcações na ilha e ainda a estabilização da arriba por cima da praia.
Entre estes investimentos está também um dessalinizador para o abastecimento de água potável na ilha, evitando assim os transportes constantes do líquido essencial através de embarcações e poupando, assim, euros e também a emissão de dióxido de carbono.
Este é mais um passo no caminho da autosustentabilidade da ilha, iniciado com os painéis solares instalados pela EDP, em 2020.
O presidente da Câmara de Peniche, Henrique Bertino, é quem preside à comissão de cogestão da área protegida.

Comissão de cogestão é liderada pela Câmara e prevê investimentos de 3 milhões de euros em quatro anos

O autarca contou à Gazeta das Caldas que “o dessalinizador já está instalado”, sendo que ainda se encontra em fase de testes, para procurar um ponto de equilíbrio entre o que é a produção de energia dos painéis solares e as necessidades do aparelho que faz a dessalinização para fornecer água potável.
Já Nuno Vasco Rodrigues é o coordenador desta comissão, sendo o seu papel o de fazer a ponte entre as várias entidades que se espera que participem no processo.
“Pretende-se que exista uma intervenção maior dos atores locais e que seja participativo”, realçou o dirigente.
O biólogo alerta, também, para a necessidade de remoção das espécies exóticas na ilha, nomeadamente o chorão (que já tem vindo a ser removido nos últimos anos) e a recuperação das espécies endémicas e autóctones.
Por outro lado, há que erradicar o rato e o coelho, que foram introduzidos na ilha pelo homem e que afetam as populações de aves residentes.
Outra preocupação da comissão agora empossada passará por garantir que as atividades extrativas sejam feitas com conta, peso e medida, para garantir a sustentabilidade.

Objetivo melhorar condições de visitação e atingir sustentabilidade

 

Máximo de 550 pessoas na ilha
A visitação da ilha da Berlenga foi alvo da fixação de um número máximo de pessoas em simultâneo para minimizar os impactos sobre os habitats e sobre as espécies existentes.
O limite foi fixado, há dois anos, num máximo de 550 pessoas em simultâneo no território terrestre da ilha. Contudo, os residentes sazonais habituais, os trabalhadores de estabelecimentos comerciais em atividade na ilha e outros profissionais não entram na contagem da capacidade de carga humana, sendo que o acesso é permitido durante todo o ano.
Definido ficou também que, quem quiser visitar a ilha tem, obrigatoriamente, de proceder a um registo numa plataforma electrónica e a pagar uma taxa de visitação (os residentes no concelho de Peniche estão isentos da mesma).
As receitas dessas taxas serão depois utilizadas para financiar as medidas de melhoramento e valorização daquele ecossistema natural.

Um paraíso aqui tão perto
O arquipélago das Berlengas situa-se a noroeste do cabo Carvoeiro (Peniche), a 5,7 milhas da costa (o equivalente a pouco mais de nove quilómetros).
É constituído por três grupos de ilhéus – a Berlenga Grande, as Estelas e os Farilhões ou Forcadas.
O arquipélago foi classificado como Reserva Mundial da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 2011, mas a classificação de Reserva Natural remonta ao ano de 1981.
Em 1997 chegou a classificação como Sítio da Rede Natura 2000 e em 1999 a de Zona de Proteção Especial para as Aves Selvagens. O arquipélago está ainda classificado pelo Conselho da Europa como Reserva Biogenética. ■