Bordados das Caldas valem distinção nacional a investigadora caldense

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Inês Carvalho (à esq.) é autora do trabalho distinguido com o prémio nacional de Artesanato na categoria de Investigação e Principelina Louçã , a presidente da ABCR | Natacha Narciso

Inês Carvalho viu a tese de mestrado sobre os Bordados das Caldas ser um dos finalistas do Prémio Nacional de Artesanato

A caldense Inês Carvalho decidiu dedicar o mestrado – na área de Turismo, Território e Patrimónios – ao estudo dos bordados das Caldas, o que lhe valeu ser finalista do Prémio Nacional de Artesanato de 2019, na categoria de Prémio de Investigação.
Aquele trabalho académico está no top cinco dos mais relevantes estudos sobre a área artesanal a nível nacional, dado que esta atribuição é feita pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Com esta investigação, avaliada pela Universidade de Coimbra, a autora, de 26 anos, percebeu “que é urgente a salvaguarda deste bem material e cultural que a prazo corre o risco de se perder”.
A jovem, licenciada em Informação Turística pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, trabalhou diretamente com a Associação de Bordados das Caldas, e até aprendeu a realizar o próprio bordado local. O trabalho académico – um relatório de estágio – já teve repercussões internacionais, visto que foi lido em Inglaterra por uma doutoranda – que trabalha na área dos tecidos – e que vai incluir o bordado caldense no seu estudo.
Inês Carvalho considera, de resto, que os bordados locais podem ser mais um motivo de atração às Caldas da Rainha e, em simultâneo, “ser ótimas e originais prendas de Natal “.
Do seu trabalho fizeram parte, entre outras iniciativas, a criação de materiais de apoio sobre esta arte como folhetos e cartazes.

É possível inovar nos desenhos do bordado caldense, respeitando as regras, os pontos e as cores

Ter sido finalista do Prémio Nacional de Artesanato na área da investigação “foi a cereja no topo do bolo no que diz respeito à divulgação do bordado das Caldas”, disse a autora à Gazeta.
Na opinião da jovem, respeitando regras, cores e pontos pode-se “ser inovadores nos desenhos”. A investigadora considera que a idade das bordadeiras e o desinteresse da maioria dos jovens pelos bordados colocam em risco a sobrevivência desta arte ancestral. “A lenda que chegou até nós por tradição oral, transmitida de geração em geração afirma que o bordado foi iniciado pela Rainha D. Leonor e suas aias”, recorda.
Naquele tempo, as tonalidades de ouro das linhas de bordar eram obtidas através de tingimento com chá de carqueja. Para Inês Carvalho, a salvaguarda dos Bordados das Caldas poderia ser garantida através do registo no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, que é feito pela Direção-Geral do Património Cultural. Desta forma, os bordados caldenses estariam sob uma proteção legal”, acrescentou a jovem, que gostava de trabalhar em turismo cultural e criativo. Inês Carvalho já estagiou nos postos de turismo das Caldas e de Peniche e também trabalhou em unidades hoteleiras em cidades culturais de Inglaterra e de Espanha.


Associação de Bordados das Caldas apresenta exposição e aposta na formação

Está patente, desde a passada terça-feira, 1 de dezembro, na Capela de S. Sebastião a exposição de Bordados das Caldas, promovida pela associação local que se dedica a esta arte. Estão presentes trabalhos de nove bordadeiras, que podem ser apreciados, segundo as regras da DGS.
Para 2021, a associação pretende “abrir mais um curso para ensinar mais gente a bordar”, disse a presidente, Principelina Louçã, acrescentando que mesmo em pandemia foi possível organizar um curso de bordados regionais, em parceria com o CEARTE, e que contou com a participação de 20 pessoas.
A coordenadora quis deixar uma homenagem à bordadeira Liseta Pereira, recentemente falecida, que teve um papel de relevo na divulgação do bordados das Caldas, tendo participado e bordado ao vivo em eventos internacionais.
A exposição-venda da associação integra naperons, quadros, sacos de pão, quadros, caixas de joias toalhas, almofadas e até máscaras, decoradas com este bordado local.
A associação continua a aguardar a certificação deste bordado, tendo já terminado o seu caderno de especificações. Haverá também um novo logótipo que atestará que o bordado é certificado e que terá como símbolo o camaroeiro real um dos símbolos da Rainha D. Leonor. A mostra do Bordado das Caldas está patente até 23 de dezembro.