A intervenção compreende a construção de um passadiço, do cais palafítico e de um observatório de aves sobre a lagoa
A Câmara das Caldas vai reconstruir o antigo cais palafítico existente na zona da Ardonha e Juncal (Nadadouro), dando lugar a um novo cais, em madeira, com nove entradas e uma zona de passadiço, que acompanha a margem da Lagoa. A intervenção tem a função de reabilitação patrimonial, mas também de apoio para atividade piscatória e local de contemplação. Será também construído um observatório de aves.
“O objetivo é valorizar aquela zona que também foi dragada este ano e que apresenta melhor qualidade da água”, disse o presidente da Câmara, Vítor Marques, à Gazeta das Caldas. De acordo com o autarca, trata-se de um investimento de 250 mil euros, com apoio comunitário já aprovado, estando a autarquia atualmente a preparar o concurso para a obra, que será lançado ainda este ano. Numa fase posterior, será dada continuidade, com ligação ao Nadadouro, através de uma zona pedonal.
Essa intervenção prevê a requalificação de toda uma área que atualmente se encontra de caniços e vegetação invasiva e onde serão colocadas plantas e árvores autóctones. Serão também criados percursos pedestres e espaços de lazer, explicou a presidente da Junta de Freguesia do Nadadouro, Alice Gesteiro.
Há também o objetivo de dar continuidade à ecovia, que atualmente liga a Foz do Arelho à zona do juncal, até ao centro da localidade.
Esta reabilitação vai acontecer depois das dragagens que ocorreram na zona superior da lagoa, nos braços da Barrosa e do Bom Sucesso, e que contribuíram para o aumento da superfície e volume da lagoa e melhorar a qualidade da água armazenada. A intervenção, orçada em 14,6 milhões, possibilitou a retirada de 875 mil metros cúbicos de areia, ao longo de quatro quilómetros de canais e 27 hectares de bacias.
Vestígios pré-históricos
No artigo “Registo arqueológico e as alterações ambientais observadas na zona costeira da Lagoa de Óbidos ao longo do tempo, concelho das Caldas da Rainha: Evolução da paisagem e ocupação”, publicado no Boletim do Centro Português de Geo-História e Pré-História, em finais do ano passado, os investigadores dão nota do cais palafítico abandonado. As estacas de elevação da plataforma do cais ainda são visíveis, mas este não tem uso há mais de uma década. Os dados registados naquela zona apontam para “vestígios pré-históricos e romanos associados à pesca junto ao atual cais, já em ruínas, onde se recolheram alguns pesos de rede”, refere o artigo, assinado por Alexandra Figueiredo, Cláudio Monteiro e Raquel Henriques.
Os investigadores consideram que aquele local terá sido, também, a zona onde se terá construído um primeiro cais, de estrutura de apoio aos pescadores, mandado erguer por D. Sebastião. O monarca era, a par de outros, utilizador da Lagoa, onde se deslocava para pescar. ■