A empreitada de modernização no troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha arrancou a 28 de junho e deverá estar concluída em 660 dias, tal como a obra entre Meleças e Torres Vedras
A Estação Ferroviária das Caldas foi o palco escolhido, na passada terça-feira, para a assinatura do auto de consignação, que marca o início da obra, na presença do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Um investimento de 38,4 milhões de euros, comparticipado com fundos europeus, que vai capacitar 44 quilómetros da Linha do Oeste para a utilização de material circulante de tração elétrica e de modernos sistemas de sinalização e telecomunicações. Permitirá também a otimização do traçado de via, que possibilitará a redução do tempo de viagem num interregional entre Caldas da Rainha e Lisboa em 44 minutos. Com as obras a efetuar, a velocidade de circulação aumentará, maioritariamente, para o patamar dos 120 e 140 km/h entre Torres Vedras e Caldas da Rainha e permitirá melhoramentos ao nível das acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e de alteamento das plataformas, harmonizando-as com o resto da linha.
Esta intervenção possibilitará também o aumento da oferta, das atuais 16 circulações para 48 (24 em cada sentido) no troço a sul das Caldas, explicou o vice-presidente das Infraestruturas de Portugal (IP).
De acordo com o estudo de procura da Linha, a estimativa é que, com estes melhoramentos, esta possa aumentar em 76%, elevando os utilizadores de 479 mil para 842 mil em 2031.
A empreitada foi adjudicada ao consórcio “Ramalho Rosa Cobetar, Sociedade de Construções, S.A. (RRC)/Fomento de Construcciones y Contratas, S.A. (FCC) / Contratas y Ventas, S.A.U. (Convensa)”, que, de acordo com Carlos Fernandes, começaria no dia seguinte a montar o estaleiro para avançar com a obra. Será este consórcio quem também vai continuar a intervenção no troço entre Meleças e Torres Vedras, que tem estado praticamente parada, com a saída de uma empresa do consórcio anterior e dificuldades com a obtenção de alguns licenciamentos e autorizações.
A IP acredita que a “solução está encontrada e, rapidamente, teremos os meios em obra que permitirão arrancar de novo com este processo”, referiu Carlos Fernandes, acrescentando que os dois troços deverão ficar concluídos na mesma altura.
No que respeita à continuidade da eletrificação, a partir das Caldas até ao Louriçal, o responsável referiu que o concurso de projeto está praticamente pronto, aguardando a autorização da tutela para o lançamento. “O objetivo é que todo o percurso, entre Lisboa e o Louriçal, esteja requalificado até 2028”, afirmou Carlos Fernandes.
A estratégia da ferrovia passa também pela valorização da Linha do Oeste na ligação à alta velocidade, com uma estação em Leiria, e a sua inclusão na Rede Transeuropeia de Transportes, que contempla um conjunto de troços de linhas férreas mais relevantes da Europa. “A proposta já foi aceite pela Comissão Europeia, está em discussão pública e avançará para aprovação no Parlamento Europeu”, especificou o vice-presidente da IP, destacando a aposta do governo nesta linha.
Presente na cerimónia, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, desvalorizou os atrasos que se têm registado face a décadas anteriores de “abandono” da ferrovia e da Linha do Oeste. O governante explicou que a continuidade da modernização até ao Louriçal está incluída no próximo ciclo de investimento na Rede Ferroviária Nacional e falou de uma “revolução” na ferrovia, com praticamente toda a rede em obra.
O autarca anfitrião, Vítor Marques, sensibilizou o governante para a importância deste investimento, a vários níveis, para a região e deixou algumas recomendações. Desde logo a necessidade de continuação da requalificação até Coimbra/Figueira da Foz, assim como no esforço para a recuperação de prazos de execução de obra.
Vítor Marques realçou ainda a necessidade de promover o planeamento e operacionalização da intermodalidade em transportes públicos juntos das estações ferroviárias, sobretudo em Torres vedras, Caldas da Rainha e Leiria. Na sua opinião, estas devem funcionar como interfaces rodoferroviários nos horários de chegada/partida das composições. ■