
Na edição 2012 do Guide du Routard, o famoso guia de viagens da comunidade jovem viajante francófona, Caldas da Rainha continua a aparecer integrada numa rubrica denominada “Nos arredores de Óbidos”, logo a seguir às quatro páginas que a vila medieval ocupa.
Caldas desta vez tem direito a uma página, na qual sobressai, a vermelho, uma caixa dedicada à loiça erótica que os franceses traduzem por “As coisas das Caldas”, o que não acontecia nas edições mais antigas. O Guide du Routard faz referência às origens termais da cidade, ao “mercado interessante que decorre todos os dias na praça central” e ao Parque D. Carlos I e aos seus museus.
A cidade é ainda apresentada como “a capital nacional da cerâmica”, mas é Rafael Bordalo Pinheiro que faz as honras desta componente. “O homem merece apresentações”, diz o Guide, que faz um curto resumo da vida do artista sem esquecer o Zé Povinho como uma das suas principais criações, o que era esquecido por exemplo em 2008.
Os museus da Cerâmica e de José Malhoa, bem como a fábrica de Bordalo Pinheiro esgotam tudo o que este guia tem para dizer sobre as Caldas que, ainda na mesma página salta para a Nazaré, que ocupa as cinco páginas seguintes do livro.
Óbidos é apresentada como uma vila “que conserva o seu charme medieval, com a suas impressionantes muralhas que compensam a sua baixa altitude”. O guia diz que está “incrivelmente bem preservada”, que a circulação automóvel está proibida no seu interior e que tem muito gente no Verão.
“Os amantes da Natureza não perdem nada em dar uma volta em torno da lagoa de Óbidos, entre a vila e o mar. Uma larga baía que faz lembrar a do Somme, à qual se pode chegar passando por Caldas, ou pelo sul atravessando as florestas recheadas de pinheiros e eucaliptos”.
Para chegar a Óbidos o Guide du Routard recomenda o autocarro, que é “mais caro mas mais rápido que o comboio porque a estação ferroviária é excêntrica e é mal servida”. Para dormir recomenda-se, no escalão médio, a Casa do Fontanário, Hospedaria Casa da Raposeira e a Albergaria Josefa d’Óbidos. Num segmento mais chique consta a Estalagem do Convento e a Hotel Rainha Santa Isabel. No arredores, o livro recomenda alojamentos na Casa d’Óbidos e na Casa das Hortênsias.
Quanto a restaurantes, o 1º de Dezembro, o Pretensioso, o Caldeirão e a Estalagem do Convento colhem as preferências.
Para beber um copo a lista inclui o Ibn Errik Rex, o Petrarum Domus, o Lagar da Mouraria e o Troca-Tintos.
O Routard faz uma breve referência ao Festival do Chocolate e ao Mercado Medieval (omite o Festival de Ópera e a Vila Natal) e conta ainda a história da ginjinha de Óbidos.
Nos arredores de Óbidos, e antes ainda de passar à página das Caldas da Rainha, o guia recomenda o Buddha Éden Garden na Quinta dos Loridos (Bombarral), as salinas de Rio Maior e a Escola de Vela da lagoa, que, sendo gerida por um casal luso-francês, é sempre referência obrigatória.
No Guia Michelin Óbidos é uma cidade
Os guias turísticos Michelin são bastante considerados no mercado turístico, até por ficam associados também à atribuição das estelas Michelin dos grandes cozinheiros internacionais.
Contudo, na edição para Portugal de 2008, Óbidos está em grande destaque, com seis páginas, onde se inclui as Caldas da Rainha.
Como primeira chamada tem como ponto a destacar positivamente “as casas patinadas de Óbidos” e negativamente “os edifícios decrépitos das Caldas da Rainha”.
Depois aconselha a não perder o “passeio pelas muralhas de Óbidos e ao parque das Caldas da Rainha”. Contudo, para descansar propõe as “pensões em Óbidos”. Ainda sugere a “visita a Óbidos ao início da tarde, antes de a cidade ser invadida pela multidão”.
Apresenta simultaneamente Óbidos “protegida por uma maciça muralha de ameias, as casas brancas e patinadas, apresentado fachadas cobertas de roseiras atrás das quais se dissimulam jardins luxuriantes” e Caldas, “alguns quilómetros mais adiante, como cidade animada de um charme antiquado, vivendo ao ritmo dos seus mercados buliçosos e coloridos.”
Ao longo do texto há uma nítida confusão e mistura entre restaurantes e hotéis de Óbidos e Caldas da Rainha, apesar de um leitor atento poder discernir as diferentes localizações.
É pena que estes guias sejam realizados com estas deficiências, que enganam o visitante. Também, provavelmente, quem devia chamar a atenção das incoerências não o faz atempadamente.
JLAS
Se as entidades caldenses e as suas elites nada fazem para promover o concelho (onde a cidade é privilegiada relativamente ao interior e ao magnífico litoral atlântico), quem é que há-de fazê-lo?!
A posição secundaríssima que Caldas da Rainha ocupa no mapa turístico do Oeste está bem patente na lista de 29 eventos de 2013 que a Região de Turismo do Oeste anuncia (em papel, remetendo para um link que não funciona).
Nela, Caldas da Rainha apresenta apenas um evento (a feira das “tasquinhas” na Expoeste), muito atrás de Torre Vedras (seis eventos), Óbidos e Arruda dos Vinhos (com quatro), Alcobaça e Peniche (três) e Nazaré (dois).
Perante isto, só é de admirar que alguém ainda se admire…