A Unidade de Cuidados Intensivos terá um total de 12 camas, divididas pelas unidades hospitalares das Caldas e de Torres Vedras, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales
O Centro Hospitalar do Oeste (CHO) vai obter “uma reivindicação muito antiga, que é a sua Unidade de Cuidados Intensivos” (UCI), anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, no passado dia 29 de abril, após uma visita ao hospital das Caldas da Rainha.
O governante admitiu que esta foi uma das “muitas necessidades que a pandemia evidenciou” e explicou que a Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e Referenciação de Medicina Intensiva está “a trabalhar intensamente no seu planeamento”.
Sem se comprometer com datas para a concretização, o secretário de Estado explicou que esta UCI ficará dispersa pelos hospitais das Caldas da Rainha e de Torres Vedras, com um total de 12 camas.
“Responderá às necessidades de cerca de 300 mil pessoas, que é a área de referenciação do CHO e, de alguma forma, irá aliviar a área de Lisboa, para onde eram referenciados estes doentes na área de cuidados intensivos”, afirmou o governante.
Referindo-se ao novo hospital para o Oeste, o governante, que é natural das Caldas da Rainha e também iniciou a atividade profissional na cidade, reconheceu tratar-se de uma ambição destas populações, mas avançou que neste momento o processo está numa “dimensão técnica, com a elaboração de um estudo”. Questionado sobre se há vontade política para a concretização, respondeu apenas que “garantidamente que sim”, mas que “devemos deixar primeiro evoluir os estudos técnicos para depois conversarmos sobre a decisão política”.
António Lacerda Sales visitou o serviço de Obstetrícia e contactou com alguns dos profissionais, a quem deixou um agradecimento pelo sacrifício e dedicação no combate à pandemia. Ainda antes de partir para Peniche, onde visitou outra unidade deste centro hospitalar, recebeu da Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste uma carta, onde se revela que espera há um ano ser recebida pela ministra da Saúde e dá conta de várias preocupações, como a instalação “urgente” de uma UCI para o Oeste, a aceleração da construção “urgente” do novo hospital, a necessidade de investimentos nos três hospitais e a aquisição de mais equipamentos.
O documento dirigido a Marta Temido defende ainda que para haver mais “qualidade, segurança e prestação de serviços” era importante reverter os serviços do CHO para os anteriormente prestados, ou seja, “cada hospital estar munido de todas as valências”.
Caldas defende regresso ao CHON
Também presente na visita, o presidente da Câmara das Caldas, Fernando Tinta Ferreira, mostrou-se satisfeito com o anúncio, dado que era uma necessidade “efetiva” do hospital.
“Não há região atrativa se não tiver cuidados de saúde devidamente adequados”, salientou o chefe do executivo municipal, que espera agora que o anúncio se transforme “rapidamente” em projeto e execução de obra.
Aproveitando a presença do secretário de Estado nas Caldas, Tinta Ferreira transmitiu-lhe a necessidade de hospital novo e que, tendo em conta a morosidade do processo, “fundamental reconverter e melhorar espaços neste hospital de modo a prestar um melhor serviço”. Uma necessidade que se mostrou evidente, de acordo com o autarca, quando visitaram o serviço de Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia, altura em que divulgou que a autarquia irá comparticipar as obras necessárias, com 300 mil euros. Esta verba está inserida num protocolo que será brevemente assinado, entre a autarquia e o CHO e que, como contrapartida, prevê a disponibilização do parque atrás do Chafariz das Cinco Bicas, para estacionamento dos autocarros turísticos durante o fim-de-semana.
O autarca caldense apelou ainda à reversão do modelo para o existente antes da reorganização de 2013, em que existiam os centros hospitalares do Oeste Norte e Sul. Considera que a fusão, por razões economicistas impostas pela Troika, “não foi boa para nenhuma das partes” e que o modelo autónomo, que funcionou durante muitos anos, “serviu adequadamente as comunidades”.
E será compatível um modelo a duas realidades geográficas com um novo hospital regional? “Depende da capacidade do hospital e dos serviços que disponibilizar”, responde o autarca, para quem a fusão não permitiu uma melhoria do serviço de saúde, “não por falta de vontade dos profissionais, mas porque a repartição de recursos que obriga a uma perda de tempo e organização que, do meu ponto de vista não beneficiou ninguém”.■