
O serviço voltou a funcionar e já estão a decorrer as consultas no hospital para as doentes referenciadas na área de abrangência da ULSO
Em fevereiro já serão feitas cirurgias ao cancro da mama no Hospital das Caldas. A unidade de cirurgia do cancro da mama já retomou funções, depois de ter sido suspensa, a 1 de abril de 2024, pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) e os doentes encaminhados para Leiria e Santarém.
Os critérios numéricos, que levaram ao encerramento do serviço, refletiam apenas a área de abrangência do Hospital das Caldas e não da totalidade da Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO), que abrange os concelhos das Caldas até Sobral de Monte Agraço. A situação foi revista pela atual DE do SNS e ministério da Saúde, passando agora o Hospital das Caldas a receber os doentes de todos estes concelhos, o que leva Ágata Ferreira, diretora do serviço de cirurgia da Unidade das Caldas da Rainha, a acreditar que irão garantir os números mínimos de cirurgias e inclusivamente, a ultrapassá-los.
A Unidade de neoplasia da mama já começou a funcionar, com consultas. “Os médicos assistentes nos centros de saúde da ULS já podem e devem referenciar as doentes para este hospital”, explica Ágata Ferreira, dando conta que os doentes são agendados consoante o grau de gravidade expectável na referenciação que é feita. No caso de doentes com grau elevado de suspeição a espera por consulta para avaliação é de uma semana, no máximo 15 dias.
Com a suspensão do serviço, a equipa perdeu uma médica, mas estão a tentar que esta volte, ainda que inicialmente possa ser a tempo parcial. É atualmente composta por duas cirurgiãs e contam com o apoio da cirurgia plástica e dos internos de especialidade, que estão a completar a sua formação, pretendendo começar a operar no próximo mês de fevereiro. E a expetativa é que consigam operar uma média de 110 doentes durante este ano.
A distância é um fator importante a ter em conta no tratamento da doença, pois são necessárias várias consultas, exames, tratamentos, pelo que é “sempre uma mais-valia para as utentes terem um hospital de proximidade onde possam ser tratadas”. Ágata Ferreira realça ainda a diferenciação que esta valência permite ao hospital das Caldas, podendo atrair também, desta forma, novos profissionais.
Com uma formação muito ligada à mama, cujo tratamento iniciou no seu internato médico, em 1999, Ágata Ferreira reconhece que, para ela, “perder este serviço foi uma tristeza. As doentes merecem-no”. Também por isso, nunca baixou os braços, tal como o conselho de administração da ULSO, políticos locais e nacionais e, inclusivamente, a população, dando nota do envolvimento de todos.
Envolvimento de todos
A presidente do CA da ULSO, Elsa Baião, congratula-se com a retoma do tratamento desta patologia dentro da ULS. Considera tratar-se de uma mais-valia para os utentes, “minimizando as suas deslocações para outras instituições com o incómodo e custos associados, em concordância com as atuais guidelines com um corpo clínico dedicado”.
Também o deputado caldense Hugo Oliveira (PSD) teve um papel ativo, junto do Governo, do seu partido, de sensibilização para que as Caldas não perdesse este serviço. “Fiz tudo o que estava ao meu alcance para ajudar os profissionais de saúde a lutar pela manutenção, ou pelo menos o regresso, deste serviço”, disse, destacando o esforço dos profissionais neste objetivo comum. “Era importante o serviço manter-se por dois motivos: pelos utentes e pela importância que tem para as Caldas”, acrescentou à Gazeta das Caldas.
Para o presidente da Câmara, Vítor Marques, foi corrigido um erro. “Tínhamos um serviço que funcionava, com instalações, equipamentos e profissionais de saúde, e de um dia para o outro deixou de trabalhar por uma razão cega, em que os rácios eram relativamente baixos mas sem apurar a razão”, lembra o autarca, dando conta que na região Oeste havia centros de saúde e outras entidades que não referenciavam os casos para o hospital das Caldas. “Tínhamos uma capacidade de resposta rápida e estávamos a defraudar os doentes que iam para outros sítios, com longas listas de espera”, realçou. Vítor Marques destacou o “conjunto de vozes” que se fizeram ouvir e também a abertura do governo para corrigir uma situação que percebeu não ser a mais correta. “É exatamente aquilo que esperamos em relação ao novo Hospital do Oeste. Que tenham em conta toda a informação que está em cima da mesa para que possam tomar uma boa decisão, que vá de encontro às necessidades da saúde e consagre o novo hospital do Oeste nas Caldas – Óbidos”, concluiu. ■