O Centro Hospitalar do Oeste está a implementar um Plano de Contingência que foi elaborado devido ao Coronavírus. Além disso, as três urgências do Centro Hospitalar do Oeste (Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche) têm já zonas de isolamento definidas para os utentes. “O Centro Hospitalar do Oeste está a tomar as medidas recomendadas pela Direcção-Geral da Saúde e a criar mecanismos de resposta adaptados à sua realidade hospitalar”, informou o CHO. A administração do CHOeste aproveita para relembrar à população que, “na presença de sintomas como febre, tosse, falta de ar e cansaço e se tiverem vindo de países de risco ou contactado com doentes, não deverão recorrer ao hospital, mas contactar a linha SNS24: 808242424”. No caso do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que serve o concelho da Nazaré e parte do concelho de Alcobaça, os profissionais de saúde foram informados sobre as directrizes e orientações técnicas indicadas pela Direção-Geral da Saúde. Num comunicado enviado às redações, o CHL explica que em caso de suspeita os profissionais devem ligar para a Linha de Apoio ao Médico da DGS e reportar o caso. “Deverá ser a DGS a validar o caso suspeito e a ativar todas as entidades e recursos necessários para transportar o doente para a unidade hospitalar de referência”, refere a nota.
Uma farmácia que faz os próprios desinfectantes
A corrida às farmácias tem sido uma constante nas últimas semanas um pouco por todo o país. Nas Caldas, a Farmácia Maldonado Freitas tem um plano de contingência em vigor que prevê que se faça desinfectante nas próprias instalações. Aquela unidade está certificada para tal e, assim, assegura que nunca esgota, apesar de não ter stock de alguns fabricantes.
“Inicialmente houve uma procura muito grande de máscaras por parte da comunidade chinesa que reside no Oeste e de pessoas que tinham familiares em Macau, para enviarem para lá”, explicou a responsável Margarida Freitas. Nessa fase houve também uma grande procura por parte das farmácias de Lisboa, o que levou ao esgotamento do stock. “Não temos máscaras, temos vários pedidos, mas estamos a aguardar”, contou Margarida Freitas, fazendo notar vários armazenistas estão sem stock e que há laboratórios com stocks cativos pelo Ministério da Saúde. “Álcool ainda temos, mas está esgotado nos fornecedores e luvas também ainda temos, mas temos dificuldade em encontrar, mas as máscaras é um horror”, desabafa. Os fornecedores não dão prazos de entrega e “já há grandes subidas nos preços e gente a vender gato por lebre”, alertou. “Antes praticamente ninguém comprava máscaras, vendiam-se com muito pouca frequência”, recorda Margarida Freitas. Para prevenir, naquela farmácia é pedido aos clientes que, quando entram, desinfectem as mãos.
Nas farmácias do Grupo Antunes, em Leiria, “já há coisas esgotadas” e os fornecedores habituais e diários “já não têm nada”, dá conta António Antunes. De acordo com o proprietário, o álcool em gel foi um dos primeiros produtos a esgotar.
“Desde que surgiu o primeiro infetado em território português que a procura disparou. Este é um produto sazonal e creio que a procura nunca foi tão grande como nas últimas semanas”, informa Sandra Ribeiro, responsável pela Farmácia Holon, em Alcobaça. De acordo com a farmacêutica, a primeira ruptura de stock foi motivada pela grande procura entre a comunidade chinesa, que desde os primeiros relatos de infeção decidiu começar a comprar as máscaras.
A preocupação com a propagação do vírus chegou rapidamente ao desporto e na passada segunda-feira, a Federação Portuguesa de Badminton (FPB) anunciou o cancelamento dos 55º.s Campeonatos Internacionais de Portugal, que teriam lugar na cidade de Caldas durante quatro dias e começado ontem.
Em comunicado, a FPB explicou que esta decisão “embora difícil, é extremamente necessária de forma a garantir a segurança de todos os envolvidos e nomeadamente população em geral”. A Direção-Geral da Saúde procedeu a “uma avaliação de risco, à luz dos conhecimentos científicos existentes até à data e referentes à doença infecciosa COVID-19”, concluindo que “quaisquer medidas de contenção que possam ser adoptadas para diminuir o risco de propagação da doença não parecem garantia suficiente para reduzir o perigo de transmissão da doença”.
Comunhão na mão
Comunhão na mão, omissão do gesto da paz e o não uso da água nas pias de água benta são algumas da recomendações da Conferência Episcopal Portuguesa, face ao surto de Covid-19. As indicações devem ser adotadas nas várias dioceses e pretendem, num apelo “à serenidade e ao incremento da prevenção nos cuidados de higiene”, seguir as normas divulgadas pela Direção Geral da Saúde. “Para evitar situações de risco, recomendamos algumas medidas de prudência nas celebrações e espaços litúrgicos, como, por exemplo, “a comunhão na mão, a comunhão por intinção a hóstia no vinho consagrado] dos sacerdotes concelebrantes, a omissão do gesto da paz e o não uso da água nas pias batismais”, refere o comunicado.
Câmaras com planos
Estava marcada para ontem uma acção pública de sensibilização e esclarecimento sobre Covid-19 no auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré. As autarquias estão atentas ao desenrolar dos acontecimentos e algumas, nomeadamente Leiria e Porto de Mós, anunciaram já ter planos de contingência para evitar males maiores.
Preço das máscaras sobe entre 20 e 30%
O grupo Correia Rosa, que detém as farmácias Rosa, Caldense e de Santa Catarina, também já não tem máscaras para venda. “Tem havido um aumento muito grande da procura, temos tentado comprar todos os dias”, conta Catarina Tacanho, directora executivo do grupo, notando que o preço das máscaras tem vindo a subir de forma consistente nas últimas semanas. “Temos desinfectantes e esta semana conseguimos uma encomenda de álcool, mas também está esgotado nos fornecedores e acredito que daqui a pouco tempo sejam as luvas, pelo que temos reforçado o stock”, explicou. Aquela responsável faz notar que os preços no mercado dispararam e dá mesmo exemplos. “O álcool-gel e as máscaras estão 20 ou 30% mais caros”, contou, fazendo notar que o factor preço nem é questionado numa altura em que não existe produto. Tendo uma farmácia em meio rural, nomeadamente na freguesia de Santa Catarina (Caldas da Rainha), Catarina Tacanho nota uma diferença: é que nessa não se sente tanto a alteração nos comportamentos dos clientes. “Há três dias atrás [sexta-feira], ainda não havia casos registados em Portugal e os primeiros pedidos do dia na Farmácia Rosa e na Farmácia Caldense foram máscaras”, revelou.
Viagem de alunos da Bordalo Pinheiro ao Chipre na próxima semana mantém-se
Os alunos da Escola Bordalo Pinheiro têm previstas as viagens de finalistas a Punta Umbría e a Paris, sendo estas organizadas por grupos de alunos e pela associação de estudantes em colaboração com agências de viagens. “A escola segue as indicações do Ministério e ainda no dia 26 de fevereiro recebemos este e-mail da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares: “Face às notícias sobre a propagação do vírus Covid- 19 (coronavirus) e apesar de não haver ainda por parte das autoridades de saúde restrições de deslocação para fora do país, a DGESTE aconselha a ponderação sobre a oportunidade e conveniência de se realizarem visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou a zonas com maior incidência de casos de infeção”, contou Maria do Céu Santos, directora daquele agrupamento.
Gazeta das Caldas falou com a associação de estudantes da escola, que esclareceu que é a agência de viagens quem está a estudar a situação. “O recinto que irá receber os estudantes deverá estar fechado até à viagem e os funcionários serão testados 20 dias antes”, informou a associação.
A própria agência tem um grupo no Whatsapp com todos os finalistas das Caldas que vão para Punta Umbría e disponibilizou nesse fórum dois números de telefone e dois e-mails para esclarecimento de dúvidas.
Actualmente a Bordalo Pinheiro não tem nem alunos, nem professores em Erasmus no estrangeiro, “no entanto, na próxima semana haverá uma saída ao Chipre”, revelou Maria do Céu Santos. “Contactámos a Agência Nacional para recebermos orientações, foi-nos dito que não aconselham as deslocações para os países de risco”, acrescentou.
Neste projecto que implica a viagem ao Chipre estão envolvidos vários países e “até ao momento apenas os alunos e professores italianos não tiveram autorização de saída do país”, explicou a directora, acrescentando que “houve uma alteração do nosso voo, porque estava prevista uma escala em Milão que foi alterada para Viena”.
As recomendações são simples: que levem máscara e álcool para desinfectar as mãos. A comitiva, que integra a própria directora, tem o regresso previsto para 13 de Fevereiro.
Sobre as viagens de finalistas, a direcção do Agrupamento de Escolas Raul Proença realça apenas que “não tem qualquer responsabilidade sobre este assunto”, mas que isso “não significa que a direcção do agrupamento não esteja atenta às decisões que os pais e encarregados de educação venham a tomar em relação à viagem de finalistas a Punta Úmbria”.
Deste agrupamento um grupo de alunos do 9º ano foi, entre 20 e 24 de Fevereiro, a Londres em visita de estudo com dois docentes. Antes, entre 17 e 21 de Fevereiro tinha-se realizado um intercâmbio com a Bélgica que envolveu 17 alunos do ensino secundário e dois docentes da Escola Secundária Raul Proença. “A viagem decorreu sem qualquer incidente e os encarregados de educação estiveram sempre ao corrente das actividades que iam desenvolvendo e dos locais visitados”, explicou João Silva, director daquele agrupamento.
“Durante o mês de Março irá concretizar-se a vinda dos alunos e docentes belgas às Caldas da Rainha e serão tidos em conta os cuidados inerentes a estas situações”, acrescentou. Já para o início de Abril estão previstas visitas de estudo à República da Irlanda e à Polónia e em Maio a França (Paris). “Com certeza que estas visitas se irão realizar se as condições de segurança para os nossos alunos e docentes estiverem asseguradas, pelo que iremos acompanhar todas as recomendações da DGEste e da DGS. Aliás, temos divulgado a todos os docentes e funcionários do agrupamento as informações e orientações emanadas da Direcção-Geral de Saúde”, esclareceu o responsável.
Nazareno está curado do Coronavírus e regressa a casa nos próximos dias
Foram já sinalizados no nosso país cinco casos positivos de infecção por (COVID-19), mas o nome de Adriano Maranhão ficou marcado por ser o primeiro português com o Coronavírus. O nazareno, tripulante de um navio de cruzeiros ancorado no Japão, regressa a casa nos próximos dias, depois de ter recebido dois exames negativos, no passado domingo, no hospital do Japão, onde esteve internado.
“Já tenho o certificado para deixar o hospital”, confirmou o canalizador no navio Diamond Princess, aguardando em Okazaki, na província de Aichi, a marcação da viagem de regresso a Portugal. Deverá ser a empresa para a qual Adriano Maranhão trabalha a “tratar do regresso de forma mais oficial e a levá-lo para um hotel”, conforme explicou a sua mulher, Emmanuelle Maranhão, aos jornalistas. O nazareno não deverá apresentar-se para um período de quarentena voluntário em Portugal, uma vez que já o fez no Japão. No entanto, Adriano Maranhão diz não ter “qualquer problema” em respeitar um pedido nesse sentido que lhe seja feito pelas autoridades portuguesas.
“Em breve estarei na Nazaré mas antes de chegar à Nazaré deixem-me que vos agradeça a onda de amizade e a grandeza do nosso povo português que esteve sempre do meu lado, que nunca me abandonou e que me apoiou. A vocês todos um grande abraço e um obrigado do fundo do coração”, escreveu Adriano Maranhão no Facebook.
Os outros dois tripulantes do Diamond Princess da região – Hélder Vigia, da Nazaré, de 49 anos, e Daniel Silvério Mateus, de Alcobaça, de 54 anos – iniciaram já um período de 14 dias de quarentena num colégio adaptado a centro de acolhimento hospitalar na cidade de Wako.
“Estamos num colégio que está a funcionar como se fosse um hospital, com médicos e outro pessoal, incluindo vigilantes”, explicou Hélder Vigia, adiantando que o espaço “tem condições ótimas e os quartos são razoáveis”. Até à data, não fizeram testes de despistagem da doença – apenas têm medido a temperatura corporal, com resultados normais.
Infeção por novo Coronavírus – estar alerta, sem alarme
A 2 de março, Portugal juntou-se à lista de países com casos confirmados de doença provocada pelo novo coronavírus (COVID-19). Ainda assim, nesta fase, não está indicada a utilização de máscara para proteção individual, uma vez que gera uma falsa sensação de segurança.
A máscara pode levar à acumulação de vírus e o contacto das mãos com este material contaminado pode levar à propagação da doença. São exceções as pessoas com sintomas respiratórios (tosse ou espirro) e as pessoas que prestam cuidados de saúde a casos suspeitos.
A prevenção geral passa pela adoção das medidas de etiqueta respiratória, isto é: sempre que tossir e espirrar cubra a boca e nariz com um lenço de papel e coloque-o de imediato no lixo ou coloque o cotovelo (e nunca a mão) à frente da boca e nariz. Em seguida, não se esqueça de lavar as mãos com água e sabão ou de as desinfetar com solução alcoólica, medida que pode repetir frequentemente durante o dia.
Se regressou há menos de 14 dias de países afetados – China, Coreia do Sul, Japão, Singapura, Irão, Itália – e se apresentar sintomas de infeção respiratória (febre, tosse ou dificuldade respiratória) ligue para o centro de contato SNS24 (808 24 24 24), antes de recorrer a qualquer serviço de saúde. Faça referência ao histórico de viagens ou contato com pessoas doentes e siga as orientações que lhe forem dadas.
Dirigido aos cidadãos, a Direção Geral de Saúde lançou um site para esclarecimento de dúvidas (ex.: “Posso Viajar?”) e acompanhamento da evolução da infeção em Portugal, ao qual poderá aceder através do link www.dgs.pt/corona-virus.aspx.
Patrícia Oliveira, médica interna da USF Rainha D. Leonor