“Devo ser o único presidente do país que não falha aos seus compromissos eleitorais porque não apresentei nenhum”

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O social-democrata José Bernardo Nunes aproxima-se do final do segundo mandato à frente da Câmara Municipal do Cadaval. Em entrevista, não revela se concorre ao último mandato, adiando o anúncio para o momento oportuno

Como está o concelho do Cadaval a viver a pandemia e que respostas tem dado a autarquia para responder às necessidades da população?
Um pouco à semelhança do que acontece no país e à nossa escala, temos estado a sofrer os impactos negativos, sociais e económicos que esta pandemia tem originado. Desde o início da pandemia, e conforme é público, criámos uma série de medidas de apoio novas e reforçámos algumas já existentes, grande parte dirigidas às famílias e outras dirigidas às instituições, IPSS e associações, e empresas afetadas pela obrigatoriedade de estarem encerradas.

Os dados oficiais revelam que, numa década, o concelho perdeu população e, consequentemente, está mais envelhecido e despovoado. Que propostas tem a Câmara Municipal do Cadaval procurado implementar para inverter esta situação?
Esta é uma realidade que assola o país e a Europa, à qual o concelho do Cadaval também não é alheio; tivemos um ano, por exemplo, em que numa freguesia considerada de média dimensão, não nasceu uma única criança. Entretanto, iniciámos o processo dos CENSOS 2021 e estou curioso pela informação mais detalhada. Existem vários fatores que contribuem para a fixação de pessoas, e o concelho do Cadaval possui alguns desses atributos, que têm sido potenciados pela atividade municipal nos últimos anos, no entanto existem muitos outros que não dependem da iniciativa nem das políticas locais. Felizmente, temos assistido nos últimos tempos a alguns investimentos, quer de empresários locais, quer de outros que cá se fixaram, nomeadamente na agroindústria e indústria alimentar, que se tem traduzido em mais emprego, algum dele qualificado. Se existem investimentos, é porque as pessoas veem no concelho potencial para investir. Da parte da autarquia, há sempre a garantia de que estamos totalmente disponíveis para “acelerar” qualquer projeto de investimento que nos seja proposto, desde que obviamente seja sustentável do ponto de vista social e ambiental.

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O concelho do Cadaval afirma-se como um expoente máximo na atividade agrícola, nomeadamente pela sua produção frutícola e vinícola de excelência. Tem a CMC o objetivo de procurar a diversificação do tecido económico através da captação de novos investidores?
Felizmente, este é um setor muito dinâmico que funciona por si próprio, e temos assistido ao surgimento de novas empresas nesta área e até algum regresso aos “vinhos de quinta” e do “produtor” que se tinham perdido e que, entretanto, estão a regressar. No Cadaval, já se arrancam eucaliptais para plantar fruteiras ou fazer vinha, o que é sinónimo do vigor que o setor tem, mas há sempre lugar à inovação. Se a produção sabe que é bem acolhida no concelho, ela investe cá. É o que tem estado a acontecer.

Com a redução do efetivo da Força Aérea na Serra do Montejunto, ficou vazio um aquartelamento militar que poderia ter uma utilização civil e que trouxesse uma mais-valia ao concelho. Como gostaria que este espaço público fosse ocupado?
Durante anos, o município tem vindo a conversar com a Força Aérea para a utilização daquele espaço, que está efetivamente desaproveitado. Só no final do ano passado é que passou a ser possível a sua cedência, mas em condições pré-determinadas que pressupõem sempre um modelo de rentabilização e uma contrapartida financeira. Para já, o que fiz foi perguntar qual o valor em caso de alienação ao município, para perceber qual o investimento que estamos a falar. Quanto à ocupação propriamente dita, o espaço tem um enorme potencial, e a ideia é voltar aos contactos já estabelecidos com algumas entidades acerca deste assunto, sem descurar a possibilidade de parcerias com as nossas associações locais, uma vez que o espaço comporta várias atividades em simultâneo.

Neste último ano do seu segundo mandato autárquico, enquanto presidente da Câmara Municipal do Cadaval, considera que foram atingidos os objetivos a que se propôs junto do eleitorado?
Costumo dizer que devo ser o único presidente de Câmara do país que não falha aos seus compromissos eleitorais, porque não apresentei nenhum. Apresentei linhas orientadoras para as quais trabalho todos os dias com a minha equipa, e tenho a sensação que existe um bom acolhimento por parte da população ao trabalho realizado.Tudo o que fazemos em matéria de obras e melhoramentos é sempre em estreita ligação com todas as juntas de freguesia; na área social e cultural, ouvimos sempre as nossas associações e parceiros, portanto é fácil trabalhar com a câmara, porque estamos cá para servir as pessoas e ir ao encontro daquilo que entendem que é verdadeiramente necessário.Não deixa de ser curioso que, praticamente metade deste mandato, tenha sido levado a gerir a atividade normal da autarquia mais uma pandemia que ninguém tinha avisado que aí vinha, o que tem levado a um esforço acrescido de toda a equipa municipal, mas julgo que também nessa matéria temos estado a corresponder.

É sua intenção recandidatar-se nas próximas eleições?
É uma possibilidade que estou a ponderar e que terei oportunidade de anunciar quando for o tempo próprio. Autarca garante estar disponível para “acelerar qualquer projeto de investimento que nos seja proposto, desde que obviamente seja sustentável do ponto de vista social e ambiental”.

 

“Queremos que o Montejunto integre projeto que visa uma candidatura à Unesco”

A Câmara do Cadaval quer aderir à Associação Geoparque Oeste, com Alenquer, juntando-se assim a cinco municípios da região: Bombarral, Lourinhã, Óbidos, Peniche e Torres Vedras. Trata-se do primeiro passo para a candidatura do Geoparque Oeste – Terras do Jurássico a Geoparque Mundial da Unesco.

A Câmara Municipal do Cadaval decidiu recentemente juntar-se à Associação Geoparque do Oeste. O que espera obter para a edilidade com esta adesão?
Não é exatamente assim. O que aconteceu foi que a Câmara Municipal foi convidada para aderir ao projeto, que achamos interessante, mas entendeu que só fazia sentido aderir dando enfoque ao património que urge valorizar, que é a Paisagem Protegida da Serra de Montejunto. Por isso mesmo e porque temos uma associação de municípios com o Município de Alenquer para gerir a Serra de Montejunto em parceria, quem irá aderir, com o “patrocínio” dos municípios, será a AMAC, ou seja, a associação que gere a Serra de Montejunto.

E o que pode mudar?
Pretendemos que a Serra de Montejunto não fique de fora de um projeto de valorização patrimonial de âmbito internacional que visa uma candidatura à Unesco que, a concretizar-se, dará notoriedade global àquele património natural único, potenciando vários setores, nomeadamente o turístico.

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