Dragagens na Lagoa deverão terminar na próxima semana

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O passeio, de cerca de duas horas, permitiu ver in loco o quanto se encontra assoreada a parte da lagoa que agora não foi intervencionada

Fazer uma viagem de bateira pela Lagoa de Óbidos, juntamente com os técnicos do INAG e da empresa Sofareias (que está a proceder à empreitada de dragagens) foi a proposta do Conselho da Cidade para um melhor conhecimento daquele ecossistema e chamar a atenção para os problemas que atravessa.
Pouco passava das 16h30 de quarta-feira, quando um grupo de 12 pessoas (constituído pelos dois técnicos, elementos do Conselho da Cidade, um habitante local e jornalistas) começou a viagem, de perto de duas horas, pela lagoa. O Braço do Bom Sucesso foi um dos locais visitados, o que já não aconteceu com o da Barrosa, devido ao assoreamento de que é alvo, e que impossibilitou a embarcação de navegar para as proximidades do Nadadouro. A visita incluiu ainda uma passagem pela zona da aberta onde decorrem os trabalhos finais da dragagem de emergência, que deverão estar terminados na próxima semana.
De acordo com André Guerreiro, da Sofareias (Sociedade Farense de Areias) a obra, que era para ter terminado em meados de Abril, acabou por se arrastar devido à migração da barra para sul, consequência das correntes marítimas. “Neste momento estamos a executar novamente trabalhos na zona que já tinha sido dragada”, explicou o responsável, acrescentando que neste momento já só estão a trabalhar duas dragas e 12 funcionários no espaço junto à aberta.
A visita foi acompanhada por João Caldas, residente na Foz do Arelho e elemento da Associação dos Amigos da Lagoa de Óbidos, fundada em 1976. O ambientalista tem algumas reservas relativamente às dragagens de 350 mil metros cúbicos de areia na lagoa com o objectivo de garantir a permanência da aberta na zona central do cordão dunar, realçando que este “irá perder-se” devido à movimentação das marés.

Neste momento apenas duas dragas e 12 funcionários da Sofareias permanecem no local para terminar os trabalhos

João Caldas defendeu a necessidade “imperiosa” de dragagens na zona a montante, nas cabeceiras da Lagoa, que é onde se regista um maior assoreamento.
No que respeita à pesca, o ambientalista lamentou a falta de coesão entre os pescadores, acrescentando que as “mais-valias desta lagoa estão nas rias galegas para onde levam os bivalves ainda pequenos e onde depois se reproduzem”. Defende, por isso, a criação de viveiros na Lagoa, que poderão ajudar a criar riqueza económica para os cerca de 150 trabalhadores que dali tiram o seu sustento. O espelho de água poderá também ter um maior aproveitamento lúdico e desportivo.
Artur Domingos, do Conselho da Cidade, enfatizou as potencialidades “extraordinárias” da Lagoa para a realização de eventos ligados à água, dando o exemplo do que foi feito pelo concelho de Peniche com a organização do campeonato de surf que atrai às suas praias desportistas de todo o mundo.
Maria Júlia Carvalho, presidente do Conselho da Cidade, explicou que com esta iniciativa pretenderam fazer uma chamada de atenção para os problemas da Lagoa e reflectir sobre o que poderá ser feito para preservar as suas condições naturais, assim como a sua potenciação do ponto de vista turístico e ambiental.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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Passeio pedestre ao longo da Lagoa
O Conselho da Cidade está a organizar um passeio pedestre ao longo da lagoa de Óbidos para amanhã, 9 de Junho. A concentração terá lugar junto ao cais, pelas 10h30, devendo o passeio ter uma duração aproximada de uma hora.
A caminhada será comentada por João Caldas que, de acordo com a organização, “prestará valiosa informação sobre este importante espaço aquático”.
Os interessados em obter mais informações poderão contactar o Conselho da Cidade através do e-mail conselhocidade@gmail.com

F.F.

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