Desde Agosto do ano passado que Greta Thunberg, de 15 anos, faltou às aulas à sexta-feira, para se sentar em frente ao Parlamento sueco para chamar a atenção contra as alterações climáticas. Inspirados na sua mensagem, milhares de jovens por todo o mundo manifestaram-se no passado dia 15 de Março. Caldas não ficou de fora deste protesto global, com cerca de 20 jovens da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro a faltar às aulas para se manifestar em Lisboa. Já os alunos da D. João II fizeram uma acção de sensibilização, apoiada pela direcção da escola.
Andreia Galvão, de 19 anos e finalista na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, foi uma entre milhares de jovens que participou na marcha em Lisboa contra as alterações climáticas. Com ela estavam mais de 20 colegas da mesma escola, que partiram de manhã no Expresso rumo ao Largo de Camões para, a partir daí, marcharem juntos até à Assembleia da República, envergando cartazes e proferindo palavras de ordem pela defesa do clima. “Foi a maior manifestação em que já estive”, contou a jovem estudante à Gazeta das Caldas. A também presidente da Associação de Estudantes da Bordalo Pinheiro faltou às aulas durante a manhã e, embora realce que não gosta de faltar, considera que a causa justifica-o. Entende que esta manifestação pode ter sido o início para que os jovens comecem a mobilizar-se mais e defende que “é muito importante que se fale do ambiente pois isso é falar dos problemas de todos nós”.
Para Andreia Galvão, é fundamental que haja acções pós greve, estando os jovens e delinear o que pretendem agora fazer. Uma medida possível será a participação numa Assembleia Municipal para alertar para esta problemática. Por outro lado, a jovem activista considera que “há muita falta de comunicação entre a Câmara e os jovens”. Espera que esta situação possa ser alterada e que a autarquia colabore com eles nesta luta, promovendo debates abertos sobre o estado do planeta.
Numa carta que remeteram para a autarquia, os jovens pedem que esta impulsione as escolas a dar visibilidade a este problema e que abra caminho para a apresentação de soluções.
A missiva refere que as alterações climáticas são a maior ameaça desta era e que são os jovens que irão sofrer as suas consequências. “Para evitarmos a catástrofe climática, medidas mais sérias e urgentes necessitam de ser implementadas e não somente intenções de acção, que continuamente priorizam os interesses económicos aos ambientais”, dizem os jovens. Exigem ao governo a proibição da exploração de combustíveis fósseis em Portugal e que a meta para a neutralidade carbónica seja reduzida para 2030, e não 2050, como previsto. Defendem também a expansão das energias renováveis, nomeadamente da solar, e que a produção eléctrica seja totalmente assegurada por energias renováveis até 2030.
Entre as suas preocupações estão ainda o encerramento das duas centrais eléctricas a carvão (a de Sines e a do Pego) e o melhoramento do sistema de transportes públicos.
300 alunos concentraram-se na D. João II
Na Escola D. João II os alunos juntaram-se numa acção de sensibilização pela defesa do planeta. Pouco antes do meio-dia, juntaram-se no pátio da escola cerca de 300 alunos, do 5º ao 9º ano, munidos de cartazes onde apelavam ao fim das alterações climáticas. A iniciativa foi despoletada por Isabel Vidigal, de 12 anos e estudante no 7º ano e envolveu colegas, professores e a direcção da escola. “Aplaudo a iniciativa e denoto nos nossos alunos uma grande preocupação ao nível do ambiente” disse Fernanda Barahona, presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas D. João II.
Isabel Vidigal conta que estava a ver a rede social Instagram e descobriu imagens da adolescente sueca Greta Thunberg e ficou impressionada. Teve conhecimento da manifestação, a nível mundial, e pensou que seria “interessante fazer um projecto na escola para todos poderem salvar o planeta”, disse, acrescentando que, juntamente com colegas, fez apresentações por várias turmas para passar a mensagem que “juntos conseguimos e que mesmo sendo pequenos e novos podemos ter um papel importante no planeta”, defendeu.
Com a aluna esteve, desde o primeiro momento, a professora de Fisico-Quimica e coordenadora dos projectos na escola, Maria Alexandre, que incentivou os alunos a manifestar-se pelas suas convições. “Muitas vezes os alunos sabem que se deve fazer alguma coisa, mas não agem e é o agir que tem que começar a ser implementado”, afirmou.
A adolescente Isabel Vidigal ainda não tem ideia do que quer ser no futuro, mas a causa ambiental é-lhe muito cara. “É o sitio [planeta Terra] onde vivemos e temos que o conservar”, disse a aluna que envergava um colete com a inscrição “Repórter pelo Ambiente”.
Gazeta das Caldas contactou as outras escolas caldenses, que informaram que não houve alterações ao normal funcionamento.