Com quase 30 mil visitantes, o Festival do Vinho e a Feira da Pêra Rocha constituíram um momento alto da animação de Verão no Oeste e são eventos hoje perfeitamente consolidados, apesar da componente do vinho se ter retraído para uma representação meramente regional. A qualidade dos vinhos, porém, está em crescendo e o festival é uma excelente oportunidade para provar e comprar vinhos com uma boa relação qualidade-preço. Na animação brilharam os Deolinda.

Chama-se Festival do Vinho Português mas a maioria dos expositores deste sector são locais ou regionais. No entanto, a qualidade dos vinhos tem vindo a aumentar e descobrem-se verdadeiros achados mesmo nos produtores menos conhecidos. Por outro lado, a relação qualidade-preço tem vindo a aumentar ainda mais porque, embora não se encontrem muitos vinhos de topo, há uma boa oferta de vinhos de qualidade com preços surpreendentemente baratos.
Ainda assim, o Festival do Vinho para ser verdadeiramente português, tem de fazer um esforço para captar expositores de outras regiões, ou então assumir definitivamente que é um festival regional. É que dos 24 stands de vinhos presentes, 18 eram da região Oeste e quase todos num raio de 30 quilómetros em redor do Bombarral. Do resto do país estiveram apenas alguns vinhos do Alentejo, um do Minho, outro da Beira Interior e outro ainda dos Açores. Um festival do vinho que se pretenda nacional não pode ter ausentes produtores do Douro, do Dão, ou da Bairrada. Este ano nem sequer o pavilhão do Vinho do Porto esteve presente. Isto num evento que é visitado também por muitos estrangeiros e luso-descendentes, tendo em conta a grande quantidade de emigrantes que está de férias na região.
De acordo com o município do Bombarral, que foi a entidade organizadora, o Festival do Vinho e da Pêra Rocha, que se realizou entre 2 e 7 de Agosto na mata municipal, foi visitado por cerca de 30 mil pessoas, o que dá uma média de 5.000 visitantes por dia.
O concurso de vinhos, em prova cega, que se realiza todos os anos, reflecte nas marcas premiadas o forte pendor regional do evento. Ganharam, nos vinhos leves, o Mundus branco da Adega Cooperativa da Vermelha, nos brancos o Da Franca (Alenquer) e nos tintos o Lote 44 (Arruda dos Vinhos).
Para Eduardo Hernandez, um andaluz que já é visita habitual no Festival, o evento deste ano continua na mesma linha dos anteriores no que diz respeito a dimensão e organização, mas nota que a qualidade dos vinhos tem vindo a melhorar. Procurando fazer coincidir as suas férias com a data deste festival, ele próprio acabou por comprar 35 garrafas de vinho que levou para Sevilha.
A par do 33º Festival do Vinho, que é o evento âncora, decorreu também a 23ª edição da Feira Nacional da Pêra Rocha que este ano foi prejudicada pelo facto da apanha deste fruto estar atrasada devido às condições atmosféricas especialmente adversas deste Inverno e Primavera.  É, contudo, de registar, a grande participação de produtores de doces, licores e outros produtos baseados na pêra Rocha e que têm vindo a alargar o cluster deste fruto na região.
Obviamente, tratando-se de dois produtos agrícolas – vinha e pêra – o evento anual bombarralense contou com a participação de várias marcas de máquinas e alfaias agrícolas.
No plano recreativo, destaque para os Deolinda, os West Europe Orchestra e Carminho, cujos espectáculos se realizaram nos dois dias em que o certame recebeu mais visitantes. Ao espectáculo dos Deolinda assistiram 2000 pessoas no anfiteatro municipal, um bonito espaço ao ar livre por detrás do Palácio do Gorjão, que costuma encantar os próprios artistas que ali actuam.
A fórmula de comprar o copo (3 euros) e percorrer o certame a provar os vinhos é a receita de sucesso deste evento. As entradas custavam dois euros, mas nos primeiros dias só havia uma bilheteira, o que motivou algumas filas de espera. As casas de banho da mata municipal, dada a forte a pressão a que estão sujeitas nos dias do festival, deveriam ser alvo de limpezas periódicas durante a própria noite, tal como, aliás, já acontece durante as tasquinhas na Expoeste, nas Caldas da Rainha.
O evento, que coincide com a vinda dos emigrantes durante as férias de Verão, é o momento de encontro para muitas famílias e amigos e um dos pontos altos da animação oestina durante o mês de Agosto.

Os vinhos premiados

Para apreciar os 49 vinhos a concurso, que teve a orientação do enólogo José António Fonseca, constituiu-se um painel de provadores formado pelos enólogos Nuno Galvão (Adega Cooperativa da Vermelha), Miguel Móteo (Companhia Agrícola do Sanguinhal), Jorge Páscoa e Manuel Botelho (Associação Portuguesa de Enologia), Pedro Clímaco e Sara Canas (Estação Vitivinícola de Dois Portos), Manuel Peixoto (Associação de Escanções de Portugal), Luís Fernando Ezequial (Comissão Vitivinícola Regional de Lisboa), Joana Lopes, Rafael Neupath, Lisete Lucas e João Melícias (enólogos convidados).

1º Prémio – MUNDUS (branco) – 2015
Adega Cooperativa da Vermelha C.R.L.
2º Prémio– MUNDUS (rosado) – 2015
Adega Cooperativa da Vermelha C.R.L.
3º Prémio – SÔTTAL (branco) – 2015
Companhia Agrícola do Sanguinhal Lda.

Vinhos Brancos IG – Identificação Geográfica
1º Prémio – DA FRANCA 2012 – Regional Lisboa
Nuno da Franca Ribeiro
2º Prémio – MUNDUS 2015 – Regional Lisboa
Adega Cooperativa da vermelha C.R.L.
3º Prémio – ADEGA DE PEGÕES (colheita  seleccionada 2015) – Regional Península de Setúbal
Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões C.R.L.

Vinhos Tintos IG – Identificação Geográfica
1º Prémio – LOTE 44 – Colheita de 2015 – Regional Lisboa
Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos C.R.L.
2º Prémio – MONTE JUDEU (Touriga Nacional/Cabernet) 2015
Regional Lisboa – Adega Coop. De Dois Portos, C.R.L.
3º Prémio – ADEGA DE PEGÕES – Touriga Nacional 2011 – Regional Península de Setúbal
Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões C.R.L

Vinhos Brancos DOP – Denominação de Origem Protegida
1º Prémio – QUINTA DAS PEREIRINHAS 2015 (Alvarinho Superior) – D.O.C. Monção e Melgaço
Quinta das Pereirinhas Lda. – Melgaço
2º Prémio – ALMA VITIS 2014 – D.O.C. Torres Vedras
Adega Cooperativa de S. Mamede da Ventosa C.R.L.
3º Prémio – CONDADO DE ALENQUER 2013 – D.O.C. Alenquer
Adega Cooperativa da Labrugeira C.R.L.

Vinhos Tintos DOP – Denominação de Origem Protegida
1º Prémio – QUINTA DE S. FRANCISCO 2013 – D.O.C. Óbidos
Companhia Agrícola do Sanguinhal Lda.
2º Prémio – FONTANÁRIO DE PEGÕES (Reserva 2013) – D.O.C. Palmela
Coop. Agrícola de Sto. Isidro de Pegões C.R.l.
3º Prémio – ALMA VITIS 2012 – D.O.C. Torres Vedras
Adega Coop. de S. Mamede da Ventosa C.R.L.
3º Prémio – BRIDÃO (Syrah 2015) – D.O.C. do Tejo
Adega Cooperativa do Cartaxo C.R.L.