Filomena Mourinho é caldense, vive em Serpa e regressou à sua terra natal a 23 de Março para apresentar o seu livro Abraçar a Dor no Museu do Hospital e das Caldas. Quando descobriu que sofria de fibromialgia, Filomena Mourinho decidiu não se deixar abater por esta doença. E explica como neste seu primeiro livro.
Filomena Mourinho é uma força da natureza. Lecciona Inglês na escola secundária de Serpa, é formadora e é voluntária numa Academia Sénior. Gosta de cozinhar de dançar e é uma das docentes mais activas que leva os seus alunos a viverem experiências através do programa Erasmus
Durante a sessão de apresentação do seu livro, no Museu do Hospital, afirmou que a doença “foi só uma desculpa para escrever o meu primeiro livro”. E isto porque quando a doença lhe foi diagnosticada há sete anos, se apercebeu que só existia um livro sobre fibromialgia, escrito em português, pela jornalista Maria Elisa Domingues e ficou muito desanimada. “Reportava tudo o que ela tinha deixado de fazer por causa da doença”, disse a caldense, que arregaçou as mangas e pôs-se a escrever o livro que gostaria de ter lido quando soube que tinha a doença. Comprou livros estrangeiros que a colocaram a par do que podia fazer em relação à fibromialgia e de que forma poderia menorizar os efeitos daquela enfermidade. “Sou mais activa agora do que antes da doença”, contou a autora, que foi sempre contra o facto dos profissionais de saúde medicarem fortemente estes doentes “até ficarem letárgicos”.
Como tal, Abraçar a Dor “é um guia de opções”, disse Filomena Mourinho. Nesta sua obra, a caldense explica que é tudo uma questão de escolha. Tem muito cuidado com a sua alimentação, tendo cortado com o glúten e com a lactose. Vai três a quatro vezes por semana ao ginásio e também não rouba horas ao sono.
“No fundo é um livro que relembra o que já sabemos sobre as melhores práticas para nos mantermos saudáveis”, disse a caldense, que também sabe quando deve parar e descansar quando a doença assim a obriga.
Mas nem sempre nem nunca! “Tenho que dizer ‘não’ ao meu corpo várias vezes”, referiu a autora, que não se deixa abater e aprendeu a aceitar a dor e arranjar estratagemas para a suportar melhor.
SER FELIZ DÁ MUITO TRABALHO

“Somos autores das nossas vidas e não podemos deixar que a doença seja uma desculpa para deixarmos de viver”, afirmou, acrescentando que “ser feliz dá muito trabalho”.
Filomena Mourinho gostou de vir à sua terra natal apresentar o livro. “Foi muito reconfortante”, disse, explicando que sentiu “o dever cumprido” pois há muito que queria oferecer à cidade algo que tivesse construído.
Questionada sobre qual a mensagem que queria deixar a quem tem fibromialgia, a caldense afirmou que em primeiro lugar lhes deseja coragem e que não devem aceitar a primeira receita que lhes for passada. Sabe que, por causa dos elevados graus de dor, é necessário recorrer a fármacos, mas com a sua experiência já confirmou que com um regime de vida saudável é possível viver com medicações mais baixas. Por último, recomenda-lhes a leitura de Abraçar a Dor.
Filomena Mourinho já está a trabalhar num segundo livro, este sobre sucesso escolar que será lançado até ao final do ano. A apresentação de Abraçar a Dor foi uma iniciativa do Clube Soroptimist Internacional das Caldas.