As fortes chuvadas que se fizeram sentir nas Caldas da Rainha na passada segunda-feira, 22 de Setembro, provocaram dezenas de inundações e lançaram a confusão no trânsito em algumas zonas da cidade.
Foi na Cidade Nova que os maiores estragos se fizeram sentir, com a água a invadir garagens e a causar prejuízos de milhares de euros. Alguns dos habitantes foram partilhando através das redes sociais algumas fotografias e vídeos da enxurrada, questionando-se como seriam capazes de sair de casa.
O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, revelou que, segundo os dados recolhidos pelo delegado municipal da Protecção Civil, na segunda-feira registaram-se valores de precipitação de 21 milímetros. Quer isto dizer que num determinado período de tempo e num dado local, caíram 21 litros de chuva numa área de 1 metro quadrado.
“Foi o maior valor registado nos últimos sete anos nas Caldas”, salientou, referindo que “nenhuma cidade está preparada para esta quantidade de água num curto período de tempo”.
Mesmo assim, relativamente a situações como as que ocorreram na Cidade Nova (que ocasionalmente acontecem durante o inverno), Tinta Ferreira garante que estão a ser estudadas intervenções que possam garantir que aquela zona urbana esteja melhor preparada para enfrentar estes imprevistos.
Sobre a inundação em volta da nova rotunda em frente à estação da CP, o autarca explicou que ainda falta colocar mais uma camada de betuminoso na estrada, o que deverá acontecer a 13 de Outubro quando for retirado daquela zona o estaleiro de apoio à obra do parque de estacionamento subterrâneo em frente aos Paços do Concelho.
Por outro lado, o edil caldense referiu que em relação ao centro histórico pareceu-lhe que as obras que têm vindo a ser realizadas no âmbito da regeneração urbana tiveram alguns resultados porque “não houve as habituais inundações junto à estátua da Rainha” e noutros pontos sensíveis.
Bombeiros acorreram a 35 chamadas num dia
Durante a segunda-feira os bombeiros caldenses foram chamados a 35 ocorrências (24 de manhã e 11 à tarde), a maior parte das quais por causa de garagens inundadas (16) na Cidade Nova, em Salir do Porto e na Quinta da Cutileira.
Na passagem desnivelada sob a linha férrea do largo da Vacuum um ligeiro de passageiros e um carro de socorro dos bombeiros ficaram retidos, em momentos diferentes, devido à água que ali se acumulou. Neste caso o problema não foi a falta de escoamento, mas sim a falha de energia eléctrica (que se verificou em toda a cidade) e que impediu a bomba de fazer a drenagem das águas pluviais.
Segundo Tinta Ferreira, a autarquia pretende fazer uma ligação a um gerador de forma a que aquela bomba não esteja dependente da energia eléctrica para funcionar.
Houve ainda a registar a queda de um muro em Salir do Porto e de outro no Avenal. Para além disso, os bombeiros deslocaram-se ainda a várias rotundas na cidade que ficaram inundadas e a algumas ruas na Foz do Arelho.
Nas ruas Coronel Leonel Sotto Mayor e Coronel Andrada Mendonça surgiram buracos de média dimensão no asfalto e no passeio, respectivamente.
Testemunhas terão visto um raio cair em Salir do Porto, durante a forte trovoada da madrugada, mas segundo o comandante dos bombeiros das Caldas, Nelson Cruz, não havia nenhum sinal desse fenómeno.
Desalojados na Lourinhã
Na Lourinhã a chuva de segunda-feira à tarde causou maiores estragos, isolando o centro da vila durante algumas horas, tendo cinco pessoas (incluindo uma criança) ficado desalojadas depois das suas habitações terem ficado inundadas.
A Câmara da Lourinhã já providenciou alojamento temporário para as três famílias e tem estado a realizar reuniões de emergência para fazer face à situação.
De acordo com um comunicado da autarquia, “no terreno foi empenhado todo um conjunto de meios humanos e materiais para fazer face às múltiplas ocorrências, com a deslocação de mais de uma centena de homens e perto de 40 veículos e máquinas para o teatro de operações”. Estão envolvidos 90 bombeiros e 24 viaturas da região de Lisboa, duas motobombas de grande potência para a escoamento de água nas casas inundadas, para além de duas viaturas da GNR e diversos meios das Estradas de Portugal.
“Constatou-se que este fenómeno climático extremo (tromba de água, intensa e concentrada), no período aproximado de uma hora e meia, comprometeu, temporariamente, o sistema de drenagem pluvial”, explicaram as autoridades municipais.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt