A oitava tertúlia da ACCCRO teve o comércio como tema central. Oradores concluíram que é necessário mais planeamento e estratégia
A Casa dos Barcos acolheu, a 27 de agosto, a tertúlia “A importância dos municípios no desenvolvimento do comércio das cidades”, promovida pela Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste (ACCCRO).
O primeiro orador foi o antigo presidente, Fernando Costa. Na sua opinião, as Caldas “vive o pior momento da sua história pois será dramático para todos se o hospital sair das Caldas”. Acrescentou ainda que cabe ao município criar as infrastruturas para comerciantes, para quem cá mora e para quem nos visita como, por exemplo, na criação de parques de estacionamento. O antigo presidente deu ainda a conhecer que são 600 as lojas que existem por todo o concelho caldense. Por seu lado, a investigadora Margarida Araújo chamou a atenção para o facto de existirem lojas caldense que deveriam pertencer ao roteiro de Lojas com História e ainda se questionou se “serão mesmo necessárias 14 grandes superfícies nas Caldas da Rainha?”.A convidada sublinhou a importância de salvaguarda e até de classificação das fachadas de cerâmica de várias lojas locais.
O arquiteto Ovídio Dinis referiu que é necessário apoiar o comércio local e diminuir as burocracias que são necessárias para os comerciantes poderem exercer a sua atividade. Partilhou que não tem no seu escritório de arquitetura impressora pois faz questão de ir à Vogal imprimir documentos que necessita. Por seu lado, o arquiteto José Pereira da Silva acha que se perdeu a identidade caldense que antes atraía gente da região alargada. E lamenta, por exemplo, que não haja elementos da doçaria local nas ementas dos restaurantes locais. “É preciso recuperar o gosto de ser caldense”, afirmou. E deixou um conselho ao município para que “ouça os jovens, que estão a dirigir associações e que também têm uma palavra a dizer sobre o que querem da sua cidade”.
José Luís Almeida Silva, diretor da Gazeta e responsável da Associação Cidades e Vilas de Cerâmica, defende que as Caldas terá que definir o seu foco e também salientou a necessidade de instalar sinalética local, estacionamento e também investir na imagem da cidade. Defendeu também a realização de eventos no centro da cidade, “próximo do comércio, das empresas e das pessoas”.
O presidente da Junta na União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto, João Lourenço, abordou a realização de um evento desportivo de Triatlo que se realizou em Salir do Porto que atraiu 500 atletas e suas famílias “tirando partido dos nossos recursos naturais e que contribuíram para a economia local”. Nicola Henriques,responsável pelo projeto Silos Contentor Criativo colocou a tónica na necessidade de apoiar quem pretende fixar-se na região. Também deu a conhecer que as Caldas terá que ter a capacidade de atrair de novo os seus jovens que vão formar-se fora e que só pontualmente regressam à terra natal. Defendeu também a constituição de equipas multidisciplinares destinadas a pensar o próprio território e os caminhos a seguir. O empresário Rui da Bernarda deu a conhecer que a Mercearia Pena mantém clientes de região – desde Santarém até Rio Maior – e sublinhou a necessidade “de planeamento e de estratégia do que se quer para a cidade”. Na sua opinião, as Caldas deixou-se ultrapassar por localidades vizinhas, apesar de “termos o que é preciso para vingarmos no futuro, num cenário de mudança permanente”.
O presidente da Câmara, Vitor Marques, crê que a cidade tem várias áreas que a valorizam e ainda acrescentou que “continua a luta pela permanência do hospital cá”. Deu também a conhecer que, em breve, será apresentado o masterplan relativo ao termalismo que terá em conta o comércio local.
Na hora da participação do público, José Batista – trabalhou vários anos na Feira dos Frutos- chamou a atenção para a falta de dimensão nacional da edição deste ano onde nem sequer marcou presença nenhum elemento do Governo.