Hortas Urbanas já têm oito anos e mais de 80 utilizadores

0
494
Coordenador da comissão das Hortas Urbanas, Bruno Milhanas, ladeado por José Gomes e Norberto Cunha, ambos utilizadores do espaço desde 2016

Os talhões estão todos ocupados e há lista de espera para novos utilizadores. As hortas urbanas, resultado do Orçamento Participativo de 2013 e implementado em 2016, são um projeto consolidado e vencedor

Situadas às portas da cidade, a Oeste, as hortas urbanas permitem aos seus utilizadores terem sempre produtos frescos em casa, mas são também um espaço de convívio.
Com 83 anos, António Silva, é o utilizador mais velho das hortas, mas também um dos mais assíduos. Normalmente, chega pelas 10h00 e permanece até à hora de almoço, regressando à tarde, até às 19h00, para mais umas horas de cultivo, mas também de convívio com os vizinhos. No seu talhão cultiva um “bocadinho de tudo” e de forma biológica.
“São precisas duas coisas para cultivar as hortas: dedicação e amor às plantas”. A lição é dada por António, que reúne ambas as qualidades, como o comprovam as plantações do seu talhão, cujos frutos depois consome em casa e, por vezes, partilha com amigos.
As sementeiras são feitas consoante as épocas do ano mais propícias e com bons resultados. O antigo empregado bancário, natural da Serra da Estrela, não utiliza adubo, mas sim a cinza para desinfetar a terra e afugentar a bicharada, e caruma petrificada como fertilizante.
Atualmente com 78 anos, José Gomes, foi dos primeiros utilizadores das Hortas Urbanas, tendo-lhe sido atribuído o talhão 7. Tinha-se reformado há pouco tempo e, como os seus dias de trabalho como camionista do internacional eram longos, queria ter alguma coisa para fazer. Inscreveu-se e, desde 2016, que faz a sua produção própria de tomate, batata doce, couves, meloas, melancias, batata, alfaces, coentros, salsa e espinafres, entre outros. Os conhecimentos de agricultura vêm-lhe de acompanhar o avô, em criança, na aldeia, mas também de ver como os vizinhos fazem. Costuma ir para a horta de manhã e à tarde e, nem durante a pandemia, deixou de visitar o local, fazendo caminhadas por aquela zona.

António Silva, de 83 anos, junto do seu talhão, onde cultiva diversos alimentos

No talhão de Norberto Cunha há tomate, feijão verde, alfaces, abóboras, pepinos, pimentos, salsa… “um bocadinho de cada coisa. É a natureza quem manda…”, conta o utilizador, fazendo notar que, como não utilizam pesticidas, por vezes as plantações não resistem às pragas.
Também ele está nas hortas desde 2016. “As minhas raízes estão na agricultura e gosto de plantar, ver crescer e colher os frutos. E como não usamos químicos é tudo mais saboroso”, diz, realçando que uma alface das que produz aguenta vários dias, viçosa, no frigorífico. A camaradagem entre vizinhos é outro ponto positivo, destaca, dando nota do espaço comum que possuem para fazer piqueniques.

Várias nacionalidades
Utilizador desde março, onde é responsável pelo talhão 51, Bruno Milhanas é também, atualmente, quem coordena a comissão de gestão (acompanhado por António Gonçalves, Luísa Garcia, Norberto Cunha e Abdul Guibá) fazendo a ponte com a Câmara das Caldas, que é a responsável pelo projeto.
Os 84 talhões existentes encontram-se todos ocupados e há lista de espera. Destes, 10 estão destinados a munícipes carenciados e existem ainda dois talhões atribuídos a associações. Há os espaços comuns, como a churrasqueira, que podem usar para confraternizações, mas também uma estufa, um pomar e um furo, de onde é retirada a água que as pessoas podem utilizar para regar as suas culturas. Os utilizadores, que pagam uma mensalidade de 10 euros, têm ainda direito a ferramenta, bem como o dever de respeitar as normas.
Chineses, brasileiros, angolanos, ingleses e holandeses estão entre os utilizadores e essas nacionalidades também se refletem na diversidade de cultivo dos alimentos.
Quando apresentou o projeto de candidatura à coordenação das hortas, Bruno Milhanas propôs a abertura do espaço aos jardins de infância e aos utentes dos lares de idosos.

As Hortas Urbanas são compostas por 84 talhões, com cerca de 30 metros quadrados cada um e há espaços comuns para os utilizadores

Estão também a preparar um protocolo com o Colégio Rainha D. Leonor, situado em frente às hortas, para atribuir um talhão ao jardim de infância. É ainda objetivo do atual coordenador a possibilidade de estabelecer intercâmbios com hortas de outras cidades.
No próximo dia 31 vão fazer um piquenique nas hortas, apoiado pelo município, para o qual já têm cerca de 80 pessoas inscritas. Este convívio é feito normalmente por altura do aniversário, em junho, mas este ano foi adiado devido às eleições. ■